O projeto "Concertos Didáticos" é destinado a alunos de escolas públicas estaduais e municipais - Foto Secom |
Uma viagem no tempo através da
contação da história para crianças. Esse é o primeiro passo do projeto-piloto
que será realizado nesta quarta-feira (15), data em que o Theatro da Paz
completa 139 anos de fundação. A ideia foi concebida no ano passado, mas com um
diferencial – um personagem receberá crianças da rede pública de ensino para
contar a história da casa de espetáculos, além de curiosidades.
Na manhã de quarta-feira, 100
crianças atendidas pela Fundação Pro Paz visitarão várias dependências do
prédio, começando pelo hall, com paradas na varanda, foyer, palco e camarins.
“Esse novo projeto pretende
conquistar um público que a partir desse encontro conhecerá não apenas a
história, de uma forma lúdica, mas se envolverá e aprenderá a importância do
Theatro da Paz como referência cultural da cidade, do estado e deles”, disse a
diretora do TP, Ana Cláudia Moraes.
Ela ressaltou que as crianças e
adolescentes já estão chegando ao Theatro por outros caminhos, por meio de
parcerias, como já fazem a Fundação Carlos Gomes e a Secretaria de Estado de
Educação (Seduc), que realizam concertos didáticos mensalmente. O programa é
realizado há 10 anos, sob a coordenação da professora Ana Maria Haddad, da
Fundação Carlos Gomes.
Patrimônio - A visita guiada
atende turistas de outros estados e estrangeiros que passam por Belém, pois o
Theatro da Paz é conhecido internacionalmente, e teve como modelo arquitetônico
o Teatro Scala de Milão, na Itália. Mas os paraenses o conhecem muito pouco. A
produtora do teatro, Carmem Ribas, ressaltou que a visita monitorada de forma
lúdica é o grande diferencial. “O projeto, além do caráter educativo, também
positivo para as escolas, aproxima crianças e adolescentes desse rico
patrimônio, tanto na arquitetura como nas memórias que guarda. A visita com
contação de história, o passeio pelas dependências do Theatro, de certo vai
estimular o imaginário da criançada, que poderá fazer uma viagem no tempo”, acrescentou.
Os coordenadores do projeto
almejam que essa forma de aproximar o público local do patrimônio cultural e
arquitetônico de Belém possa abrir também as portas de outros teatros e museus,
mostrando que eles pertencem à cidade e à população.
Espaço aberto - “Nosso trabalho
pretende desfazer a ideia corrente de que o Theatro da Paz é um espaço fechado.
Precisamos desmistificar isso”, pontuou a diretora Ana Cláudia Moraes,
lembrando que o TP também apresenta espetáculos gratuitos, organizados pela Secretaria
de Estado de Cultura (Secult), como os concertos da Amazônia Jazz Band, que
completa 20 anos de formação, e da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, que
se mantém íntegra em um momento em que outras orquestras brasileiras estão
acabando devido à crise econômica no País. “O Festival de Ópera, por exemplo, é
acessível ao público. Não é espetáculo para classes. Os ingressos têm preços
acessíveis”, reforçou Ana Cláudia Moraes.
No dia 15, a Amazônia Jazz Band
apresentará o concerto "O jazz homenageia o Theatro da Paz e Waldemar
Henrique", sob a regência do maestro Nelson Neves. O concerto é especial,
integra as comemorações do Theatro e homenageia o maestro e compositor paraense
Waldemar Henrique, que nasceu no mesmo dia da fundação do TP, do qual foi
diretor. O evento terá entrada franca, com os ingressos retirados na bilheteria
do Theatro, na manhã de quarta-feira.
Este ano, a Amazônia Jazz Band
também lançará seu primeiro DVD, gravado em 2016, com a participação da cantora
paraense Jane Duboc. No próximo dia 23 de fevereiro será a vez da Orquestra
Sinfônica do Theatro da Paz, regida pelo maestro Miguel Campos Neto, subir ao
palco para presentear o público com um concerto gratuito, às 20 h.
Primeiros passos - O projeto
Contação de História do Theatro, depois da visita comemorativa das crianças e
adolescentes do Pro Paz, retomará em março o agendamento das visitas de
escolas, com o início do ano letivo. “Começaremos com o Curro Velho, Fundação
Carlos Gomes, Universidade Estadual do Pará e escolas da rede oficial de
ensino, mas a intenção é atrair estudantes das escolas privadas e assistidas
pelos projetos sociais”, informou Carmem Ribas, que planeja realizar
mensalmente a visita monitorada.
Os novos visitantes serão guiados
pela atriz Carla Pessoa, formada pela Escola de Teatro da Universidade Federal
do Pará, que já está criando um guarda-roupa adaptado. “É a primeira vez que
farei uma sessão de contação de história num teatro”, disse ela, que vai
encarnar uma dama do Ciclo da Borracha, de uma Belém rica e com ares europeus.
Quem passa pela Praça da
República e vê o Theatro da Paz ladeado por duas avenidas de trânsito intenso,
precisa se aproximar e se encantar com curiosidades em cada pedra usada na
construção desse templo cultural, onde pisou a lendária bailarina russa Ana
Pavlova, em 1918, com a lotação da casa esgotada durante a temporada de sete
dias.
“Mas o Theatro da Paz não se abre
apenas aos espetáculos clássicos. Ele já abriga manifestações populares”,
lembrou Ana Cláudia Moraes. Quem dá o primeiro passo ao entrar no hall talvez
nem imagine que a suntuosidade desse teatro neoclássico mantém um piso de mais
de 100 anos, colado não com gordura de baleia na argamassa, como era feito na
Europa, mas com grude de gurijuba, um peixe da Amazônia. “Serão histórias para
encantar crianças e adolescentes e levá-los a uma viagem na linha do tempo, até
onde a imaginação chegar”, reiterou Ana Claudia Moraes.