Pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho - Foto Youtube |
Investigado pelo Ministério Público
Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) sob a suspeita de comandar o maior esquema
de desmatamento já detectado na Amazônia, preso preventivamente na operação
Rios Voadores, e já denunciado pelo MPF por submeter pessoas a trabalho
escravo, o pecuarista Antônio José Junqueira Vilela Filho, conhecido como AJ
Vilela, foi alvo de mais uma ordem judicial de prisão preventiva, cumprida na
última terça-feira, 9 de agosto, em São Paulo, na penitenciária “Dr. José
Augusto César Salgado”, de Tremembé, onde AJ está desde 08 de julho devido à
prisão preventiva relativa à operação Rios Voadores.
O novo decreto de prisão,
expedido pelo Juízo da Comarca de Teodoro Sampaio, do Tribunal de Justiça de
São Paulo (TJSP), fundamentou-se em provas que apontam AJ Vilela como líder de
um grupo que em 2015 tentou matar a trabalhadora rural sem-terra Dezuíta Assis
Ribeiro Chagas. A tentativa de assassinato ocorreu no acampamento 1º de Maio,
na cidade de Euclides da Cunha Paulista, no interior de São Paulo, na região
conhecida como Pontal do Paranapanema. O acampamento estava instalado ao lado
da fazenda Rio Alegre, chamada de fazenda AJJ. AJJ é como é conhecido o pai de
AJ Vilela, Antônio José Junqueira Vilela.
“Os homens chegaram de carro,
cercaram o acampamento e iniciaram os disparos contra os barracos. No momento
só havia uma pessoa cuidando do local. Quando viu a movimentação, procurou se
proteger e pediu ‘clemência por sua vida’. Um dos homens se aproximou e disse
que daria até o dia seguinte para todos deixarem o local, caso contrário
retornariam. Em seguida atiraram no cachorro de uma das acampadas e atearam
fogo em todos os barracos, queimando roupas, fogões, móveis e demais pertences
das famílias”, noticiou na época a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Desarquivamento — O inquérito
policial que apurava a tentativa de homicídio havia sido arquivado por falta de
provas. A prisão desta semana, solicitada à Justiça pela Promotoria de Teodoro
Sampaio, foi possível porque o MP paulista utilizou provas coletadas nas
investigações da operação Rios Voadores para oferecer a nova denúncia contra
AJ. Os diálogos colhidos nas
interceptações telefônicas conduzidas pelo MPF, compartilhadas com o MPE,
permitiram esclarecer a autoria dos crimes de tentativa de homicídio e outros
praticados por AJ e seu grupo na região oeste do Estado de São Paulo.
Agora, AJ está preso por força
das provas que apontam ser ele o autor de crimes de desmatamento de mais 300 km
quadrados em Altamira, submissão a trabalho escravo, fraudes financeiras e
outros relacionados a Operação Rios Voadores, no Pará, e também como acusado da
prática de tentativa de homicídio e outros crimes no Pontal do Paranapanema, em
São Paulo. Para os membros do MPF no Pará e
do MP de SP que atuam nas investigações, “esse resultado revela a importância
do compartilhamento de informações e da atuação integrada do Ministério Público
Brasileiro na defesa da sociedade”.
* Colaboração Ministério Público Federal no
Pará