A pandemia do coronavírus é associada
pelos especialistas à queda no número de doadores de órgãos e tecidos. Entre
janeiro e agosto de 2021, por exemplo, 124.920 indivíduos foram incluídos no
Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). O número
equivale a apenas 54,5% do total registrado em 12 meses de 2020, ano em houve
queda significativa no cadastro de doadores. No total, entre janeiro e dezembro
do ano passado foram incluídos 229 mil indivíduos no REDOME, 21% a menos do que
em 2019. “A tendência de queda no número de voluntários é um dado que deve
servir de alerta para retomarmos as ações de incentivo à doação”, explica o
hematologista e professor do IDOMED – Instituto de Educação Médica, Vitor
Paviani.
O transplante de medula óssea é usado no
tratamento de alguns casos graves de leucemia. Segundo o Instituto Nacional do
Câncer (INCA), a doença é identificada em 10.810 brasileiros a cada ano.
A procura por uma medula 100% compatível
A fila de espera por uma medula que seja
compatível não para de crescer. Além dos pacientes com leucemia, há casos (mais
raros) de outras doenças que exigem o transplante como tratamento. É o caso da
pequena Isabela Feckinghaus, que irá completar 5 anos de idade no próximo dia
20 de dezembro. Filha da médica Carolina Monteguti Feckinghaus, a menina foi
diagnosticada com uma doença rara, a linfohistiocitose hemofagocitica.
Carolina conta que a equipe médica que
atende a menina decidiu tentar um transplante mesmo sem um doador 100%
compatível. A medula usada foi a do pai da menina, procedimento chamado
transplante haploidêntico. “Estava tudo indo bem, mas infelizmente houve uma
recidiva em outubro de 2021. Ela voltou a fazer quimioterapia e precisamos
encontrar um doador 100% compatível para um novo transplante”.
Banco Nacional de Doadores
Pai de uma criança de 4 anos, Frederico Borges, foi um dos novos doadores cadastrados em 2020. Comovido com a situação da Isabela, o advogado que reside a mais de 800 quilômetros de distância na menina, buscou o hemocentro mais próximo da sua cidade para fazer parte do Cadastro Nacional de Doadores.
“Acredito que um dos maiores obstáculos para qualquer pessoa é o desconhecimento. Eu não sabia que podia fazer a diferença para a Isabela e outras pessoas que estão aguardando o transplante de medula. Quando descobri o quanto era simples ser um doador, não consegui não fazer nada. Saber que entrar no cadastro é dar uma chance a mais para todos eles, já foi a maior recompensa que eu poderia receber ” comentou o advogado.
A esperança para a cura da pequena Isabela e dos mais de 10 mil pacientes diagnosticados por ano está no cadastro de doadores. O REDOME disponibiliza no site http://redome.inca.gov.br/ todas as informações importantes para quem deseja salvar uma vida. Na página é possível encontrar os hemocentros que efetuam o cadastro nos diferentes estados do País. E, para quem já é cadastrado, vale lembrar que é importante manter as informações atualizadas. No caso de haver um paciente compatível, será preciso encontrá-lo. Por isso é importante manter os dados, principalmente endereço e telefone, sempre atualizados. A atualização é simples e pode ser realizada pela internet.