A Cooperativa Social de Trabalho
Arte Empreendedora (Coostafe), que reúne mulheres custodiadas pela
Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe), foi
pré-selecionada pela Brazil Foundation para receber incentivos financeiros que
garantirão mais investimentos em matéria-prima, qualificação profissional e
melhor estrutura de trabalho dentro do Centro de Recuperação Feminino (CRF) de
Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, onde a atividade ocorre. A
Coostafe é a primeira cooperativa do Brasil formada exclusivamente por mulheres
presas.
A Brazil Foundation é uma
organização vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), responsável por
mobilizar recursos para ideias e ações transformadoras, a partir do trabalho
com líderes e organizações sociais e uma rede global de apoiadores, promovendo
igualdade, justiça social e oportunidade para os brasileiros.
Na etapa de análise, o projeto recebeu, na manhã
de sexta-feira (27), a visita do analista de Projeto Bruno de Souza Faria, da
Brazil Foundation, que veio ao Pará conhecer de perto o trabalho das internas
na elaboração de peças artesanais, bonecas de pano e enfeites com garrafas PET,
e decoração de sandálias com miçangas.
Critérios - Neste ano, 1.500
projetos foram enviados à organização, e a Coostafe está classificada entre as
50 finalistas. O anúncio das 30 instituições que serão contempladas com o
recurso financeiro será no início de 2018. Entre os critérios que fazem parte
da avaliação, estão a localização geográfica, área temática e finalidade do
projeto.
Após a aprovação, a equipe
gestora passará por capacitação, para aprender a lidar com indicadores de
resultados e métricas financeiras, para posteriormente receber a verba, que
poderá ser de R$ 10 mil ou R$ 30 mil. A parceria tem duração de seis meses a um
ano, podendo ser renovada.
Estrutura - O analista Bruno
Faria afirmou que a Coostafe é uma forte concorrente ao investimento. “Fiquei
muito impressionado com o projeto, com a estrutura que o CRF tem. Já visitei
várias unidades carcerárias brasileiras, inclusive no Rio de Janeiro, mas aqui
é um cenário completamente diferente. É possível perceber que o semblante das
mulheres que trabalham dentro da cooperativa é diferente. O projeto é muito
bom, tem grande potencial de crescimento, e nós estamos muito empolgados com a
possível parceria”, afirmou.
Cinquenta internas do CRF de
Ananindeua trabalham por ano na cooperativa, e obrigatoriamente estão
matriculadas em um curso educacional. Kátia Cilene Ferreira é interna do CRF e
uma das primeiras a participar da Coostafe. Fazer parte da cooperativa está
fazendo com que ela melhore a vida da família, aprenda a empreender e
concretize sonhos.
“Pra mim é muito gratificante,
porque entrei aqui sem saber fazer nada, e eu sempre sonhei em aprender a
costurar. Hoje eu até ensino quem tá chegando. Uma vai ensinando pra outra. Eu
comecei fazendo canetas decoradas com biscuit, depois bichinhos de pelúcia, e
hoje eu faço um pouquinho de cada coisa. Eu junto o dinheiro, ajudo minha
família e, quando sair, quero abrir uma lojinha pra eu mesma vender. Eu tenho
duas filhas, e com isso que faço aqui dá pra dar um futuro melhor para elas”,
declarou Kátia Ferreira.
Benefícios - Gerar conhecimento,
ocupar o tempo ocioso, contribuir para a remição da pena, ampliar as
expectativas de futuro e reduzir a reincidência criminal são alguns dos
benefícios da participação das mulheres na Coostafe.
Para a diretora do CRF e
idealizadora da cooperativa, Carmem Botelho, estar entre os 50 projetos
finalistas no Brasil já é motivo de alegria e reconhecimento. “É sempre uma
expectativa muito boa, porque precisamos de investimento e investidores. Só de
participar e ser selecionado já é um diferencial. Estamos mostrando aos futuros
empreendedores, colaboradores e parceiros que temos todo o potencial de
formalizar essa parceria. Participar e ser selecionado neste edital é o
reconhecimento ao trabalho sério, que vale a pena continuar. Ver que pessoas de
fora do Brasil estão reconhecendo quem sabe uma possível solução ou o início de
uma solução para o sistema carcerário, já é o maior prêmio que a gente pode
receber. Eu nunca imaginei que o projeto ia ter a dimensão que hoje ele tem”,
concluiu a diretora.
