Internas custodiadas no Centro de
Recuperação Feminino (CRF) de Ananindeua e que fazem parte da Cooperativa
Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe) estão participando da
oficina “As possibilidades da Cartonagem”. A cartonagem é a arte de transformar
papelão revestido com tecido em caixas e utilitários. Durante a oficina, várias
técnicas estão sendo apresentadas, assim como os instrumentos necessários para
cada ação e acessórios que podem enriquecer cada peça.
O objetivo da oficina é ampliar o
leque de produtos da Coostafe e gerar mais uma fonte de renda às internas
quando alcançarem a liberdade. A Coostafe é a primeira cooperativa formada
exclusivamente por mulheres presas no Brasil, vinculada à Superintendência do
Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Os produtos produzidos na cooperativa
são comercializados aos finais de semana na Praça da República, em Belém; na
Praça da Bíblia, em Ananindeua, e virtualmente pelo perfil @coostafe no
Instagram.
As aulas são ministradas pelo
servidor da Susipe Reginaldo Costa Cardoso, que há 25 anos aprendeu a técnica e
tem a cartonagem como hobby e também para complementar a renda. Segundo ele, a
cartonagem vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil e se aperfeiçoando com
auxílio da internet.
“São várias as possibilidades de
criação utilizando a cartonagem. São quadros, gavetas, porta maquiagem, bolsas,
tudo feito com papelão. Hoje vários cursos são disponibilizados na internet e
as detentas podem fazer para se aperfeiçoar quando estiverem em liberdade. São
produtos de apenas 20 reais utilizados na confecção da peça, que depois de
prontas podem ser vendidas por 80 reais. É sem dúvida algo muito rentável”,
explicou. As formas de como precificar os produtos também são abordadas durante
a oficina.
Nívea Oliveira da Piedade já
participou de várias oficinas e cursos no CRF. Na Coostafe ela é responsável
pela confecção das bonecas de pano. Para ela, cada aprendizado é motivo para
comemorar. “É um aprendizado novo. Fico muito feliz em aprender e pretendo
fazer o meu próprio negócio. Quando eu cheguei aqui não sabia nada, nada mesmo.
Para mim está sendo gratificante. Com certeza é daqui para melhor”, disse.
“Nós sempre procuramos trazer
novos cursos para que elas possam ampliar os seus conhecimentos, possam
planejar o seu futuro conquistando uma renda de forma digna e honesta. Além de
fazer com que elas não fiquem ociosas enquanto estão aqui dentro, que possam
estar cumprindo pena, mas aprendendo algo bom”, ressaltou Carmem Botelho,
diretora do CRF.
Além de produzir produtos
personalizados, a técnica ainda agrega valores de responsabilidade social.
“Para o início dos trabalhos elas podem utilizar também caixas de papelão, de
leite e ainda contribuir para o meio ambiente”, finalizou Cardoso.