No terceiro sábado do mês de setembro é
comemorado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. A data tem como objetivo
promover ações de conscientização sobre a importância de ser doador. Mesmo com
mais de 4 milhões de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores
Voluntários de Medula Óssea (Redome), a chance de encontrar uma medula
compatível no Brasil é de um em 100 mil pessoas, segundo Ministério da Saúde.
O número de voluntários tem aumentado
significativamente, graças as campanhas de conscientização. Hoje, a região
Norte dispõe de 360.832 doadores, sendo o Pará o Estado com o maior número de
voluntários cadastrados, são 114.900 paraenses dispostos a realizar um ato de caridade
que mudará a realidade de pacientes com doenças hematológicas graves.
Atualmente, 281 paraenses estão
inscritos no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea. São pessoas com
diversos tipos de câncer como leucemia, linfomas, mieloma e certas anemias
muito graves, que aguardam por uma doação. O transplante consiste na
substituição de uma medula doente por células normais da medula óssea, com o
objetivo de reconstituição de uma nova e saudável.
O Hospital Ophir Loyola é referência no
tratamento das doenças hematológicas malignas no Pará. A chefe da clínica de
hematologia do hospital, Luciana Leão, explica a importância de data.
"Devemos esclarecer sobre todas as etapas do processo, sobre o cadastro de
doadores que gera um banco de dados que impacta diretamente na assistência de
pacientes oncohematológicos. Temos pacientes que não tem um doador familiar e
dependem desse banco para conseguir um tratamento curativo", ressalta.
Existem várias fontes de obtenção das
células tronco hematopoéticas para a realização do transplante, a medula óssea,
o sangue periférico e o sangue de cordão umbilical e placentário. O doador pode
ser aparentado ou não aparentado, encontrado nos registros de doadores
voluntários ou bancos públicos de sangue.
Internacionalmente, a chance de
encontrar doadores compatíveis nos bancos de cadastro de voluntários é de 1 em
1 milhão. Nacionalmente, a estimativa é de um doador compatível para cada 100
mil doadores e, em nível regional, de um 1 doador compatível a cada 10 mil
doadores.
Hoje, o Brasil é o terceiro maior banco
de dados de doadores no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da
Alemanha. " Existem variações genéticas que dificultam esse processo, por
isso a importância de termos muitos voluntários, assim temos maior chance de
encontrarmos alguém compatível com o paciente", enfatiza a hematologista.
Para ser voluntário, o candidato deverá
ter entre 18 e 55 anos, ter boa saúde e procurar um hemocentro próximo a sua
residência para manifestar a vontade de se tornar um doador. Será coletada uma
pequena quantidade de sangue (10ml) para exame com a finalidade de identificar
características genéticas que serão cruzadas com os dados de pacientes que
aguardam o transplante e, assim, determinar a compatibilidade.
Além disso, o voluntário assinará um
termo de consentimento livre e esclarecido e preencher uma ficha com
informações pessoais, os dados serão inseridos no Redome.
A busca por possíveis doadores é feita
em bancos do Brasil e exterior, assim como os bancos internacionais também
fazem busca no Redome por meio de um sistema especializado. Dados no Instituto
Nacional do Câncer apontam que em 75% dos casos de transplantes, o doador é
encontrado a partir das buscas nos registros de doadores voluntários e apenas
25% tem o doador aparentado.
Esse foi o caso do açougueiro Valdeci
Maciel, 43 anos, residente de Marabá, diagnosticado com leucemia em 2018.
"Comecei a sentir muita dor de cabeça, moleza e falta de apetite que
causou um emagrecimento repentino. Todos ao meu redor percebiam, mas eu não.
Quando decidi procurar ajuda, fui internado de imediato com um grau de anemia
avançado", disse.
Após passar por três ciclos
quimioterapia no Hospital Ophir Loyola, Valdeci recebeu a notícia que
precisaria de um transplante de medula óssea. Iniciou-se então a busca pelo
doador. "Meu irmão fez o exame e o resultado deu que ele poderia me
ajudar, foi uma felicidade", exclamou o açougueiro. Em 30 de agosto de
2019, os dois foram para cidade de Natal, através do Programa de Tratamento
Fora de Domicílio (TFD), realizar o procedimento. Mais de um ano depois, ele
retorna ao hospital apenas para fazer acompanhamento de rotina.
O transplante de medula óssea é um
procedimento seguro, realizado em centro cirúrgico sob anestesia, é necessário
a internação de no mínimo 24 horas. O procedimento leva em torno de 90 minutos,
a medula é retirada do interior de ossos da bacia por meio de punções, ela se
recompõe em apenas 15 dias. O doador retorna às suas atividades habituais,
depois da primeira semana após a doação.
Outro método para doação é a coleta por
aférese, onde o voluntário usa uma medicação por cinco dias para aumentar o
número de células-tronco. Após esse período, a doação é feita por uma máquina
que colhe o sangue do doador e separa as células-tronco, devolvendo componentes
do sangue que não são necessários para doação. Cabe a equipe médica avaliar
qual o melhor método para cada caso.
Serviço:
O Cadastro de Doadores de Medula Óssea é
realizado nas 11 unidades da Fundação Hemopa distribuídas pelo Pará. É
necessário apresentar um documento de identificação oficial original e com
foto. Uma pessoa pode doar várias vezes, desde que haja um intervalo de seis
meses para fazer uma nova doação. Mais informações pelos telefones
0800-280-8118 ou (91) 3110-6500.