Opinião: O Escaravelho









* Jackson Tavares/Aluno de Comunicação da Unama

O jovem Hugo, 18 anos, recebe um misterioso pacote contendo um escaravelho (besouro preto) dentro. Sem questionar ou dar importância, Hugo guarda o besouro e segue sua vida normalmente, sem se interessar de onde veio o presente e quem enviou o pacote. No dia seguinte, Hugo é encontrado morto pelo irmão mais velho, Alberto, com uma espada cravada no peito. Inconformado com a morte do irmão, Alberto empenha-se a ajudar a polícia a investigar quem matou Hugo. Ao longo das investigações, eles descobrem que a morte do rapaz tem ligação com uma série de assassinatos que vem ocorrendo na região, todas as vítimas com características em comum: ruivas e sardentas, e que antes de morrer recebem um escaravelho com determinadas características que podem ajudar a descrever como essa pessoa irá morrer. 

Esse é o enredo do conto “O Escaravelho do Diabo”, da jornalista Lúcia Machado de Almeida e que serviu de base para o roteiro do filme homônimo de 2016. O conto original foi publicado na revista O Cruzeiro entre outubro e dezembro de 1953. Em 1974, foi republicado em forma de livro pela Série Vaga-Lume. A produção do filme começou em 2015 e teve locações nas cidades de Campinas, Monte Alegre do Sul, Amparo, Jaguariúna e Holambra. Teve direção de Carlo Milani e produzido pela Globo Filmes. Esse é o primeiro filme que Milani assume a direção, pois até então havia dirigido somente novelas. Ele declarou que nunca foi ligado à literatura, mas ao ler “O Escaravelho do Diabo” se encantou com a história. 

O filme tem a mesma premissa do livro, com algumas mudanças na história. Alberto, de estudante de medicina e irmão mais velho de Hugo, passou a ter 12 anos de idade. Outra diferença são as cidades. No livro, a cidade onde a trama acontece se chama Vista Alegre, no filme se chama Vale das Flores. Boa parte da trama no livro se passa em uma pensão, mas no filme a pensão nem é mencionada, e assim outras mudanças vão acontecendo pra se encaixar na história do longa. 

 Fica escancarado que o público alvo são crianças e jovens, mas o filme também tem sua cota para o público adulto. E não é de se espantar, tendo em vista que o conto original agradou todas as faixas de idade. A película recebeu muitas críticas em relação às suas mudanças no perfil de alguns personagens. Mas, levando em conta o orçamento, o público alvo e o tempo em que se monta a adaptação, penso que é necessário que algumas mudanças sejam feitas. O conto cumpriu seu papel em agradar os jovens da década de 70, 80 e 90, mas vamos levar em consideração que muita coisa mudou de lá pra cá. Inserir elementos que façam com que o público juvenil de hoje se identifique com a trama é fundamental. Claro, terão aqueles que não ficarão satisfeitos com as mudanças, o que é normal, e principalmente se tiver lido o conto na infância ou juventude, mas como o nome já diz, adaptação nem sempre é uma cópia transmidiática de outro produto, mas uma adequação à contemporaneidade, ou se preferir, realidade.

Apesar da pouca idade, o ator Thiago Rosseti, que vive o protagonista Alberto, e todo o resto do elenco juvenil parecem ter se esforçado em suas atuações. Claro, talvez pela pouca idade, falhas deverão ocorrer. A ideia não é criticar ou dizer o que tá certo ou o que tá errado, até porque sou público e não crítico de cinema. Meu intuito como parte desse público é contribuir com análises, enfatizando o que achei legal e o que não achei e divulgar o produto para que outras pessoas discorram sobre ele. 


No elenco veterano, penso que todos tiveram maestria ao atuar. Sempre gostei de assistir às performances de Marcos Caruso e digo que não esperava menos dele. Com um personagem ao mesmo tempo sério e cômico, o ator consegue transmitir pra nós a determinação e a angústia do personagem Delegado Rubens Pimentel, que no filme começa a sentir os primeiros sinais do Alzheimer. Jonas Bloch também se destaca como o Padre Paulo Alfonso, que é perturbado por sues erros do passado e tenta aliviar a consciência cuidando do seu rebanho de fiéis. Também devo citar a rápida participação de Isaac Bardavid, responsável pelas vozes brasileiras do Wolverine, Esqueleto, Freddy Krueger entre muitos outros personagens.

“O Escaravelho do Diabo”, apesar de não ser aquele grande ‘arrasa quarteirões’ do cinema brasileiro, tem uma trama atraente e eficaz, mas desvia a atenção do público em alguns momentos, desperta a curiosidade em seu final relativamente bom e é uma relevante alternativa do cenário cinematográfico brasileiro.
Essa foi a dica e análise de hoje. Semana que vem voltamos com mais um filme para comentar aqui no site. Deixe o seu comentário sobre o que você concorda, discorda ou o que achou desse filme.



O ESCARAVELHO DO DIABO
País: Brasil
Ano: 2016
Gênero: Suspense
Duração: 90 minutos
Direção: Carlo Milani
Roteiro: Melanie Dimantas e Ronaldo Santos
Produção: Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes e Paris Filmes
Orçamento: Não divulgado
Receita: Não divulgada

Elenco: Thiago Rosseti/ Marcos Caruso/ Jonas Bloch/ Bruna Cavalieri/ Lourenço Mutarelli/ Augusto Madeira/ Celso Frateschi/ Cirilo Luna/ Bianca Müller/ Ana cecília Costa/ Isaac Bardavid/ Bruce Gomlevsky

Trailer

https://www.youtube.com/watch?v=XNUp3Ilp25w


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