Belém, conhecida como a cidade
das mangueiras, abriu espaço para outras espécies, como oitizeiros e ipês. O
plantio destas árvores tem sido feito periodicamente pela Prefeitura de Belém,
por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), nos mais diversos
locais. Mas uma ameaça ronda esse trabalho de manutenção da área verde da
capital: nos últimos seis meses a cidade tem sofrido com a ação de pessoas
podando estas árvores de forma irregular e até mesmo matando a espécie.
Somente neste período a Semma
recebeu formalmente 13 denúncias de danos ambientais decorrentes de poda
irregular desses vegetais, retirada de árvores, envenenamento, entre outros.
Além das denúncias protocoladas na Secretaria, pedidos de socorro chegam também
por de e-mails, aplicativos de mensagens e redes sociais.
Casos como o da Travessa 14 de
Março, esquina com a Rua Ferreira Pena, no Umarizal, onde uma castanhola foi
envenenada, têm ocorrido corriqueiramente. A copa da árvore secou e o espécime
morreu. O diretor do Departamento de Áreas Verdes Públicas (DAVP) da Semma,
Paulo Porto, informa que de 2013 a 2017 as ruas e praças de Belém receberam
5.503 novas mudas para arborização da cidade, o que representa cerca de 1.100
plantios ao ano.
“A arborização na cidade traz
diversos benefícios, dentre eles a melhora na qualidade do ar. Serve de abrigo
para pássaros, diminui a incidência de raios solares e conserva a umidade do ar
e do solo. Uma cidade arborizada é uma cidade saudável”, enfatiza o diretor.
Algumas espécies mais antigas
sofrem com a queda natural devido à ação de chuvas e ventos fortes, sobretudo.
E o corte de raízes, realizado de forma irregular, e a presença de cupins nos
tronco e ramos, concorrem para a queda de algumas árvores e determinam a
remoção desses vegetais. A Prefeitura de Belém faz a reposição das espécies
retiradas, cumprindo o que prevê o Manual Técnico de Arborização de Belém.
Irregularidades – Em 2017 foram
plantadas 1.338 árvores na cidade, sendo 68 mangueiras e 1.270 de espécies
variadas. Entre as ocorrências mais graves registradas este ano estão os cortes
irregulares, como os que ocorreram na Avenida Marques de Herval, de onde foram
retiradas, sem autorização, nove mangueiras plantadas pela Semma.
De acordo com o Plano Municipal
de Arborização Urbana de Belém (PMAB), nos termos da Lei 8909/2012, as punições
para quem for flagrado cometendo estes tipos de crimes são advertência por
escrito e multa variando de R$ 1.000 a R$ 10.000, aplicada em dobro em caso de
reincidência. A lei também prevê a aplicação de multa em dobro quando o crime
ocorre contra árvores cuja espécie ou espécime seja protegida legalmente ou
tombada, como no caso das mangueiras.
Para a comerciante Ana Cristina
Moraes, moradora do bairro de Batista Campos, atos de vandalismo devem ser
levado a sério. “Moro nessa área da (Avenida) Conselheiro Furtado há mais de
vinte anos, aqui somos privilegiados por esses corredores verdes, eles nos dão
sombra e ar puro. É uma pena a falta de cuidado da própria população, que não
dá o devido valor às nossas árvores centenárias. Uma certa pessoa tentou
destruir a árvore que foi colocada ali no canto e nós denunciamos. Nós
(moradores) não deixamos e isso gerou uma grande confusão”, relembra.
De acordo com a Semma, nos casos
em que foi possível identificar os responsáveis pelo crime foram lavrados autos
de infração e os processos estão em andamento. Nos casos que envolverem
mangueiras, deverá ser aplicada multa máxima.
Paisagismo - A Prefeitura criou o
projeto “Florir Belém”, que visa à implementação e manutenção do paisagismo e
plantio de mudas arbustivas nos logradouros e diversos espaços públicos da
cidade. A ação tem como foco não somente embelezar a cidade, mas incentivar a
relação das crianças com o meio ambiente, ensinando sobre a importância de
plantar e cuidar do que é delas.
O projeto “Florir Belém”
atualmente trabalha na manutenção da arborização de espaços na cidade e garante
reparos em algumas áreas que favorecem o encharcamento das raízes das
mangueiras, como forma de prevenir a queda dessas árvores.