O fenômeno La Niña (mesmo com
curta duração) e as condições favoráveis no Oceano Atlântico devem manter o
Pará no cenário de chuvas intensas e constantes nos meses de janeiro, fevereiro
e março. A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente
e Sustentabilidade (Semas), e consta do monitoramento das condições
atmosféricas no Estado para o 1º trimestre de 2017. O trabalho é realizado por
profissionais da Diretoria de Meteorologia e Hidrologia (Dimeh), responsável
pela análise, previsão e monitoramento das condições de tempo, clima e
hidrometeorológicas. O prognóstico de precipitação acima do normal em grande
parte do Estado é resultado da parceria com o 2º Distrito Meteorológico
(Disme), do Instituto Meteorológico (Inmet).
Nos primeiros 15 dias de janeiro
de 2017 a precipitação superou o dobro de chuvas ocorridas no mesmo período de
2016 em sete dos 10 municípios analisados - Belém, Itaituba, Porto de Moz,
Soure, Monte Alegre, Tracuateua e Cametá. Segundo Antônio Sousa, diretor de
Meteorologia e Hidrologia da Semas, “é provável que a maior parte do Estado do
Pará apresente chuvas entre normal e acima do normal durante o primeiro
trimestre de 2017”.
Em relação às temperaturas, em
anos normais, quando o Oceano Atlântico está favorecendo as chuvas ou com a
ocorrência do fenômeno La Niña, os sistemas de grande escala, como a Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT), estão mais presentes e atuantes, causando
dias com nebulosidade (de nublado a encoberto), chuvas e redução de
temperatura.
Pelas dimensões continentais e
localização geográfica, o Pará apresenta diferentes regimes de chuvas entre
suas regiões. Em geral, na maior parte do sudeste e do sudoeste o período
chuvoso vai de novembro a abril. No Arquipélago do Marajó, Baixo Amazonas e
grande parte do nordeste as chuvas se intensificam entre os meses de janeiro e
junho. Na Região Metropolitana de Belém (RMB) e municípios próximos chove mais
entre dezembro e maio. Esses meses registram aproximadamente 80% do total
pluviométrico anual, período conhecido como inverno amazônico, com frequente
atuação, simultânea ou não, de diversos sistemas meteorológicos e diferentes
escalas.
No norte do Pará, por exemplo, a
ZCIT é o principal sistema produtor de chuva nesse período, além de sistemas
meteorológicos de escala menor, como as Linhas de Instabilidade e Sistemas
Convectivos de Mesoescala. Já na região sul as chuvas são geradas, em grande
parte, pela aproximação de sistemas frontais do Hemisfério Sul, zonas de
convergência de umidade ou pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que
favorecem e organizam a convecção na região, movimentos ascendentes essenciais
à formação das nuvens.
Variações - O sol (fonte de
energia) e os oceanos (que cobrem 71% da superfície do planeta) são os
controladores do clima global. Como o sol apresenta comportamento mais
constante e ciclos bem definidos, as variações bruscas nas Temperaturas da
Superfície do Mar (TSM), que perduram por meses, são as principais responsáveis
pelas alterações ocorridas em um período chuvoso. Essas variações são
facilmente sentidas pela atmosfera e tendem a alterar o padrão da circulação
geral dos ventos, em especial na região localizada na faixa tropical da Terra.
De 2015 até agora, o Pará sofre
influência de anomalias de TSM - variações acima dos padrões de normalidade -, ocorridas
no Oceano Pacífico. Essas alterações são responsáveis por fenômenos climáticos,
como El Niño e La Niña. Dependendo da intensidade, eles são decisivos para o
comportamento do período chuvoso na região amazônica. Fenômenos - O El Niño
representa o aquecimento anormal das águas superficiais do mar. Em grande parte
da Amazônia, incluindo o Pará, o El Niño impede a formação das nuvens de
tempestades, causando redução das chuvas e aumento das temperaturas. A La Niña,
fenômeno oposto ao El Niño, tende a intensificar o período chuvoso na região e
diminuir as temperaturas. Os efeitos desses fenômenos ocorridos no Oceano
Pacífico, associados a variações mais curtas no Oceano Atlântico, foram
observados nos períodos chuvosos nos finais dos dois últimos anos. Em dezembro
de 2016, os municípios apresentaram chuvas nas categorias acima e muito acima
do normal, exceção apenas de Marabá e Conceição do Araguaia, que registraram
chuvas abaixo do normal para o período.