As três represas que se romperam devido
à intensidade de chuvas no município de Redenção, no sul do Pará, foram
vistoriadas por equipes da Defesa Civil Estadual e Municipal, Corpo de
Bombeiros, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas),
Centro Regional de Governo do Sudeste do Pará e outros órgãos da Prefeitura
local. Uma das represas pertence a uma faculdade particular e outra, na saída
da cidade, está na área onde seria construído um frigorífico.
Segundo o major Felipe Galúcio,
comandante do Corpo de Bombeiros Militar na região, uma das causas do
rompimento foi falta de manutenção. “As represas naturalmente foram rompidas em
razão do volume de chuvas, da falta de manutenção e de um projeto técnico bem
adequado para que a contenção não fosse rompida. Essa segunda represa pertence
a um futuro frigorífico, que teve a obra embargada há mais de 10 anos, e estava
sem manutenção, sem nenhum tipo de fiscalização regular. Vamos verificar a
documentação das represas, no sentido de fazer as recomendações necessárias à
adequação”, informou.
Ele também disse que será feita uma
recomendação formal a todos os proprietários de represas, para que haja
reconstrução até que seja apresentado o projeto técnico à Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Sustentabilidade.
A avaliação de danos e prejuízos, e o
levantamento das informações nas vistorias técnicas, servirão para a elaboração
de um plano de contingência, explicou o presidente da Comissão Municipal de
Defesa Civil de Redenção, Wilker Muniz. “A Secretaria Municipal de Meio
Ambiente já notificou os proprietários de represas para receber os projetos
técnicos. Com a investigação chegaremos ao resultado final. A gente precisa
concluir os dados para que possamos dar um parecer ao prefeito e verificar se
decreta ou não situação de emergência. Estamos também alimentando o S2ID
(Sistema Integrado de Informações sobre Desastres), para dar parâmetro à Defesa
Civil Estadual e à Nacional. Vai ter um plano, para saber se existe ou não a
possibilidade do rompimento de novas represas. Mas a gente vê que essas
represas dentro da cidade já não têm como comportar um grande fluxo de água”,
acrescentou.
Deslizamento - Técnicos da Semas estão
avaliando a situação para produzir um parecer técnico quanto à regularização
das represas, explicou Gabriela Saraiva, técnica em Gestão de Meio Ambiente da
Secretaria em Redenção. “Fomos solicitados para compor essa comissão, no
sentido de tomar ciência da amplitude do que aconteceu. Verificamos que houve
um deslizamento em um morro próximo. A água partiu de lá, inundando a barragem
que rompeu e inundou a segunda. A Semas vai produzir um relatório e dar um
parecer da situação. Vamos consultar se essas represas são regularizadas”,
ressaltou.
Por conta do rompimento da represa
localizada na saída da sede municipal, a enxurrada abriu uma cratera na BR-158,
que liga Redenção a Santana do Araguaia. Foi feito um reparo emergencial e o
tráfego já foi liberado na rodovia.
Apoio às famílias – Em Redenção, o
número de famílias atingidas pela enxurrada subiu para 89. A secretária
Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Jucema Furtado, disse que
esse número ainda pode aumentar. A Prefeitura organizou um abrigo para as
famílias em uma creche, mas poucas pessoas procuraram esse apoio, por isso a
creche voltou ao funcionamento normal. “Em um primeiro momento foi criado um
abrigo na creche, mas as pessoas preferiram não serem abrigadas lá e foram para
casa de parentes ou ficaram nas residências, com medo de serem saqueadas. As
aulas voltaram à normalidade. Agora, com a possibilidade de novas chuvas, elas
manifestaram o desejo de ir para um abrigo. A Secretaria está viabilizando um
novo espaço para abrigar as famílias”, afirmou Jucema Furtado.
As vítimas da enxurrada também contam
com a solidariedade da população. A Secretaria de Assistência é um dos pontos
de arrecadação de doações. O empresário Walid Jawabri é um dos voluntários. “No
dia da enxurrada já começamos a arrecadar cestas básicas, e hoje trouxemos água
e leite. Nós somos privilegiados, e agradecemos por não ter acontecido com a
gente. Entendemos perfeitamente a situação dessas famílias e precisamos
ajudar”, declarou.
Por determinação do governador Simão
Jatene, os coordenadores do Centro Regional de Governo do Sudeste do Pará estão
acompanhando o trabalho das equipes da Defesa Civil do Estado e demais órgãos,
informou a coordenadora Jane Dailha. “Nós estamos aqui fazendo levantamento e
cadastro. Após isso, vamos verificar quais são as garantias de direitos que o
Estado pode viabilizar para as famílias desalojadas”, disse a coordenadora.