A Poesia lusitana de Florbela
Espanca será o carro-chefe. Mas não declamações quaisquer. A ideia é lançar mão
da sempre sofisticada estética do sarau. Versos e canções juntos. A trilha
sonora será uma releitura pop dos sucessos de um dos mais líricos e sensíveis
grupos portugueses, o aclamado Madredeus. Até aí, nenhuma novidade. Nada novo
se o local para realizar o evento fosse um centro cultural, um teatro ou mesmo
uma biblioteca. O incomum da proposta é que o palco para essa programação será
um bar no qual iniciativa similar nunca foi realizada. É com essa gama de
inovação que estreia nesta quarta-feira 08 de fevereiro, às 20h30, no Boteco do
Carmo, o projeto Quartas Literárias: Música e Poesia. O convidado para a
estreia será o poeta e músico Carlos Correia Santos, que apresentará o
repertório Madredeus e Poesia Portuguesa. Na companhia do violonista Rafael
Britto e do percussionista Felipe Lourinho, Correia fará violino, canto e
declamação. Tudo ao estilo do selo Versivox, com o qual vem, há quatro anos,
realizando eventos em que poemas, cena e sonoridades viram espetáculos que
buscam reconceituar a dinâmica dos saraus.
“Minha ideia é sempre mostrar que
saraus podem ser pop, podem ser modernos e atrair o mais variado tipo de
público. Da pessoa mais velha e interessada no erudito ao jovem descolado. A
ideia de apresentar o trabalho no Boteco do Carmo é, para mim, mais uma
oportunidade de provar isso. O poema pode ser atração em todo lugar”. Carlos
apresentará dentro do projeto outros dois repertórios. No dia 15, Petite France:
Música e Versos Franceses. E, no dia 22, Suave Serenata para Antônio Tavernard.
Ainda segundo Correia, os três
repertórios celebram memória cultural e História. Os dois primeiros homenageiam
heranças relevantes na formação histórica paraense (Portugal e França) e o
terceiro celebrará o legado de um dos mais importantes nomes da lírica
nortista: o poeta, letrista, dramaturgo, contista e cronista Antônio Tavernard.
SOBRE CARLOS CORREIA SANTOS
O criador do Versivox tem
experiência ampla na proposição de eventos de difusão literária. Um dos mais
atuantes nomes da atual literatura amazônica, Carlos Correia Santos é músico
(violino, violão e canto), poeta, contista, romancista e dramaturgo. Já venceu
vários prêmios dentro e fora do Brasil. Suas peças já foram traduzidas para o
francês e espanhol. Importantes artistas brasileiros, como Stella Miranda (que
interpretou a síndica do humorístico "Toma La, Dá Cá", de Miguel
Falabella, exibido na TV Globo), já assinaram direção de suas obras. É também
autor de “Velas na Tapera” (romance vencedor do Prêmio Dalcídio Jurandir),
“Senhora de Todos os Passos” (romance vencedor do Prêmio IAP de Edições
Culturais 2011), “Nu Nery” (dramaturgia vencedora do Prêmio IAP de Literatura),
“Ópera Profano” (dramaturgia vencedora do Prêmio Literário Cidade de Manaus),
“Batista” (dramaturgia vencedora do Prêmio IAP de Edições Culturais) e do livro
de poemas “Poeticário”. Foi o criador, coordenador e apresentador das programações
de fomento à leitura “Café com Verso e Prosa”, “Café com Leituras” e “Estrada
de Letras Sarau Viajante”. Ao lado de Gerlando Santana, realiza o projeto “Sou
Rio de Letras”, que leva leituras aos ribeirinhos da Amazônia.
Também vivamente dedicado à causa
da inclusão, Correia é pós-graduado em Educação Especial com Ênfase na Inclusão
e Psicopedagogia Clínica. É o criador e diretor do Cena Especial – Teatro
Inclusivo, projeto de extensão da Fibra com o qual montou o primeiro grupo de
teatro inclusivo da Região Norte.
Por se tratar de um selo, o
projeto tem Carlos Correia como elemento fixo, mas conta com parceiros
variáveis. Violoncelista, rabequeiros, guitarristas, atores, atrizes e
bailarinos de diversas formações e experiências unem-se a Correia para a
realização de cada projeto. “Estruturo o projeto, vejo que feição e apelo ele
tem e, a partir disso, busco os parceiros artísticos ideias. Esses parceiros
podem ser, inclusive, jovens talentos que precisem de alguma porta de
divulgação”.