O projeto ‘O Pará virou Moda’, fruto de uma parceria entre o estilista internacional Tony Palha e o produtor cultural Tiago Gomes, entra em nova fase neste mês de novembro e traz, no próximo dia 22 (segunda-feira), a partir das 17h, uma programação especial que reúne uma exposição e desfile com roupas criadas a partir da reutilização de peças que seriam incineradas. O evento será no Martens Café, do Parque Mangal das Garças.
No mês de dezembro, o trabalho, que tem
como ponto forte a sustentabilidade, será apresentado também na cidade de Pisa,
na Itália, com o suporte internacional da representante do projeto no País, Léa
Ferreira, e apoio da Embaixada brasileira na Itália.
O estilista Tony Palha, que é paraense,
mas consolidou sua carreira fora do país, volta às origens para desenvolver a
ideia de reutilizar a matéria-prima que viraria lixo e poderia acabar poluindo
a natureza. A ideia ganhou força com a adesão do produtor cultural Tiago Gomes
e através da Lei Semear de Incentivo à Cultura, do Governo do Pará e o
patrocínio da Equatorial energia e o apoio da Fábrica Esperança foi possível
realizar este projeto.
A terceira vertente do projeto é o
aspecto social. Durante três meses, mulheres em vulnerabilidades social e
egressas do sistema penal de Ananindeua participaram da oficina de confecção de
roupas oferecida pelo estilista em parceria com a Fábrica Esperança e foram
treinadas para trabalhar justamente com o reaproveitamento de peças que seriam
jogadas fora. Vinte delas já foram aproveitadas pela Fábrica Esperança e outras
se tornaram empreendedoras, produzindo suas próprias criações.
O resultado deste trabalho foi
apresentado em agosto deste ano, durante um desfile no shopping Metrópole, em
Ananindeua. “Elas passaram a ter consciência de que tudo se transforma, até a
vida delas. No lançamento, uma delas me disse que havia cumprido 8 anos de sua
pena inocente e que o seu sonho era ser modelo. Então eu a coloquei no desfile.
Isso não tem preço”, conta Tony.
“A nossa ideia é que as pessoas precisam
ter o incentivo ou a oportunidade de aprender. Cada ser humano tem uma ideia,
uma maneira de pensar e de fazer o trabalho. Uma delas está produzindo junto
com a mãe, que faz o bordado, um trabalho bem legal. Esse é o grande fundamento
do projeto”, completa Tiago Gomes.
De volta a Belém, onde se estabeleceu no
período da pandemia de covid-19, Tony teve a ideia de retomar esse trabalho,
com a vertente de apresentar a cultura e beleza das criações amazônicas, mas de
forma sustentável. “Eu e o produtor cultural Tiago Gomes vimos que a Equatorial
incinerava os uniformes usados na Fábrica Esperança. Então resolvemos
transformar esse material em moda casual, roupa para usar no dia a dia. E foi
assim que começou o projeto”, relembra.
Com a aprovação pela Lei Semear, o “Pará
virou Moda” se expandiu e passou a incluir o artesanato, que vira joia e
acessórios para as roupas feitas a partir dos uniformes. A exposição vai
apresentar essas criações, além de contar a história do projeto.
O convite para o desfile em dezembro, na
Itália, veio da associação italiana “Mãos Ativas”, que atua na área da sustentabilidade
e promoverá um evento de artesanato, cultura e moda neste período, ao lado de
outras duas entidades, a “Anastácia Fashion” e a “Operaia Cascina”.
O “Pará virou Moda” também será tema de um desfile no mês de fevereiro, na embaixada italiana no Brasil, e de um editorial em Milão, com data a ser definida. Como explica Tiago Gomes, o projeto deve ganhar desdobramento em outra iniciativa: o “Fábrica dos Sonhos”. “Queremos fomentar nossa cultura, nosso artesanato, evitar o descarte de materiais para trabalhar em cima da sustentabilidade, educar as pessoas para salvar o meio ambiente”.