O estado do Pará realizou no primeiro semestre deste ano 114 transplantes, resultado do trabalho de identificação de doadores na região, que somaram 18 no período, alcançando o índice de 4,2 doadores por milhão de habitantes. O número coloca o estado como o 13º em número de transplantes em todo o Brasil e o 1º lugar em toda a Região Norte. Ana Beltrão, coordenadora da Central de Transplantes da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa), explica que o estado realiza hoje transplantes de córnea, rim e medula óssea autólogo. Atualmente há 1.114 pessoas aguardando o transplante de córnea e 468 um transplante de rim. Em 2016 registrou-se um aumento de doação de rins, com a realização de 30 transplantes, ou seja, cinco a mais comparado com o mesmo período do ano passado (primeiro semestre), quando foram efetivados 25 procedimentos. Também houve aumento no número de doadores de córnea, que passaram de 24, em 2015, para 37 no primeiro semestre deste ano.
De acordo com a Central de Transplantes, apesar do aumento, esse é um quantitativo considerado ainda baixo, pois é preciso suprir a demanda de pacientes em lista de espera no estado. Assim, é necessário urgentemente elevar do número de doações de córnea. No total, o Pará alcançou a marca de 4,2 doadores de múltiplos órgãos por milhão de habitantes neste primeiro semestre de 2016 - contra 2,8 em 2015 -, sendo que a meta é chegar a cinco por milhão. Atualmente no Pará, a recusa das famílias chega a 49%, percentual maior que o registrado em 2015, quando esse número não ultrapassava 41%. Isso quer dizer que quase metade das famílias ainda rejeita a doação de órgãos de um parente com diagnóstico de morte encefálica.
Segundo o secretário estadual de Saúde, Vítor Mateus, os números divulgados pelo Ministério da Saúde retratam o desenvolvimento da política de transplantes no estado. "Estamos aumentando gradativamente o número de transplantes no estado e pretendemos elevá-lo ainda mais", disse o secretário. Em outubro, segundo Mateus, o Hospital Regional de Santarém deverá colocar em funcionamento a sua unidade de transplantes, inicialmente com procedimentos envolvendo rins e córneas. "A partir daí, mais transplantes deverão ser realizados, ampliando a participação do Pará nos rankings regional e nacional. Vítor Mateus pediu às famílias que se conscientizem quanto à importância de externar, quando do falecimento de parentes, a intenção destes em doar órgãos.
O Ministério da Saúde lançou nesta semana a campanha nacional de doação de órgãos no espaço Casa Brasil, no Rio de Janeiro. Com o slogan “Viver é uma grande conquista. Ajude mais pessoas a serem vencedoras”, a campanha é estrelada por atletas transplantados em alusão aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. A divulgação marca o mês de comemoração do Dia Nacional da Doação de Órgãos (27 de setembro). A iniciativa busca estimular a prática da doação e ampliar o número de transplantes no país.
No primeiro semestre deste ano, o Brasil registrou 1.438 doadores por milhão de habitantes, 7,4% a mais que no mesmo período de 2015 e um recorde nacional. Essas doações possibilitaram a realização de 12.091 transplantes entre janeiro e julho, resultando em um aumento nos procedimentos que envolvem órgãos mais complexos, como pulmão (31%), fígado (6%) e coração (7%), respectivamente. Embora o país tenha avançado muito nos últimos anos, a taxa de aceitação familiar foi de 56% nesse mesmo período.
Atualmente, 89% dos transplantes de órgãos sólidos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tornando o país referência mundial nesse campo e maior sistema público do mundo. “Um dos nossos principais desafios atualmente é diminuir a taxa de recusas familiares à doação. A família brasileira é solidária por natureza e precisa ser bem informada e acolhida em momentos dolorosos, como a perda de um ente querido. É preciso mostrar que essa perda pode significar a vida de outra pessoa, e por isso estamos empreendendo todos os esforços necessários para capacitar os profissionais responsáveis pela entrevista familiar em busca da autorização para doação de órgãos, de modo a esclarecer todas as dúvidas e reduzir as taxas de recusa”, destacou o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo.
