Fotos Sidney Oliveira - Agência Pará |
O Batalhão de Polícia de Eventos
(BPE), da Polícia Militar do Pará, está mobilizando as torcidas de Remo e
Paysandu, às vésperas do clássico deste domingo (12), para uma ação solidária.
O objetivo da campanha “Meu amigo de 4 patas” é arrecadar a maior quantidade
possível de ração, por meio dos postos de venda de ingressos para o jogo, para
garantir ajuda na alimentação dos mais
de 560 cães e gatos que vivem em um abrigo no distrito de Icoaraci.
A ideia de promover a campanha
foi iniciativa do cabo Tony Jefferson, do BPE. Em dezembro do ano passado, ele
adotou dois cães do abrigo Au Family. Batizados de “sargento” e “tenente”, os
dois cachorros trouxeram doçura e alegria à rotina do policial militar e o
fizeram abraçar a causa dos animais abandonados.
Por já ter uma relação próxima
com as torcidas, que procuram o Batalhão de Eventos na véspera dos jogos para a
liberação de materiais como faixas e bandeirolas, ele resolveu transformar os
torcedores dos dois times mais populares do estado em agentes multiplicadores
da solidariedade. “Essa é uma causa muito importante. Então a gente aproveitou
esse momento de festa que é o RexPa, que movimenta a cidade, para sensibilizar
os torcedores sobre a necessidade desses animaizinhos”, diz o policial.
A campanha está sendo divulgada
nas redes sociais do Batalhão da Polícia de Eventos e das torcidas envolvidas
na campanha. Nos locais de venda de ingressos para o clássico de domingo (sede
social do Paysandu, Baenão, Curuzu e Mangueirão, no domingo, antes do jogo)
funcionarão postos para a arrecadação de ração.
Torcedora do Paysandu e
integrante da torcida “Alma Celeste”, a pedagoga Roseane Modesto soube da
campanha quando veio buscar um ofício no batalhão para a liberação de faixas da
torcida e imediatamente aderiu à causa. Apaixonada pelos animais, ela tem dois
cães, Kale e Michael Jackson, e já torce pela continuidade do projeto. “Achei
essa campanha maravilhosa por mobilizar as duas maiores torcidas do estado
juntamente com outra instituição importante, que é a PM. Tomara que essa nossa
parceria com a Polícia permaneça durante todo o ano em outras campanhas para
ajudar os bichinhos”, defende.
A iniciativa do cabo Tony colocou
a rivalidade de lado e fez as duas torcidas se unirem pela causa animal.
Torcedora do Remo, integrante da “Azulindas” e “mãe” de um cãozinho de quatro
meses e outros dois gatos, a estudante Adriele Diniz não está nessa sozinha.
“Fizemos questão de convocar outras torcidas para também a ajudar nessa causa
linda”, destaca a estudante.
O abrigo - A ração arrecadada
pela campanha vai ajudar mais de 560 cães e gatos do abrigo “Au Family”. O
custo diário, somente com a alimentação dos animais, é de 500 reais. A história
do abrigo começou há 10 anos. Apaixonada por gatos, a bacharel em Direito
Raquel Viana alimentava animais de rua em frente a sua casa, no bairro do
Umarizal, em Belém. Mas os vizinhos começaram a se incomodar e ameaçar os
felinos de envenenamento. Raquel então comprou uma casa em Icoaraci para
acolher os gatos. Depois começou a recolher os cachorros, muitos deles
abandonados pela própria população na porta do abrigo.
Hoje, o “Au Family” precisa arcar
com um custo mensal de 30 mil reais com a alimentação dos animais e o pagamento
dos salários de oito colaboradores que cuidam da limpeza do local, além do
veterinário. O espaço é mantido graças às doações de voluntários feitas em pet
shops da capital e por meio das redes sociais.
Mas o abrigo corre o risco de
fechar a qualquer momento por conta de reclamações de vizinhos feitas junto ao
Ministério Público. Por isso, os coordenadores do Au Family iniciaram uma
mobilização pública para juntar recursos financeiros e comprar um terreno longe
da área urbana, remanejando os animais abandonados para um espaço apropriado.
Em meio a esse processo, que
demanda ainda mais esforços da coordenação do abrigo, a campanha para a
arrecadação de ração é de fundamental importância. “Com essa ração chegando
temos a possibilidade de guardar dinheiro para comprar o novo espaço e salvar o
nosso abrigo. O cabo Tony é hoje mais do que um voluntário, é um protetor, no
sentido mais amplo, da nossa causa. Buscar a mobilização dos torcedores de Remo
e Paysandu foi uma grande ideia, uma bênção que chegou na hora certa”, ressalta
Raquel.