É cada vez mais comum os videogames com
sensores de movimento serem usados como ferramentas para recuperação de
pacientes. Em alguns casos, os resultados surpreendem os médicos e os próprios
pacientes, que conseguem progressos na reabilitação participando de uma
atividade que empolga crianças e adolescentes em todo o mundo.
Sabrina Ferreira Cardoso perdeu o
movimento do braço em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ela
está internada no Hospital de Clínicas Gaspar Vianna há seis semanas e
participa do programa de reabilitação por meio da gameterapia. A paciente é
acompanhada nessa nova modalidade para tratamento fisioterápico, que tende a
proporcionar a recuperação física e motora de forma descontraída. “No começo
foi estranho. Nunca tinha visto videogame no hospital, depois achei bacana
porque me distrai. Acho inovador, tenho trabalhado bastante com os jogos e
tenho gostado”.
A gameterapia, também conhecida por
estudiosos como ciberterapia, é uma nova experiência de reabilitação virtual
incorporada ao tratamento de pacientes com dificuldades de coordenação motora
dos membros. O tratamento está sendo usado com o objetivo de minimizar a
ansiedade frente ao processo de hospitalização, estimulando a atividade
cerebral e favorecendo a socialização dos pacientes. A iniciativa já beneficiou
mais de 50 pacientes, entre crianças, jovens, adultos e idosos em pouco tempo
de prática.
A terapia começou a partir da doação do
aparelho por uma funcionária. Em seguida foi construída uma espécie de carrinho
para locomoção do console pelas alas e leitos do hospital. No momento os
profissionais contam com o suporte total de cinco videogames para que os
pacientes possam fazer o tratamento. Além desses aparelhos, após a postagem de
vídeos na internet sobre a nova terapia disponível, o hospital recebeu a doação
de mais aparelhos, que já estão em funcionamento. Outros equipamentos também
foram doados para o Hospital Ophir Loyola.
O fisioterapeuta Rafael Araújo diz que
os pacientes precisam ter uma movimentação ativa, já que ficam a maior parte do
tempo sem atividades. "É muito importante a estimulação física e mental
nos pacientes internados em unidade fechada. A reabilitação virtual é uma forma
dinâmica e lúdica de reabilitar e tirá-los de um desconforto e desânimo",
explica.
O tratamento vem sendo usado com
pacientes que estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), há algum tempo
internados. O paciente é avaliado por um profissional, que determina o tipo de
atividade que ele pode executar. Para a terapeuta ocupacional, Laís Leal a
gameterapia surgiu como mais uma alternativa de recurso de reabilitação.
“O paciente, às vezes, fica internado
por um longo tempo, aguardando vaga de hemodiálise, algum procedimento ou
diagnóstico, então o estresse e a ansiedade vão aumentando durante esse
período. A gameterapia surge como recurso que pode minimizar esses efeitos”,
comenta. (Colaborou a estagiária Flavia Martins)