Programa Pai Legal - Cerca de 30% dos casos, eles não são os pais



Com o objetivo de garantir a cidadania plena da criança e do adolescente com o reconhecimento de paternidade, a Defensoria Pública do Estado do Pará implantou, em 2005, o Programa Pai Legal. O projeto, que obteve 3.530 casos até julho deste ano, disponibiliza o serviço de reconhecimento paterno espontâneo, ou por meio de teste de DNA, de forma gratuita e não judicial. Estatísticas revelam que até 2014, a Defensoria do Pará pontuou 2.174 casos positivos e 1.006 negativos.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Atendimento à Família, defensora pública Alessandra Guedes, o objetivo da Defensoria é executar um direito estabelecido como um Princípio da Dignidade Humana, na Constituição Federal de 1988, e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “O Programa Pai Legal tem o objetivo de garantir a cidadania plena da criança e do adolescente, com o reconhecimento de paternidade. Na realidade, esse é um direito que está estabelecido na nossa Carta Magna, então o que procuramos na Defensoria é por em prática”, ressaltou a defensora.

Durante o atendimento, o assistido solicitante do exame é recebido pela equipe do Psicossocial, que presta todas as orientações sobre o Programa e, em seguida, convida a outra parte para a possível conciliação. No caso de dúvida do suposto pai, as partes são orientadas a realizar o exame de DNA. “Nós temos muitos casos de pais que vêm aqui e já reconhecem os filhos, voluntariamente, ou seja, independentemente da realização do exame de DNA”, explicou a defensora.

Cerca de 60 dias após o exame, os assistidos são chamados para receberem o resultado. Comprovada a paternidade, os pais são orientados sobre os efeitos jurídicos e legais do reconhecimento da paternidade. Na maioria dos casos, com o exame positivo em mãos, a Defensoria faz o termo de reconhecimento, no qual os pais e a Defensoria assinam. Logo então é enviado um ofício para o cartório onde a criança foi registrada, para que seja feita a mudança.

A idealizadora do Projeto, que atua na Defensoria há 31 anos, Roselene Barros, explica que caso o exame dê negativo, há uma preocupação da equipe psicossocial em orientar as mães. “Nós conversamos com a mãe, para que ela reflita sobre outras relações que ela poderia ter tido e procure esse pai, para que ele assuma a paternidade ou que seja iniciada uma ação, isso porque o programa só disponibiliza uma vez o exame para cada criança”, informou Roselene Barros. Nesse sentido, o projeto tem a mesma preocupação com a criança. “Já tivemos casos em que a família do suposto pai convivia com a criança e depois recebeu o resultado negativo. Nessa situação, a criança ou o adolescente recebem auxílio da psicóloga e depois são encaminhados para um acompanhamento psicológico”, explicou a idealizadora do Pai Legal.

O Programa Pai Legal atende a população diariamente no prédio-sede da Defensoria Pública do Estado do Pará, que fica na rua Padre Prudêncio, nº 154. Os documentos necessários são: original e cópia do CPF do suposto pai e da mãe; original e cópia do RG do suposto pai e da mãe; original e cópia do comprovante de residência do suposto pai e da mãe; e original e cópia da certidão de nascimento da criança ou do adolescente.