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Ufopa:: Pesquisa com besouros evidencia efeitos de mudanças climáticas e incêndios na floresta amazônica


Com o objetivo de avaliar os efeitos das mudanças de uso da terra e dos distúrbios climáticos sobre a biodiversidade da floresta amazônica, um grupo de pesquisadores brasileiros e do exterior estudou os impactos da seca e das queimadas, intensificadas por um fenômeno de El Niño extremo ocorrido em 2015-2016, na população de besouros rola-bostas na região de Santarém, no Oeste do Pará.

O estudo colaborativo, liderado pelo Dr. Filipe França e pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental e Universidade de Lancaster (Inglaterra), contou com a participação da Ufopa, através do professor Rodrigo Fadini, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade (PPGBEES) da Ufopa. Os cientistas integram a Rede Amazônia Sustentável (RAS), que também desenvolve um Projeto Ecológico de Longa Duração (PELD) na região.

A RAS vem estudando os efeitos das mudanças de uso da terra sobre a biodiversidade amazônica desde 2010. “A paisagem aqui é muito dinâmica. Neste estudo, a RAS monitora áreas de floresta madura dentro da Flona Tapajós, mas também áreas de floresta madura que foram manejadas por conta da extração madeireira, e, ainda, áreas de floresta manejada que foram queimadas tanto antes quanto durante o El Niño”, explica Fadini.

A rede tenta entender como o dinamismo na paisagem local influencia a biodiversidade e os processos ecossistêmicos, através do estudo de organismos que desempenham funções importantes para a manutenção da floresta. Foi aí que se chegou aos besouros conhecidos popularmente como rola-bostas. “É um grupo interessante por causa do grande número de espécies. São cerca de cem espécies diferentes aqui na região da Flona Tapajós. Eles possuem esse nome porque enterram as fezes de animais, fazendo bolinhas que rolam para dentro dos túneis que cavam no solo”, conta o docente.

Além da grande variedade de espécies, os besouros são responsáveis por importantes serviços ambientais. Eles são dispersores secundários de sementes, espalhando as sementes que já haviam sido primariamente dispersadas através das fezes de outros animais maiores. Dessa forma, os rola-bostas colaboram para o processo de regeneração da floresta. Além disso, promovem a reciclagem da matéria orgânica, adubando o solo ao enterrar as fezes, e realizam a bioturbação, agindo como tratores, revolvendo a terra de baixo para cima.