Marcando o início das
comemorações pela passagem dos 75 anos da instituição, que ocorrerá no dia 9 de
julho, o Banco da Amazônia realizará, neste terça-feira 30, o evento
Diálogos Amazônicos: promovendo o desenvolvimento regional, planejado para
estimular debates e reflexões, com a participação do poder público e da
sociedade civil, para a interpretação dos determinantes das desigualdades
regionais e à obtenção de subsídios à formulação de políticas de
desenvolvimento mais efetivas para a Amazônia. O evento ocorrerá no auditório
Rio Amazonas, na sede da instituição financeira, em Belém do Pará.
A ocasião marcará, ainda, o
lançamento, na região Norte, do Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento
Regional - 4ª Edição: Homenagem a Milton Santos, iniciativa do Ministério da
Integração Nacional (MI) e do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas
para o Desenvolvimento. Idealizado para a reflexão, discussão e divulgação da
Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), para possibilitar a
compreensão das desigualdades regionais brasileiras em seu atual estágio e
identificar alternativas de desenvolvimento em diferentes abordagens, o Prêmio
Celso Furtado é realizada desde o ano de 2010, contando, desde então, com o
patrocínio do Banco da Amazônia.
Na primeira edição do Diálogos
Amazônicos, estará em evidência o legado de Milton Santos, o grande homenageado
do Prêmio Celso Furtado deste ano. Nascido na Bahia em 1926 e falecido em 2001,
o geógrafo teve sua obra reconhecida internacionalmente por abordar, de forma
crítica e provocante, temas como a globalização, a ideologização da vida
social, além de ter contribuído para a noção de território como espaço das
relações humanas.
Para falar sobre a produção
intelectual de Santos, foi convidado o professor Saint-Clair Cordeiro da
Trindade Júnior, um dos maiores especialistas do Brasil na obra do geógrafo
baiano. Professor e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), com
doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), Saint-Clair
Trindade ministrará a palestra “Um olhar geográfico em perspectiva: a Amazônia
na abordagem do espaço como instância social”.
Na ocasião haverá, também, o
relato de experiência intitulado “O prêmio, a tese sobre estruturas espaciais
urbanas e a influência de Milton Santos”, com Helena Lúcia Zagury Tourinho,
professora e pesquisadora da Universidade da Amazônia (UNAMA), doutora em
Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
vencedora da terceira edição do Prêmio Celso Furtado de Desenvolvimento
Regional, na Categoria I – Produção do Conhecimento Acadêmico - Doutorado.
As inscrições para o evento
Diálogos Amazônicos: promovendo o desenvolvimento regional são gratuitas e
podem ser feitas no site www.bancoamazonia.com.br.
Sobre Milton Santos
Nascido no município baiano de
Brotas de Macaúbas, em 3 de maio de 1926, Milton Santos se formou bacharel em
Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1948. Dez anos depois, em 1958,
concluiu o doutorado em Geografia pela Universidade de Strasbourg, na França,
sob orientação do professor Jean Tricart, outro expoente da Geografia mundial.
Santos foi jornalista e redator
do jornal A Tarde (1954-1964), professor de geografia humana na Universidade
Católica de Salvador (1956-1960), professor catedrático de geografia humana na
Universidade Federal da Bahia, onde criou o Laboratório de Geociências.
Exilado político na década de 60,
o geógrafo começa sua carreira internacional, tendo sido professor, na França,
convidado pelas universidades de Toulouse, Bordeaux e Paris-Sorbonne. Na década
de 70, também convidado, passou pelo Massachusetts Institute of Technology
(MIT), em Boston, nos Estados Unidos, como pesquisador. E, ainda, como professor convidado, ministrou
aulas nas universidades de Toronto
(Canadá), Caracas (Venezuela), Dar-es-Salam (Tanzânia) e Columbia University
(New York).
Milton Santos retornou ao Brasil
em 1977. Dois anos depois começou a dar aulas na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e, em 1983, começou a dar aulas na Universidade de São Paulo
(USP), como professor titular de geografia humana até a aposentadoria
compulsória.
Entre outras produções
intelectuais, Milton Santos escreveu em 1978 “Por uma Geografia nova: da
crítica da Geografia a uma Geografia Crítica”, uma das obras mais completas
sobre a geografia crítica no mundo. Considerado um clássico, o livro segue
atual até os dias de hoje. Na obra, Santos relaciona os problemas que impedem a
construção de uma geografia orientada para uma problemática social mais ampla e
construtiva, servindo, ainda, como base da obra “Natureza do espaço”.
Dividida em três partes – A
Crítica da Geografia, Uma nova interdisciplinaridade e Por uma Geografia
Crítica –, “Por uma Geografia nova: da crítica da Geografia a uma Geografia
Crítica” faz uma revisão crítica da evolução da Geografia e propõe uma nova
forma de pensar e fazer Geografia na contemporaneidade. Nela, o autor trabalha
com categorias geográficas de análise que considera primordiais para o
entendimento do espaço em sua “totalidade social”: estrutura, processo, função,
forma, e temas diversos como Teoria, Prática, Método e Técnica.