Belém fica sem água por 48 horas

O vazamento decorre do fenômeno de acomodação das terras alagadas sobre as quais a adutora está assentada, no Parque do Utinga - Foto Cristino Martins
  
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) contará com cinco veículos para abastecimento de locais de atendimento público, como hospitais, centros de hemodiálise e delegacias durante a recuperação de um trecho da adutora do Utinga. O serviço começa nesta sexta-feira (20), às 21h, e tem conclusão prevista para o domingo (22), também às 21h. Um dos veículos será uma viatura do Corpo de Bombeiros com capacidade para 30 mil litros. O vazamento na adutora decorre de um dano sofrido pela peça devido o fenômeno de acomodação das terras alagadas sobre as quais a peça está assentada, no Parque do Utinga.

Os locais que serão abastecidos, como recomendado pela Cosanpa, já estão formando seus estoques, mas contarão com o apoio da companhia conforme a frequência da demanda para que os serviços não sejam prejudicados. Há a recomendação de que a população se previna neste momento, armazenando água e reduzindo o consumo para ter estoque durante o período de obra.

“Todos que estão dentro das áreas afetadas terão interrupção no fornecimento de água, mas, para que locais essenciais, como os de atendimento público, não entrem em colapso, garantiremos o abastecimento durante todo período de manutenção da adutora”, disse o diretor de operações da Cosanpa, Antônio Misostomo.

A obra

O diretor também destaca a importância, urgência, e complexidade da obra. “A adutora do Utinga é a principal do sistema de abastecimento. Ela, sozinha, é responsável por mais de 50% da produção da Cosanpa. Essa intervenção é urgente e inadiável e, por conta de sua complexidade, o tempo demandado para o reparo é mais extenso”, explica. Trinta homens vão trabalhar ininterruptamente, em regime de revezamento, para substituir a parte danificada da adutora, que tem três metros de comprimento, 1,5 metro de diâmetro e pesa quase duas toneladas de aço.

O procedimento de reparo começou com a preparação do terreno onde está assentada a adutora, com a fabricação da peça reserva que vai substituir a seção danificada e fazer a contenção preliminar do vazamento. Depois, os operários cortarão a adutora em dois pontos, retirar um trecho de três metros, colocar a peça substituta e soldá-la, além de reforçar a estrutura remanescente.

Para que a obra seja feita, todo o sistema de fornecimento será despressurizado e a adutora esvaziada. Isso deve ser feito para que os técnicos entrem nas estruturas para soldá-las por dentro e por fora, ao mesmo tempo, para que o tempo de obra seja o menor possível. Essas são as etapas que demandam maior tempo de trabalho, cerca de 20 horas. Com essas etapas concluídas, o sistema será pressurizado novamente para que as adutoras possam redistribuir o abastecimento de água normalmente.

Com o sistema restaurado, é preciso controlar a vazão da água. A água será liberada aos poucos, até preencher todo o tubo e ganhar a pressão necessária para a distribuição ser recomposta. Este processo dura em torno de seis horas. Por conta deste procedimento, alguns bairros serão reabastecidos primeiro, mas com a garantia de que todos estarão normalizados até a manhã de segunda-feira (23).

O caminho das águas

A captação da água que abastece os lagos Bolonha e Água Preta, que são interligados, parte do Rio Guamá, onde as águas brutas são transportadas por uma adutora de 1,7 metro de diâmetro. Após o tratamento da água, no Bolonha, ela segue até a estação de São Brás pela adutora do Utinga. Em São Brás, a adutora se conecta com vários dutos que seguem para os diversos setores de distribuição, abastecendo, assim, os bairros.

Áreas que serão atingidas

Com a estação desligada, das 21h de sexta às 21h de domingo, ficam sem água, total ou parcialmente, 21 bairros: Guamá, Condor e Cremação, São Brás, Canudos, Fátima, parte do Marco, Terra Firme, Jurunas, parte de Batista Campos, Pedreira, Telégrafo, Barreiro, Sacramenta, Marambaia, Castanheira, parte de Jaderlândia, Atalaia, Guanabara, parte do Coqueiro e parte da Cidade Nova.

Em Ananindeua, serão atingidos os seguintes locais:
- Setor de Abastecimento Cidade Nova: Conjuntos Cidades Novas V, VI, VII e Conjunto Guajará I (a Cosanpa não atende o Conjunto Guajará II). Os demais conjuntos Cidade Nova I, II, III, IV, VIII e IX terão o abastecimento mantido por meio de dois poços;
- Setor Guanabara: todo o bairro da Guanabara e uma parte da Pedreirinha;
- Setor de Abastecimento Jaderlândia: bairros do Atalaia, Jaderlândia e parte do Coqueiro.