O Hospital Oncológico Infantil Octávio
Lobo, em Belém, está desenvolvendo atividade de reciclagem ao produzir sacolas
sustentáveis de pano, customizadas com pinturas feitas por crianças que recebem
tratamento contra o câncer. A iniciativa tem a parceria do trabalho de
voluntários.
A analista de sustentabilidade do Oncológico Infantil, Beatriz Garcia, explica que a ideia de desenvolver a iniciativa surgiu daquilo que seria um possível problema, mas que, na realidade, passou a ser uma oportunidade de demonstração de atitude sustentável. “O hospital tinha de fazer o descarte de lençóis que estavam com pequenas avarias. Esses materiais foram esterilizados, estavam segregados e não voltariam ao uso, já que ficam em um estoque inativo. Foi quando acendeu aquela 'luzinha' de que poderíamos produzir as sacolas”, explicou.
Segundo a analista, “a produção das
sacolas faz parte de uma cadeia reversa deste resíduo, gerando valor ao
material e ao ciclo produtivo dele”.
Uma das mulheres voluntárias que
colaborou com a produção das primeiras bolsas foi a técnica de enfermagem Maria
de Lurdes Lima da Silva, moradora do Bairro Tenoné, em Belém.
Há 2 dois anos ela resolveu usar parte de seu tempo para contribuir com o trabalho direcionado ao Oncológico Infantil. “O voluntariado para mim é dar de graça aquilo que a gente recebe diariamente de graça de Deus. É um ato de gratidão e amor ao próximo”, pontuou.
Customização das sacolas
Para garantir que o trabalho tenha uma identidade socioeducativa, a área de Sustentabilidade conta com a parceria do Setor de Humanização do hospital, quem está conduzindo o trabalho de customização das sacolas. As crianças que recebem os atendimentos ambulatoriais e algumas que estão internadas no hospital participam da atividade.
Quem acompanhou de perto o trabalho de pintura foi Maria Antonilda Martins, 33 anos, moradora do Município de Mocajuba, Região Nordeste do Pará, que vem a Belém para acompanhar a filha Estefane Martins Cardoso, de 8 anos de idade, que, há 3 meses, vem recebendo atendimento no Oncológico Infantil.
A participação de Estefane na atividade de pintura agradou a mãe, que elogiou o trabalho. “É uma forma de deixar a criança mais tranquila e colocar em prática suas ideias criativas. Fico feliz de ver ela interagindo com as outras crianças. Essa atividade artística faz bem para a mente. Isso ajuda, porque dá mais ânimo, faz ela se sentir bem como se estivesse em casa”, disse.
“Eu gostei de pintar porque já tinha feito uma casinha igual a essa que eu pintei. Quero fazer uma sacola igual a essa quando chegar em casa”, disse a menina meio tímida, mas motivada com a atividade.
O diretor Hospitalar do Oncológico Infantil, Fábio Machado, considera que a ação tem uma contrapartida muito vantajosa para a instituição. “As práticas de reciclagem têm um potencial transformador que podem garantir retorno econômico, contribuir para a conservação do meio ambiente e ainda ter uma finalidade socioeducativa. Essa nossa experiência é um indicativo de que estamos no caminho da prática sustentável”, comentou o diretor.
Valor
A sustentabilidade é um dos valores da Pró-Saúde, entidade filantrópica, com mais de 50 anos de história, que administra o Hospital Oncológico Infantil por meio de contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A entidade orienta seus colaboradores a adotar práticas sociais, econômicas e ambientais para assegurar sua existência organizacional.