O gesto de adotar um cachorro ou um gato
é dar a oportunidade de um recomeço para seres que só retribuem amor e é uma
responsabilidade que vem do coração. Para a jovem Raiane da Silva, de 23 anos,
levar uma cadelinha sem raça definida para casa significa ter uma companhia
para dividir os dias, às vezes solitários.
Por isso, quando ela viu o anúncio da
Feira de Adoção de Cães e Gatos da Prefeitura de Belém, em uma rede social, não
pensou duas vezes e foi do bairro do 40 Horas, em Ananindeua, até a Marambaia
em busca do novo amigo.
Entre as mais de trinta opções, a
escolha foi uma cadelinha de pelo curto em tons de branco e marrom. A conexão
foi imediata. “Faz um tempo que quero adotar um animalzinho, um filhote para me
fazer companhia, pois me sinto muito sozinha, já que meu marido trabalha o dia
todo. A feira da Prefeitura tem credibilidade e por isso vim. Saio muito mais
alegre por ter encontrado uma companheira”, contou, entre risos e afagos na
cadelinha, cujo nome ainda será definido.
Feira - No próximo domingo, dia 15, uma
edição especial da Feira de Adoção de Cães e Gatos será realizada na praça da
República, a partir da 9 horas, com alusão ao Dezembro Verde, que é uma
campanha de conscientização brasileira realizada em vários municípios no mês de
dezembro, com foco no combate ao abandono e aos maus-tratos contra animais.
Todos os animais disponíveis para adoção
estarão usando lacinhos verdes para chamar a atenção para a causa. A feira
contará ainda com mais uma edição do projeto Bicho Saudável, que disponibiliza
avaliação clínica e especializada. Também será possível fazer o cadastro para o
novo Hospital Público Veterinário, que será entregue pela Prefeitura de Belém à
população belenense em 2020.
Laboratórios participantes da ação irão
distribuir de brindes e o público poderá se divertir com o grupo Brinca Belém.
O canil e a banda da Guarda Municipal de Belém (GMB) também estarão presentes
no evento.
Adoção - Para adotar um animal no Centro
de Controle de Zoonoses (CCZ) ou nas Feiras de Adoção municipais é necessário
ser adulto, estar com documentos pessoais com foto e comprovante de residência.
Ao preencher todos os critérios, o candidato precisa ainda passar por uma
avaliação feita pelo CCZ, que busca ouvir a disponibilidade do futuro
proprietário em incluir o animal na sua rotina de cuidados, alimentação e de
carinho.
"É importante que a pessoa saiba
que o animal exige atenção, afinal de contas, ele é membro da família. Deve ter
também cuidado com a alimentação e assistência médica veterinária. A pessoa
precisa ter consciência de que existe o que nós chamamos de posse responsável.
É importante que a pessoa venha ao Centro de Zoonoses, faça uma visita e
escolha aquele animal que mais se adéqua em sua casa", explica a médica veterinária
do CCZ, Márcia Alves.
Balanço - Ao longo de 56 edições, este
ano, mais de mil animais já ganharam uma nova oportunidade nas Feiras de Adoção
de Cães e Gatos. São animais, em sua maioria, com histórico de abandono, maus
tratos ou suspeita de alguma zoonose, que são doenças que podem ser
transmitidas aos homens pelos animais.
Atualmente, cerca de 300 animais estão
no canil e gatil do CCZ Prefeitura de Belém, sendo 66% de população canina.
Deste total, os animais saudáveis e de fácil adaptação são encaminhados para as
feiras. Aqueles que não possuem perfil de adoção seguem no CCZ dentro de uma
estrutura que foi reformada e ampliada pela gestão municipal.
Atualmente, os animais possuem solário,
maternidade, berçário e alimentação em dia. Cuidados que se somam entre os
servidores do CCZ. "Eu não seria feliz em outra profissão, eu amanheço e
eu anoiteço médica veterinária, de domingo a domingo. É demais prazeroso, é
muito bom salvar vidas, resgatar, recuperar aquele animal, deixá-lo apto
clinicamente para ser adotado e ter a oportunidade de ganhar uma família, de
ter uma vida digna", detalha Márcia Alves.
Dezembro Verde - Para incentivar a posse
responsável e combater o abandono de cães e gatos, o prefeito de Belém, Zenaldo
Coutinho, incluiu no calendário oficial de eventos do município o Dezembro
Verde, por meio da Lei número 9.492, de 16 de julho de 2019, com o intuito de
estimular a reflexão pela sociedade sobre o abandono de animais.
“É um desafio combater o abandono de
animais, pois diariamente nos deparamos com esta triste realidade nas ruas da
nossa capital. Mesmo sendo um crime previsto no Código Penal, as pessoas
insistem em deixar cães e gatos em praças, vias públicas e em condições
críticas”, apontou o secretário municipal de saúde, Sérgio de Amorim.
O secretário destaca os firmes
investimentos na política de castração animal, ampliando o número de cirurgias,
ano após anos, visando o controle populacional e redução de possibilidades de
transmissão de doenças para a população.
Cirurgias - Sérgio Amorim acrescenta que
em 2012 eram feitas cerca de 400 cirurgias de esterilização animal por ano. Em
2018, foram quase sete mil, e em 2019, até novembro, já somam 6.580
procedimentos realizados, tanto nos blocos cirúrgicos do CCZ, quanto na unidade
itinerante, o Castramóvel, que percorre os bairros da capital.
Eliana Uchoa, titular da Auditoria Geral
do Município e presidente da comissão do Hospital Veterinário de Belém, explica
que o Dezembro Verde objetiva chamar a atenção das pessoas sobre os maus tratos
aos animais e a proibição dessa prática. “Orientar as pessoas que assistam os
maus tratos a denunciar e onde podem denunciar é superimportante, justamente,
por conscientizar as pessoas que não devem maltratar”, disse Eliana.
“Na Feira de Adoção que vamos fazer
domingo, dia 15, vamos orientar as pessoas sobre onde e como podem denunciar os
maus tratos e como podem evitar. Vamos aproveitar essa feira para fazer, por
meio de médicos que vão estar lá orientando as pessoas que vão levar seus
animais, o que é realmente um mau trato. Como os animais devem ser tratados, os
cuidados, medicamentos e a importância de também não mantê-los presos”,
concluiu a auditora.