Estado amplia apoio à mulher no enfrentamento à violência doméstica




No Dia Internacional da Mulher, comemorado neste 8 de março, o Governo do Estado reafirma seu compromisso no apoio, prevenção e combate à violência contra a mulher. Até o final de março será inaugurada, no município de Ananindeua, a 17ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) no Pará.

“Considero de extrema importância a inauguração dessa delegacia, porque muitas mulheres vítimas de violência que moram em Ananindeua desistem de vir até Belém pelas dificuldades de deslocamento. Agora iremos oferecer um atendimento local, especializado e digno a quem precisa de uma atenção especial”, disse a delegada Aline Boaventura, diretora de atendimento a grupos vulneráveis da Polícia Civil do Pará.

Aline Boaventura é uma das 178 delegadas que atuam na Polícia Civil para prestar um atendimento acolhedor às mulheres vítimas de violência. Como diretora, ela coordena as 16 Deams que funcionam atualmente no Pará. Quinze delas estão localizadas fora da região metropolitana de Belém: Breves e Soure, no Marajó; Castanhal, Capanema, Bragança, Abaetetuba, Barcarena e Paragominas, no nordeste do Estado; Altamira, no sudoeste do Estado; Marabá, Parauapebas, Redenção e Tucuruí, no sudeste do Pará, e Santarém e Itaituba, no oeste paraense.

Em 2017, essas unidades especializadas foram responsáveis por 1.821 procedimentos policiais relacionados à violência doméstica e familiar, como prisões em flagrante, inquéritos instaurados para apurar os crimes e Termos Circunstanciados de Ocorrências (TCOs), que é quando o agressor comete crime que não cabe prisão em flagrante. Foram presos em flagrante 154 autores de violência doméstica contra a mulher. Todos os procedimentos efetuados nas delegacias seguiram para a Justiça, para dar continuidade aos processos.

Mulheres acolhidas

“Antes ele nunca tinha agredido daquele jeito os meninos, até agora um deles está com hematomas, e também ele foi pra cima da minha mãe ameaçando, não deu mais para aguentar. O atendimento aqui foi bom demais. Eu tenho medo de voltar para casa, mas vou alugar uma para tentar ser feliz com as crianças”, detalhou uma dona de casa de 25 anos, mãe de três filhos, que recebeu atendimento na Deam de Marabá e preferiu não ser identificada.

Após ser agredida durante seis anos, ela tomou a decisão de denunciar a violência praticada pelo seu ex-companheiro e atualmente vive com suas crianças no abrigo de mulheres de Marabá, que somente em 2017 recebeu 27 mulheres e 31 crianças.

Essa história é parecida com tantas outras de mulheres que sofrem com a violência doméstica e sexual, mas que encontram apoio e proteção na Deam de Marabá. A unidade atende uma média de 20 pessoas por dia. Em 2017 foram instaurados 150 inquéritos de lesão corporal e 90 de ameaças de morte. Os meses de janeiro e fevereiro deste ano já somam 31 novos inquéritos. Para evitar o agravamento das situações, chegam a ser solicitadas de 15 a 20 medidas protetivas por mês.

A delegada Ana Paula Fernandes explica que o trabalho da unidade encoraja as mulheres a denunciar. “Quando as mulheres têm uma delegacia em que podem ser atendidas por meio de profissionais especializados, o Estado garante seus direitos, fortalece as políticas públicas e as encoraja a denunciar. Aqui, o número de inquéritos de lesão corporal tem diminuído, pois as vítimas passaram a denunciar com maior rapidez, o que evita a revitimização”, ressaltou a delegada.

Em Marabá o atendimento à mulher será fortalecido com a implantação de uma Unidade do Pro Paz Integrado (UIPP), prevista para este semestre. O prédio vai abrigar salas de perícia médica, briquedoteca, atendimento psicossocial, além de integrar a Delegacia de Atendimento à Mulher e ao Adolescente (Deam/Deaca) e todo o suporte logístico para instauração de inquéritos.

Santarém

Já no Baixo Amazonas, mulheres em situação de violência também encontram apoio na Deam, que integra o Pro Paz Integrado, com sede em Santarém. As vítimas contam com todo o suporte de profissionais, desde assistentes sociais, psicólogos e apoio jurídico. Segundo dados da unidade, em 2017 foram registradas 1.311 ocorrências e instaurados 480 inquéritos policiais.

A delegada Andressa Alves destaca que o serviço multidisciplinar é importante, pois auxilia mulheres a denunciarem os possíveis agressores e seguirem em frente. “Na maioria das vezes essas mulheres vítimas de agressões dependem emocionalmente e financeiramente dos seus companheiros. O atendimento multidisciplinar é importante, pois encoraja as mulheres a saírem dessa situação de violência e retomarem suas vidas em todos os seus aspectos”, explica.