Pará recebe Primeira Capacitação para Diagnóstico através de Recursos Moleculares





Equipes do hospital Ophir Loyola vão passar por uma capacitação inédita no Norte do Brasil, no dia 1º de setembro, com o tema “Epidemiologia e Recursos Moleculares para Diagnóstico das Infecções nos Transplantes de Órgãos”, que trará um especialista do Hospital do Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), considerado o maior centro transplantador do mundo, com a participação de pesquisadores do Instituto Evandro Chagas e do Laboratório de Biologia Molecular do HOL.

O Laboratório de Biologia Molecular do Ophir Loyola foi inaugurado em janeiro de 2016 e é o único da região voltado para assistência hospitalar. O Serviço fornece análises de biomarcadores para o diagnóstico, prognóstico e monitoramento da terapia utilizada por pacientes com câncer. Após a capacitação com o especialista da Unifesp para a utilização dos recursos moleculares de diagnóstico e tratamento, o laboratório do HOL - por meio da metodologia de PCR quantitativo em tempo real - vai conhecer uma carga de vírus, quantificar e acompanhar um diagnóstico e a resolução desse tratamento, proporcionando mais qualidade de vida para os pacientes.

Após o transplante, alguns cuidados são necessários para garantir a sobrevida do enxerto e a melhoria da qualidade de vida do transplantado como o diagnóstico precoce das doenças e o acompanhamento do paciente. As infecções virais são uma das principais causas de complicações após o transplante de órgãos e podem levar à perda do rim ou à morte dos pacientes, quando não identificada precocemente.

Com esse propósito, o diagnóstico pelos recursos moleculares são hoje de extrema importância para a identificação precoce do agente etiológico, assim como para o tratamento das infecções. Dentre as mais comuns estão aquelas causadas pelo vírus BKV, associado à nefropatia pós-transplante renal e o citomegalovírus. Essas infecções muitas vezes não podem ser contatadas com as sorologias, que indicam a presença ou não do vírus, mas não apontam se está ocorrendo a melhora ou se a infecção está intensificando agudamente.

Muitos vírus não são frequentes na população com uma boa imunidade, mas em pacientes transplantados são recorrentes devido ao uso das drogas imunossupressoras para evitar a rejeição do órgão enxertado pelo organismo, o que os deixa sujeitos a contraírem mais infecções.

Cerca de 60% a 90% da população mundial teve contato com o citomegalovírus na primeira infância, que se manifesta como uma virose e só reativa quando o sistema imunológico está enfraquecido, em mulheres gestantes ou em candidatos a um transplante, causando desde febre a uma infecção grave no pulmão, levando ao óbito do paciente ou à perda dos enxertos nos transplantados. Um outro vírus descoberto recente é o noravírus, que será relatado pelo pesquisador do instituto Evandro Chagas.

Em 18 anos de programa, o Ophir Loyola já realizou 613 transplantes de rim, com resultados iguais aos dos maiores centros transplantadores no país e do mundo, com uma média de sobrevida tanto do órgão quanto do paciente bem semelhante à preconizada na literatura pelo Sistema Nacional de Transplante. Trata-se de um serviço público único dentro de Belém com doadores vivos e falecidos, além dos ofertados em Santarém e em Redenção, com doadores vivos.

O serviço oferece uma retaguarda não só para os pacientes transplantados no Pará, mas para aqueles que foram a outros estados e retornaram para suas cidades de origem, e são acompanhados no ponto de vista da medicação, das infecções, das  intercorrências.