Em avaliação feita pelo
Ministério da Educação (MEC), o curso de Licenciatura em Educação do Campo, da
Faculdade de Etnodiversidade, localizada no Campus Altamira, obteve nota máxima
(cinco). No Brasil, apenas duas outras Instituições de Ensino Superior (IES)
obtiveram nota semelhante: a Universidade Federal da Fronteira Sul e a
Universidade Federal de Minas Gerais.
Marcos Formigosa, professor e um
dos coordenadores do curso, conta que a atual conjuntura política no Brasil,
principalmente após a mudança de governo em 2016, fez com que aumentassem as
restrições de recursos e, em muitos casos, de autonomia, o que, de certa forma,
dificultava a ampliação e a consolidação dessas experiências. “Tirar uma nota
cinco, para nós, um curso de um campus do interior do Estado, desenvolvido com
e para os povos e as comunidades tradicionais da Amazônia em uma universidade
pública, é o reconhecimento e consolidação dos cursos de educação
diferenciada”, avalia o professor.
Objetivo do curso – Marcos
explica que o curso busca formar educadores para atuar na educação básica, em
escolas do campo, que tenham pertencimento indígena, quilombola, camponês,
assentados da reforma agrária, ribeirinhos e extrativistas. “Formamos
educadores para que possam ter sólidos conhecimentos nas ênfases: Linguagens e
Códigos ou Ciências da Natureza, comprometidos com a transformação da educação
e da realidade social desses territórios”, complementa.
Importância – Desde a sua origem,
o projeto busca atender àqueles que, historicamente, têm seus direitos negados,
e onde as políticas públicas não conseguem integrar. Além disso, por vezes, as
políticas implantadas nem sempre suprem as reais demandas dessas populações.
Segundo Marcos, o curso é desenvolvido por muitas mãos e também por muitos
sonhos.
“A proposta por uma educação
diferenciada prima pelo diálogo, além de ir ao encontro dos sujeitos do campo e
das suas especificidades. O curso é de suma importância para o desenvolvimento
da região Transamazônica e do Xingu a partir da educação diferenciada”, lembra
o professor, ao citar que, atualmente, o curso disponibiliza 10
turmas em nove municípios da
região: Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Senador
José Porfírio, Placas e Uruará.
Marcos ressalta, ainda, a
importância da troca de vivência possibilitada pelo curso para os alunos. “Uma
educação pautada na pedagogia da alternância, que traz à universidade seus
saberes, modos de vida e de suas comunidades, para que dialoguem com os saberes
institucionalizados. É por meio deles (alunos) que a Universidade vai às
comunidades, quando acompanha a todo semestre os alunos no Tempo Comunidade,
parte indissociável do processo formativo, pois pretendemos compreender a
vivência na comunidade rural”, completa o professor.