Foto Ascom/Susipe |
Detentos custodiados nas unidades
prisionais do Pará iniciaram esta semana uma preparação intensiva voltada ao
Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL)
2016. As aulas do Pro Enem, realizadas em parceria entre a Superintendência do
Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) e a Secretaria de Estado de Educação
(Seduc), ocorrem em 20 municípios e focam no conteúdo específico da prova
organizado pelas áreas de conhecimento. Em 2016, mais de mil presos no Pará
devem fazer as provas do exame.
Jorge Furtado, de 38 anos,
custodiado no Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), vai participar pela
segunda vez do exame. A primeira prova, ele fez como treineiro. “Quando fiz o
Enem no último ano ainda estava completando o ensino fundamental aqui na
unidade e não tinha condições de passar, só queria entender como era a prova,
mas agora que já estou no ensino médio estou confiante na minha aprovação”,
afirmou o detento, que espera fazer faculdade de pedagogia ou direito.
Jorge tem duas filhas, que também
vão prestar o Enem, e contou que ganhou o incentivo da família para aproveitar
a oportunidade de voltar a estudar. “Eu acredito que nunca é tarde para retomar
os estudos e aqui me mostraram que eu poderia aproveitar meu tempo ocioso em
meu benefício. A minha família também apoiou e hoje em dia até disputamos para
ver quem vai tirar a melhor nota. No ano passado, quando fizemos os três para
treinar, eu tirei a maior nota na redação. Mesmo com as dificuldades de estudar
dentro de um presídio percebi que essa oportunidade eu não teria lá fora, já
que eu não tinha condições financeiras para pagar um cursinho como esse”,
avaliou.
Atualmente, a Susipe conta com
cerca de dois mil internos envolvidos em atividades educacionais regulares. De
acordo com dados do Infopen (Sistema Integrado de Informações Penitenciárias),
12,9% da população carcerária está na sala de aula; do total, 1.263 detentos
estão matriculados na educação formal, 622 na educação não-formal e 110 em
cursos profissionalizantes. Mais de 47,85% da população carcerária feminina do
Estado desenvolvem atividades educacionais. Das 45 unidades prisionais
paraenses, 33 têm salas de aula. As aulas do ProEnem ocorrem uma vez por semana
e seguem até a véspera da prova, no mês de dezembro.
“O Enem PLL é mais uma
oportunidade que hoje podemos levar enquanto educação formal para dentro dos
presídios. E para garantir uma participação mais efetiva da pessoa privada de
liberdade no Enem, fazemos ações como esses aulões, revisão de conteúdo, para
que eles participem em condição de igualdade com as outras pessoas. Não
queremos apenas elevar o número de inscrições, queremos resultados de
qualidade”, explicou a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos da Seduc,
Núcia Azevedo.
Para a professora de Física do
CRC, Semile Melo, que leciona no Pro Enem, as expectativas para a prova são as melhores.
Segundo levantamentos da unidade prisional, 101 detentos estão matriculados na
educação regular e 57 internos foram inscritos para o Enem PLL. “Durante as
aulas iremos tirar dúvidas, resolver questões de provas anteriores e trabalhar
os conceitos. Essas oficinas são muito importantes para levantarmos os índices
de aprovação, e esse ano esperamos ótimos resultados, pois os alunos estão
muito interessados e dedicados”, afirmou.
Enem Prisional
Neste ano a Susipe inscreveu um
total de 1.041 detentos para participar do Enem PLL, o que representa um
aumento de cerca de 30% em relação ao ano passado. As provas serão realizadas
em 41 casas penais, sendo cinco delas centrais de triagem, as quais registraram
85 inscritos, um recorde em se tratando de casas de passagem, segundo a
Coordenadoria de Educação Prisional (CEP) da Susipe. As inscrições para o exame
foram realizadas de 3 a 21 de outubro.