Pesquisa da Ufopa aponta alta incidência de mortes de castanheiras em áreas desmatadas de Oriximiná


O desmatamento e a prática recorrente de queimadas estão comprometendo a sobrevivência e produtividade das castanheiras - Foto Ascom/Ufopa

Realizada pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), a pesquisa analisou as condições biológicas de sobrevivência, reprodução, rebrotação e estrutura de populações de castanheiras localizadas em áreas desmatadas de Oriximiná (PA), um dos principais municípios produtores do país de castanha-do-pará, também conhecida como castanha-da-amazônia ou castanha-do-brasil. O diagnóstico teve como foco árvores localizadas às margens de estradas e ramais de chão.

Numa área total de 218,7 hectares, a equipe identificou 441 castanheiras, sendo que a maioria foi encontrada morta (75%). “A maioria das castanheiras está morta e as que estão vivas apresentam problemas de produção, pois na metade destas não foi observada presença de frutos”, afirma o coordenador da pesquisa, Ricardo Scoles, professor do Centro de Formação Interdisciplinar (CFI) da Ufopa. Segundo o professor, um dos desafios oriundos dos resultados desta pesquisa é tentar explicar o porquê da baixa produtividade das castanheiras sobreviventes em áreas desmatadas. “Em área aberta, desflorestada, as castanheiras sofrem com o estresse ambiental, como a falta de água e de nutrientes. Outro problema é a compactação do solo, que atrapalha o desenvolvimento das raízes”, explica.

O levantamento contou com a participação de alunos de graduação do curso de Biologia, ofertado no Campus de Oriximiná da Ufopa, e de bolsistas de iniciação científica do Ensino Médio, além do apoio da prefeitura de Oriximiná e da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp). Os resultados do estudo foram publicados em dezembro de 2016 na revista “For@am: Floresta e Ambiente”, através do artigo “Sobrevivência e Frutificação de Bertholletia excelsa Bonpl. em Áreas Desmatadas em Oriximiná, Pará”.

A coleta de dados foi realizada entre os anos de 2011 e 2012 em propriedades particulares situadas em quatro ramais - Boa Vista, José Severo, Copaíba e dos Três - da Estrada do Batalhão de Engenharia e Construção (BEC), estrada de chão situada na confluência das rodovias PA-439 e PA-254, com expressiva presença de castanhais em situação de deterioração populacional por desmatamento e fogo repetido.


De acordo com o artigo, a situação das populações de castanheiras na Estrada do BEC é extremamente crítica, pois “evidenciou-se altíssima mortandade das árvores nas áreas desmatadas sem regeneração natural e atividade pecuária”. Além disso, “a população viva remanescente revelou uma clara tendência ao envelhecimento e baixo estado produtivo (somente 51% das árvores adultas têm frutos)”. Para os autores do estudo, “esse cenário desolador é fruto do descaso público e do desrespeito à legislação de proteção ambiental por boa parte dos proprietários rurais”.