Integrantes da Coordenação de
Mobilização Social da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) abriram o
cronograma da Campanha de Enfrentamento aos Acidentes de Motor com
Escalpelamento, como parte das ações preventivas para o período do carnaval
2018.
A mobilização se estenderá até a
quarta-feira de cinzas, dia 14, e inclui visitas nos cais de Abaetetuba, Soure,
Barcarena, São Domingos do Capim, Igarapé-Miri, Moju, São Sebastião da Boa
Vista e Curralinho, a partir desta sexta-feira (9), com atuação de técnicos dos
Centros Regionais da Sespa e das equipes de cada secretaria municipal de Saúde
envolvida.
O objetivo da campanha é orientar
a população que costuma viajar de barco, aproveitando o grande fluxo de pessoas
que deixa as cidades rumos aos interiores no feriado de Carnaval, para prevenir
os casos de escalpelamento, acidente causado pelo eixo exposto dos motores das
embarcações que atinge principalmente as mulheres e menimas reibeirinhas. Além
de arrancar parte ou todo o couro cabeludo, causando intenso sofrimento físico
e psicológico nas vítimas, esse tipo de acidente pode levar à morte.
Grande parte delas vítimas é
oriunda de 42 municípios localizados entre o Arquipélago do Marajó e o oeste
paraense. O balanço dessas ocorrências mostra a eficácia do trabalho que vem
sendo feito. De 1982 até dezembro de 2014 foram registrados 409 casos de
escalpelamento, contra 11 em 2015, seis em 2016 e um caso registrado em agosto
de 2017, em Portel.
A maior parte dessas vítimas é de
ribeirinhos, que têm no barco seu principal meio de transporte. O trabalho
consiste na orientação dessa população acerca das medidas preventivas que podem
evitar esses acidentes. A meta da Sespa é zerar esse tipo de ocorrência no
Pará. “O objetivo é mostrar que a adoção de hábitos simples pode salvar vidas,
como fazer um 'pitozinho' no cabelo, usando de uma linguagem que o povo
compreenda de imediato”, explica Socorro Silva, coordenadora de Mobilização
Social da Sespa.
No campo preventivo, a Sespa vem
se empenhando em combater o escalpelamento, sobretudo há dez anos, quando foi
criada a Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento, que
já promoveu, entre outras atividades, a ação de cobertura de carenagens, feita
pelos militares da Capitania dos Portos, responsável pelas ações de segurança
naval nos rios do Pará. A colocação de proteção no eixo do motor, procedimento
feito em parceria com a Sespa, tornou-se obrigatório em 2009, por meio de lei
federal.
Desde então, mais de três mil
embarcações receberam proteção nos eixos. A instalação não tem custo para o
dono dos barcos, porque é patrocinada por empresas privadas. A medida é um
reflexo de dez anos de campanhas preventivas, que contaram ainda com a adesão
de grupos de mestres carpinteiros, responsáveis pela construção de pequenas e
médias embarcações utilizadas como principal meio de transporte de quem vive
nas áreas onde os rios, furos e igarapés são as únicas 'estradas' disponíveis -
e que corresponde a 63% dos municípios paraenses.
Tanto na capital como no interior
as informações preventivas são reforçadas em outras vésperas de datas
especiais, como as férias escolares de julho, Círio e Natal. Na oportunidade,
também são divulgadas informações sobre o atendimento às vítimas, que hoje é
oferecido pelo Programa de Atenção Integral às Vítimas de Escalpelamento
(Paives), realizado na Santa Casa, em Belém, e sobre o acesso ao Tratamento
Fora de Domicílio (TFD), um benefício fornecido pelos municípios aos pacientes
que precisam cuidar das sequelas fora da cidade de origem.
A Campanha de Enfrentamento aos
Acidentes de Motor com Escalpelamento Carnaval 2018 é uma realização da Sespa,
por meio da Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde (DPAIS), em
parceria com a Comissão de Erradicação dos Acidentes de Motor com Escalpelamento
(CEEAE), composta pela Secretaria e por mais oito órgãos e entidades
envolvidas.