Falta de oportunidade, baixos
salários e ausência de plano de carreira. Estas foram as principais
dificuldades encontradas pelos profissionais com deficiência no mercado de
trabalho e detectadas em levantamento inédito da VAGAS.com e Talento Incluir. O
estudo Inclusão Sustentável foi realizado de 31 de maio a 13 de junho deste ano
por e-mail para uma amostra de pessoas com deficiência da base de currículos
cadastrados no portal de carreira VAGAS.com.br. O objetivo da pesquisa é entender
quais as dificuldades que esse público enfrenta no mercado de trabalho e como é
a relação deles com o RH e as empresas. Os 4319 respondentes são, em sua
maioria, homens (62%), solteiros (51%), não possuem filhos (56%) e estão
empregados (52%). Do total de participantes, 58% afirmaram possuir deficiência
física, 26% auditiva, 19% visual, 7% intelectual e 9% pessoas reabilitadas pelo
INSS.
A maioria dos respondentes (62%)
revelou que enfrenta algum tipo de dificuldade no mercado de trabalho. Entre as
mais mencionadas, figuraram falta de oportunidades para o perfil profissional
(66%), baixos salários (40%), ausência de plano de carreira (38%) e falta de
acessibilidade (16%). “Os três principais aspectos levantados mostram que as
pessoas com deficiência almejam melhores condições de desenvolvimento
profissional no mercado de trabalho, ficando à frente da questão de falta de
acessibilidade”, avalia Rafael Urbano, coordenador da pesquisa na VAGAS.com.
“Essa pesquisa é a que possui a
maior base de respondentes de pessoas com deficiência. Não há outra pesquisa
semelhante a essa com uma base tão consistente. Procuramos ouvir esse público
para saber qual é a relação dele com o mercado e como essa relação se
desenvolve”, conta Tabata Contri, coordenadora da pesquisa pela Talento
Incluir. "Nós esperamos que esse estudo, realizado em parceria com a
Talento Incluir, possa contribuir para o entendimento das principais questões
que afetam a inclusão de pessoas com deficiência nas empresas e servir como
inspiração para a criação de soluções para elas", diz Mario Kaphan,
sócio-fundador da VAGAS.com.
Bullying
Quatro em cada dez pessoas com
deficiência já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho.
Desse total que admitiu ter sido discriminado, 57% disseram que foram vítimas
de bullying. Outros12% relataram encontrar dificuldades para serem promovidos,
enquanto 9% contaram que já passaram por isolamento e rejeição do grupo. “É um
tipo de situação que ainda faz parte da realidade de muitas pessoas com deficiência.
Apesar da Lei de Cotas completar 25 anos, tem muita gente que não sabe
respeitar o profissional com deficiência. E isto está refletido em nossa
pesquisa, infelizmente”, explica Rafael.
RHs e
empresas
Em outra parte do levantamento,
foi abordada a percepção desse público em relação dos profissionais de Recursos
Humanos. Para 58% dos respondentes, a área de RH não está preparada para
contratar pessoas com deficiência. “É um dado preocupante. Essa é a área que
mais precisa estar próxima do profissional com deficiência. Sem essa
proximidade, o trabalho desse profissional pode ficar comprometido”, diz
Tabata.
O departamento de RH também foi
alvo de questionamentos sobre essa relação. Foi perguntado se a área de
Recursos Humanos apoiou o profissional com deficiência em necessidades ligadas
à deficiência. Para 22%, houve apoio. Outros 28% citaram que não houve apoio e
50% não precisaram de ajuda. Daqueles que tiveram apoio, 14% disseram ter ajuda
com adaptação do mobiliário/ equipamento e outros 14% obtiveram atendimento
como ajuda; a acessibilidade foi o apoio prestado a 12%.