A originalidade e autenticidade da gastronomia paraense vêm ganhando o
respeito e a admiração de profissionais da área no Brasil e no exterior. Nomes
consagrados como Alex Atala, Morena Leite e Pascal Barbot são apenas alguns
exemplos de chefs de cozinha que vieram buscar na culinária do Pará novos
ingredientes e também a inspiração para incrementar suas criações e atender o
exigente paladar dos clientes de seus restaurantes. O reconhecimento ao que
hoje representa essa riqueza é celebrado neste 25 de julho, data escolhida como
Dia da Culinária Paraense, pela Assembleia Legislativa do Pará, em projeto de
lei do deputado Fernando Coimbra, aprovado por unanimidade na casa do
parlamento estadual e sancionada em 07 de novembro do ano passado pelo
governador Simão Jatene.
O dia escolhido, 25 de julho, faz referência à data de nascimento e é
também uma homenagem à Anna Maria Leal Martins, que em meados das décadas de
1960 e 1970, quando cozinhar era considerada uma tarefa sem nenhum prestígio
social, sendo neta de um governador (José Malcher), rompeu com antigos tabus da
sociedade paraense, ao escolher a cozinha como ofício e negócio.
Seu talento era notório nos pratos diferenciados que preparava e
oferecia ao público, misturando elementos específicos dos temperos amazônicos e
das tradições repassadas por seus ancestrais. O pato no tucupi, a maniçoba, o
casquinho de caranguejo, os peixes, os doces e as frutas regionais, entre
outras comidas, ganharam destaque no restaurante Lá em Casa, um dos primeiros
de grande porte a serem implantados na capital paraense, na década de 1970.
Seu filho, Paulo Martins, ampliou o legado da mãe incorporando uma visão
contemporânea da alta gastronomia internacional. Ele globalizou a culinária do
Pará, colocando à mesa dos grandes nomes da gastronomia nacional e
internacional sabores que antes tinham um tratamento menos nobre, de menor
importância e de menor valorização. Paulo Martins foi ainda o idealizador e
criador do maior festival gastronômico do Norte do Brasil: o Ver-o-Peso da
Cozinha Paraense.
“Eu vejo esta data como um importante reconhecimento da gastronomia para
o Pará, sua cultura e economia. O momento é de comemorar. Historicamente, 30,
40 anos atrás, a gastronomia não era vista como uma cadeia de valor e fator de
desenvolvimento econômico. Hoje, inclusive, merece destaque no Plano Estratégico
de Turismo do Estado (Plano Ver-o-Pará). Em qualquer mídia social que se
observe, os posts da gastronomia paraense são os mais curtidos. Esse
reconhecimento é resultado de todo um trabalho e luta de gerações, e que nos
traz ainda maiores esperanças de um futuro com mais sucesso”, afirma a neta de
Anna Maria e filha de Paulo, Joanna Martins, hoje à frente do Instituto Paulo
Martins.
Turismo e Gastronomia - Para o secretário de Estado de Turismo, Adenauer
Góes, a gastronomia é elemento fundamental da cultura paraense e peça-chave na
formatação de produtos e rotas turísticas pela Setur. “Temos um entendimento
claro da importância da gastronomia, sob a ótica cultural, voltada a produtos
turísticos, baseado naquilo que vem sendo construído ao longo do tempo e que
propiciou esse fortalecimento da culinária paraense tanto no cenário nacional
quanto internacional. Se hoje o Pará é uma referência nesse aspecto, isso é
resultado da capacidade técnica dos chefs paraenses, dos equipamentos
oferecidos, bem como dos insumos utilizados”, explica.
A importância é tamanha que turismo e gastronomia são uma das cadeias
produtivas elencadas no Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do
Estado do Pará – Pará Sustentável 2030. Uma estratégia econômica elaborada pelo
governo Simão Jatene, com um novo modelo econômico para o estado, que visa um
crescimento ambicioso de 5% a 6% ao ano no horizonte dos próximos 15 anos. Os
investimentos estarão espalhados por todo o território e até o momento já foram
listadas 70 iniciativas, 230 ações e 1.400 marcos de implementação para o
início do projeto. Com isso, o Pará almeja dobrar o crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB), o que deve gerar um incremento aproximado de R$ 76
bilhões.
Com base nisso, a Setur hoje desenvolve e implementa a Rota do Queijo do
Marajó, Rota da Comida Ribeirinha, na região insular de Belém, e a Rota do
Peixe da Esquina, em Santarém, no polo turístico do Tapajós. Estratégias que
usam a riqueza de sabores da gastronomia paraense como fator de atração de
turistas, incremento de fluxo de pessoas e agregam valor econômico ao produto
turístico paraense.
Parte disso, inclusive, ganhará destaque na primeira etapa da Feira
Internacional de Turismo da Amazônia (FITA) 2017, que vai levar o turismo e
gastronomia paraense a São Paulo. Entre os dias 28 de agosto e 03 de setembro,
uma mostra do Pará vai desembarcar na “Terra da Garoa”. A programação pensada
pela Setur reúne ação promocional para cerca de cem operadores e agentes de
viagem, encontro de negócios e festival gastronômico com o melhor que a
original culinária paraense tem a oferecer.