A Secretaria de Estado de Cultura
(Secult) já começou a primeira fase do processo para as obras de restauro,
revitalização e requalificação do Palacete Faciola, no bairro de Nazaré, em
Belém. Na manhã desta quarta-feira (21), técnicos do Departamento de Projetos e
do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) da Secult
acompanharam a limpeza e catalogação de peças.
A intervenção no prédio, autorizada pelo
governador Helder Barbalho no último dia 5 de outubro, aguarda apenas a
liberação de órgãos municipais para o início das obras. No canteiro, os
técnicos separaram peças como azulejos, ladrilhos e cerâmicas, gradis, portas e
adereços de fachada. "Estamos fazendo o canteiro de obras. Já temos a
catalogação de todo o material histórico e estamos esperando as licenças dos
órgãos para poder iniciar as obras em si, o quanto antes", informou o
diretor de Projetos da Secult, José Helder Moreira.
A obra do Palacete se estenderá a outros
dois imóveis contíguos, e deverá incluir a restauração das fachadas;
recomposição espacial dos edifícios; portas e janelas em madeira; reintegração
de pisos e forros; recomposição do sistema de cobertura; reintegração de
rebocos e revestimentos internos; urbanização e paisagismo da área externa;
instalação de sistemas elétricos, hidrossanitários, de drenagem, acústico, de
ar condicionado, logística e de prevenção e combate a incêndio, além da
adaptação de um dos imóveis para abrigar um auditório.
Exemplar da arquitetura - De acordo com
a arquiteta Karina Morya, diretora do DPHAC, apesar de não serem tombados, o
Palacete Faciola e os dois prédios vizinhos estão inseridos em área de proteção
das três esferas governamentais (municipal, estadual e federal) e, dessa forma,
resguardados pelos órgãos de patrimônio. "A restauração do 'Faciola' é
muito importante porque o prédio é um exemplar da arquitetura local e de
interesse para a preservação da história de Belém e do Pará. E também para
mostrar a riqueza que existe nesses imóveis, que não pertence só ao
proprietário; é uma riqueza para todos", destacou.
O edifício abrigará o Museu da Imagem do
Som (MIS) e o Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural
(DPHAC), e ainda terá um espaço multifuncional para atividades ligadas às
manifestações e expressões da cultura material e imaterial do Estado.
"Esse será um projeto de
requalificação, pois o Palacete não será mais usado como residência, como na
época em que foi construído. É interessante que as pessoas entendam que quando
um imóvel é antigo ele não precisa ter o mesmo uso de quando foi construído,
podendo ser requalificado, desde que não perca com a obra seus valores
existentes, que qualificam esse bem como de interesse à preservação e de
continuidade para ações futuras", ressaltou Karina Morya.
História - O Palacete Faciola foi
projetado em 1895 e concluído em 1901, por José de Castro Figueiredo, arquiteto
e desenhista paraense, considerado um dos primeiros engenheiros-arquiteto da
região. O prédio foi construído para abrigar a família de Antônio Faciola,
importante personagem no cenário político e econômico na cidade.
Embora o Palacete tenha sido construído
em tempos de esplendor, ele e seus vizinhos vivenciaram vários anos de falta de
uso e abandono. No ano de 2008, os prédios foram desapropriados pelo governo do
Estado e em 2012 passaram ao âmbito da Secult. Nos anos de 2009 e 2016, o
prédio recebeu intervenções de reforço estrutural.