Um grande potencial do Parque do Utinga para o ecoturismo - Foto Agência Pará |
O Parque do Utinga, um dos
espaços mais procurados em Belém por quem aprecia o contato com a natureza e
também encontra nesse ambiente o cenário ideal para a prática de atividades
físicas e de lazer, será reaberto à visitação no início de 2017. As obras da
estrutura de acolhimento que habilitará a área como um dos mais importantes
espaços para o turismo na Amazônia estão em fase de conclusão. Executados pelo Governo do Estado
com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), totalizando um investimento de cerca de R$ 36 milhões, os trabalhos
compreendem a entrega do circuito de quatro quilômetros de pistas, preparado
para caminhadas e passeios de bicicletas, patins e skates, além de um grande
estacionamento de 500 lugares para veículos e de um centro de recepção aos
visitantes, equipado com auditório para 50 lugares e café.
E essa primeira etapa de
reestruturação do parque se alinha a várias outras obras do Governo do Estado,
como o prolongamento da avenida João Paulo II, que também caminha para sua
conclusão – e que cruza a área ambiental com duas pontes sobre os lagos Bolonha
e Água Preta. As obras do novo Parque do Utinga ainda ganharam recentemente
outro reforço: a publicação, em outubro, do edital de licitação para a
construção do prédio da Unidade Integrada Pro Paz (UIPP) na Rua Oswaldo Cruz,
que marca o limite da área do parque no bairro de Águas Lindas. A UIPP também
será entregue em 2017.
Grande diversidade de espécies
reforça o potencial para o ecoturismo
O Parque Estadual do Utinga é uma
unidade de conservação estadual. A área, equivalente a 1.340 campos de futebol
(1.340 hectares), foi criada em 1993, para preservar ecossistemas e mananciais
lá guardados - como os lagos Bolonha e Água Preta, que abastecem cerca de 70%
da população de Belém. Em 2008, outro decreto readequou seu funcionamento às
regras do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). O decreto que a
criou também abrange sua importância para o incentivo à pesquisa, à educação
ambiental e ao turismo ecológico em seus domínios - delimitados por áreas
urbanas de Belém e Ananindeua, como os bairros Curió-Utinga, Entroncamento,
Castanheira, Guanabara, Águas Lindas e Aurá.
Avalia-se como alta a diversidade
de fauna e de flora encontrada na área florestal protegida. Estima-se que,
apenas no lago Água Preta, esteja abrigada a maior diversidade de peixes em
parques ambientais de todo o mundo. Essa peculiaridade da área verde,
incrustada numa das áreas de maior pressão urbana da região Norte, aponta um
grande potencial para o ecoturismo: estima-se que cerca de 140 mil pessoas
visitem esse bolsão verde a cada ano. Se a área fosse um parque nacional, esse
público esperado o colocaria entre os dez mais visitados do País.
Passeios
O novo centro de acolhimento do
Utinga, acessado pela avenida João Paulo II, terá café, auditório, área de
alimentação, banheiros e outros equipamentos para o conforto dos visitantes.
Com isso, a nova estrutura da área não permitirá mais a entrada de veículos no
circuito do Utinga. A pista estará disponível apenas a passeios de ciclistas e
pedestres.
Ao todo, são cerca de quatro
quilômetros de pistas recuperadas com novo pavimento - disponíveis para o uso
de caminhadas, corridas, passeios de bicicleta e também com faixa especialmente
preparada para uso de patins e skate. Esse circuito foi reconstruído com
blocos, em substituição ao asfalto, o que permite melhor permeabilização da
água das chuvas. A nova pista já tem 90% da sua obra concluída.
Além disso, a área verde do
Utinga dispõe de mais de nove quilômetros de trilhas abertas e recuperadas na
mata, o que se transforma numa grande atração para passeios guiados. A
visitação do parque será aberta, sem cobranças em bilheteria, como acontece em
vários parques espalhados pelo mundo.
A administração do parque passará
à iniciativa privada apenas a gestão de alguns dos espaços do Utinga, através
de concessão e contrato. Isso inclui estacionamentos, lojas de souvenires e o
café.
Hoje, quem quer visitar o parque
precisa contactar o Batalhão de Polícia Ambiental da PM (BPA), que fica dentro
da área, para programar a sua visita. Também é possível acessar no site do
Ideflor-bio o agendamento de programações com fins lucrativos.
A direção do Parque do Utinga
lembra que já existem empresas de turismo de aventura que poderão fazer programas
e eventos a partir de autorizações simples, a exemplo de outras áreas de
proteção, assim que o parque for aberto com a nova estrutura de recepção. Além
disso, um curso de condutores de trilhas já foi realizado em parceria com a
Secretaria de Estado de Turismo do Pará (Setur). Ao todo, 17 guias de trilhas
foram formados. Vários deles também já se programam para atuar na área do
parque.
Segunda etapa das obras terá a
instalação do Amazonário
Uma segunda etapa da
revitalização do Parque Estadual do Utinga incluirá a reforma do antigo prédio
da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), situado no caminho do Lago
Bolonha, além da revitalização do primeiro espaço de visitantes, construído
ainda na década de 1990 na margem do lago Água Preta.
A última etapa planejada para a
área do Utinga é a construção do Amazonário, um grande aquário com espécies
amazônicas. Essa obra, porém, ainda não tem recursos garantidos. Outro projeto
previsto relacionado à área de proteção, mais imediato, é a construção do
espaço de visitação Porto das Flores, a ser instalado na área contígua ao
Parque do Utinga, na avenida João Paulo II.
A exploração comercial do centro
administrativo e de visitantes do Parque do Utinga tem previsão de editais a
serem abertos no início de janeiro. Em fevereiro ou março podem ser abertos os
editais para as obras do Porto das Flores, adianta a Secult. “O centro de
acolhimento dará condições de oferecer água, lanches, banheiros e outros
serviços e produtos às famílias dos visitantes. Essa parceria com a iniciativa
privada é fundamental”, avalia Gustavo Leão. Além disso, já estão abertos
editais para concessão de exploração do estacionamento, café e da loja de
souvenires do centro de acolhimento.
Instalação da UIPP atenderá 100
mil pessoas que vivem no entorno do parque
O plano de manejo da área do
parque, feito ainda em 2013, prevê o zoneamento dos recursos naturais e também
traça diretrizes para as atividades que podem ser realizadas na unidade de
conservação. A instalação prevista da UIPP em Águas Lindas, por exemplo, já
obedece e esses critérios estabelecidos.
Atualmente, o Parque Estadual do
Utinga tem um conselho gestor, de natureza paritária, com representantes do
poder público e da sociedade civil, com assento de todas as comunidades do
entorno do parque, como associações de bairro.
O edital que abre licitação para
a construção da UIPP foi publicado dia 17 de outubro. Espera-se que a obra seja
entregue em até nove meses após a assinatura do contrato, que deve ocorrer em
dezembro.