Quando se fala em AVC (Acidente Vascular Cerebral), os dados são alarmantes. O acometimento, popularmente conhecido como derrame, é a segunda causa de morte mais comum no mundo e a principal causa de incapacidade¹. De acordo com a Organização Mundial de AVC, uma em cada 6 pessoas terá o problema ao longo da vida e a cada 6 segundos, uma pessoa morre decorrente da condição².
Porém, o que muitos não sabem é que 9 em
cada 10 casos poderiam ser evitados³, o que deixa clara a necessidade de uma
maior atenção das pessoas aos fatores de risco. Com isso, o dia 29 de outubro é
uma data de extrema importância para essa conscientização.
O AVC é a interrupção do fluxo de sangue
no cérebro, causando a morte de células na região4, podendo ser hemorrágico ou
isquêmico. O primeiro é caracterizado pelo rompimento do vaso sanguíneo (veia
ou artéria), e geralmente se trata de casos mais graves. Já no isquêmico,
encontrado em 87% dos casos, ocorre o entupimento total ou parcial do fluxo de
sangue no vaso5.
Sinais e sintomas
O rápido diagnóstico do AVC é a chave
para evitar ou minimizar a intensidade das sequelas, já que a cada minuto sem
socorro, uma pessoa perde 1,9 milhão de neurônios6. Com isso, é extremamente
importante conhecer os primeiros sinais.
Segundo a Dra. Carla Moro, “o principal
indício de um início de AVC são alterações motoras súbitas, como fraqueza
muscular, resultando na incapacidade de movimentar alguma parte do corpo com
coordenação, especialmente de um só lado. Além disso, o paciente acaba tendo
uma súbita dificuldade para caminhar, com tonturas e perda de equilíbrio.” Dor
de cabeça intensa e confusão mental também podem aparecer logo nos primeiros
minutos, quando o paciente apresenta dificuldade para falar ou construir uma
frase7.
Uma forma fácil de realizar a rápida
identificação destes sinais é usar a técnica SAMU:
Sorriso: peça para a pessoa sorrir.
Existe assimetria?
Abraço: faça a pessoa levantar os
braços. Um lado está mais fraco e com dificuldade?
Música: repita uma frase como uma
música. A pessoa consegue falar? A fala dela está embaralhada ou arrastada?
Urgente: Caso os sinais acima sejam
comprovados, aja rapidamente e busque atendimento médico de emergência
imediatamente. Ligue SAMU 192.
A técnica, porém, reflete uma
preocupação encontrada no socorro de pacientes. É comum os próprios familiares
suspeitarem do AVC e se direcionarem para o posto de atendimento mais próximo.
Entretanto, essa não é a melhor conduta a ser tomada - dar entrada em um centro
capacitado para atender pacientes com a condição ainda nos primeiros minutos
faz toda a diferença e ainda reduz as sequelas e a mortalidade8.
O mais indicado é solicitar o serviço de
atendimento do SAMU, que garante o conhecimento dos centros especializados e o
correto encaminhamento. O tratamento em uma Unidade de AVC aumenta a chance de
uma boa recuperação em 14%9.
Prevenção
Cerca de 90% dos casos estão ligados aos
fatores de risco da doença³: hipertensão, altos níveis de colesterol, diabetes
e obesidade. Além disso, níveis excessivos de álcool e o tabagismo também
aumentam o risco de sofrer um AVC10.
Existem ainda fatores que não podem ser
controlados, como a idade – a doença acomete os mais idosos - e uma
pré-disposição genética, que pode ser analisada pelo histórico familiar.
Também, o problema é mais comum em homens10. De qualquer forma, o AVC pode
ocorrer em qualquer sexo ou idade.
“Conhecer seus próprios fatores de
risco, realizar atividades físicas e manter uma dieta saudável rica em frutas,
legumes e vegetais pode reduzir os riscos”, conta a médica.
Sequelas
Mesmo que o socorro seja feito
rapidamente, é provável que o paciente tenha alguma sequela. Estudos mostram
que complicações motoras podem aparecer em 50% a 83% dos casos pós AVC. Ainda,
metade dos pacientes pode apresentar problemas cognitivos e cerca de 20% dos
casos apresentam distúrbios psicológicos 11.
Além das sequelas citadas, existe ainda
a espasticidade, presente em aproximadamente 60% dos casos11. A condição é
caracterizada pela contração involuntária de grupos musculares, causando
dificuldades de movimentação e dores. “A patologia pode ser tratada com toxina
botulínica, aplicada para relaxar a rigidez muscular, melhorando a mobilidade e
qualidade de vida do paciente. Essa forma de tratamento está disponível,
inclusive, aos pacientes no SUS”, explica Dra. Carla.
Tratamento
O tratamento é realizado nos primeiros
momentos pós identificação da doença e depende de caso a caso. É importante que
os primeiros procedimentos devolvam o fluxo sanguíneo à área afetada. Seja com
cirurgia ou procedimentos menos invasivos, o objetivo é sempre devolver a
circulação.
Tendo realizado essa primeira fase de
tratamento, é importante que o paciente tenha contato com uma equipe
multidisciplinar e integrada, buscando sempre ganho de funcionalidade e a
qualidade de vida. Seja para devolver movimentos, encontrar a melhor dieta ou
até trabalhar âmbitos psicossociais, diversos profissionais podem ser acionados
e cada um tem igual importância.
Além disso, a tecnologia também pode ser
utilizada a favor do tratamento. Aplicativos, como por exemplo o i-GSC, podem
auxiliar no processo de autorreabilitação guiada. Disponível para iOS, Android
e Windows, o paciente, com orientação do seu médico e/ou terapeuta, pode
encontrar exercícios que o colocam como protagonista para a melhora de sua
qualidade de vida. Isso demonstra que durante toda a logística de tratamento o
paciente pode encontrar esperanças e possibilidades para aumentar seu
bem-estar.