Concerto marca reabertura do Museu do Estado do Pará



O Museu do Estado do Pará (MEP) reabre oficialmente para visitação, neste sábado, 24, às 10h, com um concerto de câmara do Quarteto de Cordas da Fundação Carlos Gomes. O evento ocorrerá pela primeira vez no interior do principal salão do Palácio Lauro Sodré, o Pompeiano, que esteve fechado após um intenso processo de tratamento e restauro. Projetado por Antônio Landi, em 1761, o prédio bi-secular tem sua importância reconhecida em nível nacional, estadual e municipal sendo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O salão Pompeiano é o mais importante cômodo do Palácio dos Governadores. Em suas dependências foi assinada, em 1º de janeiro de 1821, a adesão do Pará à Revolução Constitucionalista do Porto; em 15 de agosto de 1823, foi realizada a assinatura da adesão do Pará à Independência do Brasil; e, de cima de uma de suas mesas, Paes de Carvalho proclamou a República no Pará, em 16 de novembro de 1889. Some-se a isso, o fato de muitos governadores do Estado (como Magalhães Barata e Lauro Sodré) valorizarem o local, conferindo-lhe enorme destaque. Barata, por exemplo, fazia inúmeros discursos para a população da janela do Pompeiano. Durante a revolução Cabana, o palácio foi tomado pelos líderes do movimento que também faziam uso do salão, entre eles Clemente Malcher e Francisco Pedro Vinagre.  

No governo de Augusto Montenegro, que nutria profunda admiração pela Belle Époque, o salão foi redecorado seguindo esse estilo após a contratação do artista francês Joseph Cassé que utilizou a cidade italiana de Pompéia (soterrada em 79 d.C. por grande erupção do vulcão Vesúvio) como fonte de inspiração para conceber sua decoração, a partir de motivos estilizados oriundos de descobertas arqueológicas na cidade que se manteve oculta por 1.600 anos, antes de ser redescoberta por acaso.

O mobiliário tem coleções que foram adquiridas no começo da República e possui objetos importados da cidade francesa de Paris, com destaque para o lustre de bronze oxidado e o dunquerque de madeira de carvalho. A concepção artística faz referência à elementos simbólicos de Pompéia, em suas paredes  encontram-se desenhos de cisnes e gansos, que teriam a tradição de proteger a entrada da cidade. Cassé deu-lhes a alcunha de sentinelas do Palácio, em alusão ao costume das antigas cidades romanas onde se criavam gansos ao redor de templos, como vigias sagrados.

O estilo pompeiano virou uma febre na arte decorativa do final do século XIX, especialmente a partir da publicação do livro gramáticas de ornamentos “Grammar of Ornament” de Owen Jones (1809-1874), utilizado por Joseph Cassé e seus assistentes na decoração do Palácio dos Governadores. Valorizou-se a escala cromática com elementos do ocre, verde, negro e vermelho no revestimento do  salão nobre. O lustre possui lâmpadas árabes com brilho sedoso e as pinturas parietais apresentam outros motivos do universo greco-romano como brasões, rostos, medalhões e ânforas. O piso em parquetaria reproduz motivos estilizados da cerâmica grega, refeitos a partir de uma tradução do que era feito na Europa com mármore e granito.