Até o próximo dia 15 de setembro deve
ser confirmada a empresa encarregada da operação de retirada do empurrador CXX,
da Transportes Bertolini Ltda., que colidiu com o navio Mercosul Santos na
madrugada do último dia 2 de agosto, no Rio Amazonas, no oeste do Pará. Nove
pessoas continuam desaparecidas. Militares do Corpo de Bombeiros permanecem na área
do acidente.
O para retirada do empurrador do fundo
do rio foi a principal ação da empresa TBL apresentada ao Corpo de
Bombeiros/Defesa Civil e aos familiares das vítimas durante a reunião,
encerrada no início da tarde desta quarta-feira (16), na Sala de Situação,
localizada na sede da 4ª Regional de Defesa Civil do Baixo Amazonas, no quartel
do Corpo de Bombeiros, em Santarém.
Segundo o coronel CB Francisco
Cantuária, que coordenou a discussão, “o encontro serviu para saber das
providências a serem tomadas pela empresa, pois nosso esforço é para resgatar,
com segurança, o empurrador com os possíveis corpos ainda desaparecidos”.
“Estamos mediando naquilo que é nossa competência, mas sabendo que os órgãos
envolvidos também atuarão”, acrescentou o coronel. No último sábado, o navio
Mercosul Santos foi liberado após a retirada da barcaça presa ao casco do
navio, que seguiu para Manaus (AM) no mesmo dia.
O dia 5 de setembro ficou definido como
data final para que empresas nacionais e estrangeiras, como Smit, Ardent,
Resolve, TT Salvage e Global Driving & Salvage, apresentem os planos
técnicos de salvamento, a ser autorizado pela Marinha do Brasil. Até o dia 11
de setembro, a empresa TBL avaliará as propostas dos planos apresentados. Para
isso, uma espécie de tomada de preços será lançada no mercado. No próximo dia
23 de agosto haverá nova reunião, programada para a sede do Corpo de Bombeiros.
Cronograma - Ainda pela proposta da
seguradora da empresa TBL, toda a operação de resgate do empurrador deve
ocorrer entre outubro e novembro em função do período de redução no volume do
Rio Amazonas – o que, segundo os técnicos da seguradora, garantirá menos riscos
às equipes, uma vez que a correnteza atual é de cerca de 10 quilômetros por
hora (4 a 5 nós).
Representante dos familiares, Wemerson
Almeida discordou do tempo apresentado e pediu mais transparência à empresa
proprietária do navio CXX. “Esperávamos uma data provável para a definição da
retirada do empurrador, do resgate das pessoas. Foi informado que a previsão é
para o final de outubro ou novembro deste ano”, disse.
Presente à reunião, a procuradora da
República Michele Corbe explicou a atuação do Ministério Público Federal no
caso. “Estamos atuando juntos, nós e o Ministério Público Estadual, com
atribuições específicas. Vamos averiguar eventuais crimes, seja pelos funcionários
das empresas ou por omissão dos órgãos públicos, em questões como fiscalização
e apuração”, ressaltou a procuradora.
Michele Corbe lembrou que dois
inquéritos foram instaurados, um pela Polícia Civil e outro pela Marinha. “Não
tenho conhecimento técnico para saber se a empresa demorou para agir, mas se um
perito ou especialista identificar a omissão ou demora, o MPF pode agir”,
assegurou.
Apresentação – Durante cerca de uma
hora, o técnico norte-americano David Pockett, contratado pela empresa
Bertolini, apresentou todo o processo de contratação da empresa que deve içar o
empurrador CXX, que está a uma profundidade de 63 metros, em um trecho do Rio
Amazonas às proximidades do município de Óbidos. “Entendemos a dor das
famílias, mas não podemos causar outro acidente e mais dores. Temos que
considerar os aspectos técnicos. Temos que ter transparência e responsabilidade
para não transpassar falsa expectativa”, disse o especialista, que atuou no
resgate do navio de cruzeiros Costa Concórdia, naufragado em 2012 na costa da
Itália.
O perito também atualizou as
providências referentes às informações técnicas, como velocidade da correnteza
e equipamentos a serem utilizados na operação de resgate.
Além do CBM, participaram da reunião o
capitão Ricardo Barbosa, comandante da Delegacia Fluvial de Santarém – Marinha
do Brasil; Renato Bonatelli, da empresa Bertolini; Marcio Salmin, da Marcosul
Line; Mauro Samarco, da P&I (seguradora); familiares e representantes da
Polícia Militar, Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”, Defensoria
Pública da União, Câmara Municipal de Santarém, OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).