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Março Azul Marinho é o mês de conscientização contra o câncer colorretal (de intestino).

 

Oncologista Paula Sampaio

Prevenção e diagnóstico precoce salvam vidas. O movimento Março Azul Marinho foi criado para alertar e conscientizar a população sobre a prevenção do câncer colorretal (ou câncer de intestino). Excetuando o câncer de pele não melanoma, o colorretal é o segundo tipo de tumor mais frequente entre homens e mulheres no Brasil, atrás apenas dos de mama e próstata. 

Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são 41 mil novos casos previstos para 2022. Na região Norte do País, o Pará é o que apresenta maior incidência de câncer colorretal, com 560 novos casos previstos para este ano, número bem superior aos demais estados: Acre, 50 novos casos; Amapá, 20; Amazonas, 210; Rondônia, 130; Roraima, 30; Tocantins, 170. 

Em todo o mundo, a incidência da doença vem crescendo entre os adultos jovens, mas a incidência é mais comum entre homens e mulheres com mais de 45 anos ou em pessoas que tenham casos na família. 

A despeito da possibilidade de prevenção, 85% dos casos de câncer colorretal são diagnosticados em fase avançada, quando a chance de cura é menor. "Com a pandemia da Covid-19, quando muitas pessoas deixaram de fazer exames preventivos e interromperam processos de diagnóstico, esse índice tende a aumentar e a demora na descoberta pode agravar a doença e dificultar o tratamento e a cura", alerta a oncologista Paula Sampaio.

A bancária Léa Paysano, de 60 anos, passou pelo tratamento de um câncer de intestino e agora está em acompanhamento médico.

O diagnóstico veio em maio de 2020, início da pandemia da Covid-19. Léa lembra que percebeu sangue nas fezes, mas acreditou ser pelo nervoso com a pandemia. “Tinha muito medo de sair de casa, de precisar ir ao médico ou fazer exames por causa da covid-19. Por isso, fiquei um tempo com os sangramentos sem falar para ninguém”, diz ela. Só quando comentou com uma irmã e um sobrinho que é médico, decidiu procurar um gastro para investigar o problema.

O exame de colonoscopia só foi feito no dia 18 de julho, quando o câncer foi confirmado. A cirurgia para a retirada do tumor aconteceu um mês depois, em 11 de agosto. 

O tratamento com quimioterapia durou até março de 2021. 

Léa Paysano lembra que tinha outros casos de câncer de intestino na família paterna, e afirma que sempre teve uma alimentação saudável. “Nunca tive o hábito de comer besteiras na rua, o único excesso era a pimenta para acompanhar o prato favorito – peixe. Mas, não tinha nenhum outro fator de risco, sou magra, não bebo e nem fumo. Por isso, o diagnóstico foi um susto”, garante. 

“Foi tudo muito rápido, mas como o diagnóstico foi precoce, com o câncer em estágio inicial, hoje estou bem”, comemora. “Mas sou ainda mais rigorosa com minha alimentação, para ter um prato sempre saudável, sem gorduras e com muita verdura e legumes. Só não consegui largar o açaí, que tomo todos os dias”, diz Léa Paysano. 

Fatores de risco - A incidência de câncer colorretal está ligada ao estilo de vida, especialmente aos hábitos alimentares. Ter mais de 50 anos, ser sedentário, obeso e se alimentar mal são características comuns de quem está no grupo de risco para desenvolver câncer colorretal. Entre os hábitos que podem influenciar no surgimento da doença estão dieta rica em carne vermelha e alimentos processados, tabagismo e consumo excessivo de álcool.

Histórico de diabetes tipo 2 e doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e doença de Crohn) são fatores que podem aumentar o risco de aparecimento do câncer de cólon e reto também.

Prevenção – Apesar da alta incidência, o câncer colorretal pode ser evitado. Isso porque a doença tem início a partir de pólipos - uma lesão pequena e não maligna nas paredes do intestino. (após os 50 anos de idade, a chance de ter pólipos gira entre 18 e 36%). 

Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores é a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos. Eles podem ser detectados precocemente através de exames como a pesquisa de sangue oculto nas fezes, endoscopia e colonoscopia, capazes de identificar as lesões com potencial de malignidade e removê-las, evitando um futuro câncer. 

Para diminuir as chances de ter câncer colorretal é recomendado adotar uma alimentação rica em frutas e hortaliças; evitar o consumo de alimentos processados e de bebidas alcoólicas, refrigerantes e outras bebidas açucaradas. Excesso de carne vermelha e alimentos calóricos e/ou gordurosos também aumentam o risco para a doença, assim como sedentarismo, obesidade e tabagismo. 

O desenvolvimento de câncer colorretal por fatores de hereditariedade representa entre 5% e 10% dos casos.

A recomendação atual da SBCP (Sociedade Brasileira de Coloproctologia) é de que pessoas sem histórico de câncer colorretal na família procurem o coloproctologista a partir dos 50 anos. Se houver casos na família, esse acompanhamento deve ter início 10 anos antes da idade que tinha aquele familiar quando foi diagnosticado.

Entre os sintomas mais comuns da doença está a alteração do hábito intestinal. Por exemplo: cólica, sangramento durante a defecação, diarreia frequente ou constipação, perda de peso sem explicação e anemia. Entretanto, o paciente também pode não apresentar sintoma nenhum, por isso o check-up é essencial e as chances de cura estão intimamente ligadas ao estágio da doença. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior será a chance de cura.