Escritores paraenses buscam reconhecimento pelas redes sociais

Premiado Carlos Carreia Santos



Hoje, dia 25 de julho é o Dia Nacional do Escritor. Para lembrar da data, reeditei uma reportagem especial que fiz para a Revista Pará Mais.

Os escritores paraenses estão se sentindo invisíveis em seu próprio estado. Esse sentimento é quase unanimidade entre a classe. Eles reclamam da falta de valorização, principalmente por parte dos órgãos estaduais, que priorizam artistas de fora do Estado. O escritor Edyr Augusto Camarão Proença resumiu essa situação durante a Feira Literária do Pará – Flipa, que foi criada com o objetivo de dar visibilidade ao escritor paraense e aos livros que produz. “É um mercado para a produção literária paraense. Precisamos valorizar o que é nosso”, disse Edyr Proença, que é jornalista, radialista, redator publicitário e autor de teatro. 

O premiado escritor, poeta e cantor belenense, Carlos Correia Santos, também não poupa críticas à falta de apoio dos órgãos governamentais. “Esse apoio não existe. Não há política para a divulgação do nosso trabalho”, lamentou Carlos Correia Santos. Outro problema enfrentado pelos escritores paraenses é a desunião da classe. Não há uma associação para representá-los. A que existiu, Associação Paraense de Escritores (A.P.E), fundada em 1986, foi à míngua pela falta de participação dos escritores na vida associativa e por sua proposta de abarcar todo o Pará. “O que existe atualmente é apenas um senso de cooperação entre os escritores”, ressalta Carlos Correia Santos.

Segundo o professor, escritor e poeta Alfredo Garcia Bragança a produção local de livros é fomentada, às vezes, em eventos esporádicos nas feiras de livros. Por isso, poucos escritores estão surgindo no cenário paraense. “Os novos valores que tem surgido na Literatura do Pará são frutos dos concursos promovidos pelo Estado e por suas instituições”.


Professor Alfredo Garcia


Exercendo a medicina há 44 anos, Aline de Mello Brandão não deixa de ser escritora e poeta. Desde criança, Aline gostava de ler e mergulhar nos livros, descobrir palavras e ideias. “Embora seja médica neurologista e a medicina importante na minha vida, a literatura e a poesia sempre entrelaçaram meu caminho”, diz a escritora. Aline de Mello Brandão reconhece que o apoio aos escritores ainda é pouco. “Alguns órgãos fomentam premiação de obras literárias e há um número bem significativo de escritores paraenses ou que moram no Pará, mas não penso que, economicamente falando, no Pará seja possível sobreviver de literatura, certamente devem existir exceções, mas não é o meu caso”, afirma a escritora.

Sobre a união entre os escritores paraenses, Aline de Mello Brandão reconhece que há divergência de ideias e de como expressá-las. Ela conta que cada pessoa é um universo único, com suas experiências e vivências e isso às torna ímpares, essa diversidade é enriquecedora. “Vejo, por exemplo, as feiras literárias como oportunidades e vitrines para publicações. São também chances de relacionamento interpessoal entre autores, leitores, pessoas que se interessam por literatura, que apreciam a leitura e as artes”, conclui Aline de Mello Brandão.

  
Internet veio para somar e não para dividir

Além da concorrência dos autores de outros estados, os nossos escritores têm que enfrentar a concorrência da internet. Estudantes, por exemplo, estão deixando de ir às bibliotecas para pesquisar. Eles utilizam, cada vez mais, de ferramentas de buscas na rede de computadores para fazer seus trabalhos escolares. Mas, nem tudo está perdido. A tecnologia pode ser e está sendo aliada de alguns autores.

Para não perder terreno, os escritores paraenses resolveram se aliar à internet. Na rede social Facebook, por exemplo, eles criaram uma página que reúne cerca de 50 membros. Lá os escritores se comunicam, divulgam seus trabalhos e vendem seus livros. Entre os participantes estão Antônio Tavernard, Carlos Correia Santos, Walcyr Monteiro entre outros. Fora dela, cada escritor tem a sua página também.

O escritor Alfredo Garcia Bragança é um dos que mais utiliza a rede social para anunciar seus trabalhos. Ele aproveita para vender seus livros diretamente aos amigos. Faz promoções, divulga lançamentos e eventos.  Recentemente divulgou pela internet, a volta das atividades do projeto Memória da literatura do Pará, onde são comentadas obras de autores nacionais e internacionais.

“Eu uso a internet como ferramenta para divulgar meus lançamentos e aumentar meu número de leitores. Hoje, com o Facebook, por exemplo, um poema meu é mais lido no ambiente virtual do que se fosse publicado num jornal impresso, por exemplo”, conta Alfredo Bragança. Ele acredita que o livro impresso, existente há pelo menos seis séculos, não vai deixar de existir. “Ele vai conviver com os e-books e outras versões eletrônicas da literatura de forma amigável”, disse o escritor, que já publicou mais de 30 livros.

O premiado escritor, poeta e cantor belenense Carlos Correia Santos é um dos que mais utiliza essa ferramenta para divulgar seu trabalho. Criou a Parla Página, Assessoria de Conteúdos para divulgar os passos de sua carreira, principalmente na internet. É popular nas redes sociais onde divulga fotos, releases e eventos, alem de conversar com seus leitores. Material para divulgar, é o que não falta para Carlos Correia Santos, que se define como romancista, dramaturgo, contista, cronista, poeta e letrista.

Essa aproximação com o público, faz com que o paraense seja constantemente convidado para entrevistas ou mesmo fazer comentários culturais em programas especializados nas emissoras de rádio e televisão. É um profissional ativo. Suas peças estão sempre em cartaz nos teatros paraenses e até fora do estado. Criou o Versivox, projeto que reúne, num só evento, teatro, música e poesia. “É um projeto que transforma literatura em espetáculos cênicos e experimentações sonoras”, define o poeta, que também visita escolas públicas e particulares para levar suas obras aos estudantes.

O escritor e poeta Salomão Laredo também já tem seu reconhecimento no mundo literário. E também utiliza a internet como aliada no seu dia a dia. Segundo ele, todas as demais plataformas e tecnologia são aliadas do escritor e cooperam para a formação do leitor crítico. “Utilizo-me da internet para divulgar meu labor literário e nesse sentido, é uma ferramenta que amplia as possibilidades”, afirma o escritor paraense que aproveita o computador para escrever seus livros e conversar com seus leitores. Em maio, Salomão Laredo aproveita para lançar seu mais novo livro, o romance Olho de Boto, da editora Empíreo. E claro, já foi divulgado na internet.

Mas, como os escritores podem sobreviver com a venda de livros?. O professor Alfredo Garcia diz que é impossível. “Sobreviver com dez por cento do valor da venda de cada livro, ainda mais com a prestação de contas sendo semestral... Resta ter uma vida dupla, tripla ou quadrúpla, no meu caso trabalhando como jornalista e professor do ensino superior em Jornalismo”, finalizou.

A escritora Aline de Mello Brandão conta que a internet é sua aliada. Não se pode deter os avanços tecnológicos. “Participei e participo de algumas publicações em revistas, jornais e mais recentemente, em comunidades literárias via internet, via ebooks, blogs e publicações”, disse a escritora citando a divulgação poética na Opinias, publicação virtual da Rumo Editorial Produções e Edições, Ltda – São Paulo.

Mestre Salomão Laredo