Seis equipes da Divisão de Homicídios do
Pará, vinculada à Polícia Civil, atuam nas investigações das mortes e
tentativas de homicídio ocorridas no Bairro do Tapanã, em Belém, na noite de
segunda-feira (29). Onze inquéritos foram instaurados. Os primeiros
levantamentos foram realizados ainda na segunda-feira, nos locais dos crimes.
Nos próximos dias, novos depoimentos serão coletados, e a Polícia Civil poderá
revelar novas informações sobre o andamento das investigações, afirmaram os
dirigentes do sistema de segurança durante entrevista coletiva na manhã desta
terça-feira (30), na sede da Delegacia-Geral de Polícia Civil.
Participaram da coletiva o secretário de
Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Luiz Fernandes; o delegado-geral
Cláudio Galeno, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Hilton
Benigno, entre outros integrantes da cúpula de Segurança Pública. Durante a
coletiva foi ressaltado que a meta da Polícia Civil é buscar o esclarecimento o
mais rápido possível, para identificar os autores e definir a motivação dos
crimes.
De acordo com o secretário Luiz
Fernandes, uma força-tarefa foi organizada pela Divisão de Homicídios, e ainda
na segunda-feira os trabalhos de investigação começaram. “Nenhuma linha de
investigação é descartada. Uma base de trabalho foi instalada na Unidade
Integrada Pro Paz do Tapanã para levantar todas as informações”, acrescentou.
Luiz Fernandes ressaltou que a polícia vem dando respostas à sociedade, “muitas
delas, inclusive, com prisões de policiais e de pessoas que não são policiais.
Recentemente, tivemos julgamentos do próprio Tribunal do Júri de pessoas
envolvidas nesse tipo de crime”.
O delegado-geral Cláudio Galeno disse
que não se pode descartar a possibilidade de as mortes terem relação com o
assassinato do sargento João Batista, na quinta-feira passada, no mesmo bairro.
"Ao mesmo tempo em que não podemos afirmar, não podemos também descartar a
relação entre as mortes e a do policial militar. Existe a possibilidade de ter
sido ação de milícia, de grupo criminoso, de facção criminosa", explicou o
delegado-geral, afirmando que a polícia está empenhada em mostrar, por meio de
provas consistentes, as motivações dos crimes.
Segundo Cláudio Galeno, as investigações
mostraram, até o momento, que a “atuação dos criminosos foi uma ação
organizada, e que contou com o a apoio de três motos e seis participantes”. Ele
destacou ainda ser necessária investigação "para saber dos parentes e de
outras pessoas próximas se as vítimas haviam sofrido ameaças, para que se possa
descartar outras hipóteses do crime", e salientou que as investigações já
contam com diversas informações em fase de análise. "Não descansaremos
enquanto não acharmos o resultado que a sociedade espera", garantiu o
delegado-geral.
Apoio nacional – Durante a coletiva, o
secretário Luiz Fernandes fez um retrospecto das medidas de apoio solicitadas
ao governo federal. Ele informou que em ofício encaminhado em 8 de maio deste
ano ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, o governador Simão Jatene
solicitou apoio da Força Nacional de Segurança, especificamente para ajudar na
investigação criminal e perícia técnico-científica dos homicídios em série e no
crime organizado.
O Estado solicitou ainda reforço para
capacitações nessa área de investigação, fortalecimento de pessoal para os
núcleos de investigação e repressão ao crime organizado e articulação no
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para integração de bancos de dados de
prisões, entre outras ações de inteligência policial.
“Desde o dia 8 de maio, eu e o
governador pedimos para o ministro Raul Jungmann apoio para que tivesse a
investigação quanto a essas milícias, que não é algo específico do Pará, o que
não foi acatado até agora. Principalmente com a polícia investigativa,
judiciária e técnica, além de pessoas da área de inteligência, ocasião em que o
próprio governador disponibilizou o Centro de Inteligência para que fosse, se
assim for a decisão do governo federal, transformado em um centro regional de
inteligência. O nosso está pronto e disponível para a Região Norte”, garantiu
Luiz Fernandes.
A Segup informou, à noite, que durante
uma intervenção policial de militares do 24º Batalhão da Polícia Militar, no
bairro da Pratinha, na tarde desta terça-feira (30), três acusados na
participação da morte do sargento PM João Batista Dias foram mortos. Eles
efetuaram disparos contra a viatura, e após serem baleados, foram levados para
o posto de saúde do Tapanã, mas não resistiram. Com os homens foram apreendidos
uma pistola Pt940, um revólver calibre 38 e uma arma de fabricação caseira
calibre 38.