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Há Corais da Amazônia em bloco onde Total quer explorar petróleo


Corais da Amazônia encontrados no fundo de um dos blocos (FZA-M-86) da petroleira francesa Total.


A equipe de cientistas a bordo do navio Esperanza, do Greenpeace, documentou a existência de um banco de rodolitos na área onde a empresa francesa Total planeja explorar petróleo, a 120 km da costa norte do Brasil. A descoberta prova a existência de uma formação recifal na área e invalida o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Total, que afirma que a formação mais próxima de recifes estaria a oito quilômetros de distância de um dos blocos (FZA-M-86). 

"Agora que sabemos que os Corais da Amazônia se sobrepõem ao perímetro dos blocos da Total, não há outra opção para o governo Brasileiro que não negar a licença da empresa para explorar petróleo na região", disse Thiago Almeida, especialista do Greenpeace em Energia.

"Descobrir que os Corais da Amazônia se estendem além das nossas estimativas anteriores foi um dos momentos mais emocionantes da minha pesquisa sobre esse ecossistema. Quanto mais pesquisamos sobre o recife, mais informações valiosas encontramos. Mas ainda sabemos muito pouco sobre esse novo ecossistema fascinante e o que sabemos até agora indica que qualquer atividade de perfuração de petróleo pode prejudicar seriamente esse bioma único”, afirma Fabiano Thompson, oceanógrafo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A presença de rodolitos, algas calcárias que formam o habitat para peixes e outras espécies do recife, confirmam que os Corais da Amazônia se estendem para além do que era conhecido anteriormente, conforme será publicado nos próximos dias pela revista científica Frontiers in Marine Science. O estudo, baseado em imagens do recife feitas em janeiro de 2017 durante a primeira expedição do Greenpeace à região, estima que a extensão dos Corais da Amazônia seja de 56.000 km2 - quase seis vezes maior do que os cientistas estimavam.

O estudo também indica que, devido à sua extensão, o recife pode ser um corredor de biodiversidade marinha ligando o oceano Atlântico Sul ao Caribe, com uma sobreposição da fauna de ambos os lugares, reunindo uma alta riqueza de espécies. O artigo científico confirma a presença de espécies típicas de peixes do Caribe no recife, como o Chromis cyanea. A espécie de coral scleractinia mais abundante registrada foi o Madracis decactis, uma espécie que geralmente é encontrada do Golfo do México ao sul do Brasil.