As escolas da Unidade Regional de
Educação 5 sediadas no município de Santarém vão continuar a combater o racismo
contra indígenas. Nessas escolas do Estado geridas pela URE da Secretaria de
Estado de Educação (Seduc) estudam indígenas de várias etnias.
Esse tema faz parte de uma
estratégia desenvolvida pela Seduc a partir de acordo celebrado com o
Ministério Público Federal. Pelo menos cinco escolas da rede estadual,
inicialmente, vão receber cartilhas com conteúdo que incentiva o combate ao
racismo contra os indígenas. E em 2018 todas as 32 escolas reforçarão as atividades
pedagógicas sobre o tema. A estratégia integrará o Plano de Ação das Escolas,
que incluirá atividades anuais de combate ao preconceito, racismo e à
discriminação.
História ainda viva
O tema é muito pertinente à
comunidade de Santarém, tal a tradição da cultura indígena no oeste do Pará,
região que foi ocupada pelos índios Tapajós, uma das comunidades indígenas mais
populosas da Amazônia, e que desenvolveu avançada organização social. Ainda
viva, é até hoje objeto de estudos científicos. A cerâmica tapajônica, por
exemplo, é uma das mais expressivas e complexas da Amazônia pré-colombiana,
cujas peças podem ser vistas também no Museu Emílio Goeldi, em Belém.
Atividades escolares
Segundo Alcindo Moisés Pinho de
Sousa, técnico em Educação da 5ª URE, este ano foram realizadas atividades com
o objetivo de difundir os conceitos e práticas de defesa da raça indígena em 15
escolas de Santarém, com resultados muito proveitosos. Na Escola Almirante
Soares Dutra, por exemplo, foram realizadas apresentações de Ritual Indígena,
pelo Grupo de Consciência Indígena (GCI); análise do documentário Terra dos
Encantados, produzido pela Custódia São Benedito da Amazônia e Missão Central
dos Franciscanos, que mostra a história e a luta do movimento indígena no baixo
rio Tapajós em defesa da demarcação de seus territórios, entre outras
atividades.
Outras programações com os mesmos
objetivos ocorreram também nas escolas Aluizio Lopes Martins, Frei Othmar, São
Felipe, Pedro Álvares Cabral e Maria Uchôa Martins, entre outras.
Racismo precisa ser combatido
Segundo o coordenador da Educação
Indígena da 5ª URE, Adenilson Borari, a rede estadual tem 317 indígenas
matriculados pelo Sistema Modular de Ensino Indígena (Somei) em aldeias de 12
etnias das localidades do Arapiuns, Baixo Tapajós e Belterra: Borari, Arapyun,
Tapajó, Jaraqui, Tapayú, Tapuya, Tupinambá, Arara Vermelha, Maaytapú, Munduruku
Cara Preta e Cumaruará.
“A questão do racismo, é tão
forte que se faz necessária ação mais rotineira, e isso está sendo planejado
para 2018, para acabar de uma vez com o preconceito e discriminação contra o
povo indígena na nossa região,” destacou Adenilson Borari.
Cartilha defende índios
Entre as ações educativas consta
uma cartilha que será distribuída nas escolas de Santarém, ainda neste
semestre. O material foi elaborado pelo Ministério Público Federal, Ministério
da Educação, Seduc e Prefeitura de Santarém a partir de uma ação do MPF, que
pediu à Justiça medidas educativas para combater o racismo contra indígenas em
Santarém. O texto da cartilha combate informações equivocadas sobre os
indígenas, que incentivam a discriminação e a violência.
O material foi assinado pela
pedagoga especialista Iára Elizabeth Sousa Ferreira Arapyun, coordenadora da
Educação Escolar Indígena da Secretaria e Educação de Santarém, e pelo
acadêmico de Direito Cauã Nóbrega da Cruz Borari, professor da Língua
Nheengatu. Colaborou também o analista jurídico do MPF em Santarém, Rodrigo
Magalhães de Oliveira.