Exposição arqueológica marca entrega da Fortaleza de Santo Antônio do Gurupá (PA)



Partindo da necessidade premente de restaurar um bem cultural da importância da Fortaleza de Santo Antônio do Gurupá (PA), que data da metade do século XVII, a parceria firmada entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Museu Paraense Emílio Goeldi foi além e gerou um rico trabalho de pesquisa arqueológica. Esses resultados serão conhecidos nesta sexta 20 de abril, durante a inauguração da Fortaleza e a abertura da exposição Gurupá na Encruzilhada da História, que apresenta ao público os achados arqueológicos realizados durante as ações de recuperação.

Foram investidos na recuperação do bem cultural mais de R$2,7 milhões, sendo cerca de R$1,27 milhão de recursos do Iphan e o restante, R$1,5 milhão, do Fundo Nacional de Cultura. Para garantir o uso sustentável da edificação, de propriedade da Prefeitura de Gurupá, após a inauguração, deverá sera sede da Secretaria de Cultura e um museu arqueológico aberto à visitação.

A colaboração entre Iphan e Museu abarcou também diversos aspectos da região, por meio do Projeto OCA – Origens, Cultura e Ambiente, em andamento desde 2014, quando começou a parceria. Além da recuperação dos vestígios arqueológicos, que contou com a anuência da comunidade envolvida, o projeto possibilitou o desenvolvimento de ações de educação patrimonial, o registro de coleções arqueológicas sob a guarda de moradores locais, a curadoria e salvaguarda dos materiais. Até o momento foram identificados mais de 50 sítios arqueológicos na região, alguns deles pesquisados mais intensivamente com mapeamentos e escavações detalhadas, como é o caso da Fortaleza de Santo Antônio do Gurupá. A visão ampla do projeto para além dos muros do Forte levou à percepção de que a cidade de Gurupá está quase toda assentada em um grande sítio arqueológico.

Diante desse contexto, as ações do Iphan e do Museu no Forte se concentraram também na sensibilização da população de Gurupá, como gestores locais, professores e a comunidade em geral sobre a história e a importância do local. Esse trabalho é necessário, pois o envolvimento da população é fundamental para viabilizar a preservação e o uso sustentável dos bens culturais e já tem mostrado seus frutos no crescimento da Arqueologia na região, com o apoio que os pesquisadores receberam dos moradores no período.

Histórico da Fortaleza e intervenções
A Fortaleza de Santo Antônio, tombada pelo Iphan em 1963, hoje tem papel central na identidade da população de Gurupá. Construída em meados do século XVII, após a fundação de Belém, em 1616, a origem da fortificação remonta ao momento em que as forças lusitanas direcionaram-se a Corupá, na boca do rio Amazonas, para expulsar os holandeses instalados em uma construção fortificada armada num lugar conhecido como Mariocai. Vencedores, os portugueses restauraram as paliçadas e o forte provisório, ao qual deram o nome de Santo Antônio do Corupá. Na época, a construção não passava de um pequeno reduto de taipa e pilão, protegido por uma paliçada de madeira, onde se assentavam peças de artilharia e uma guarnição. Ao longo dos séculos, o local passou por diversas modificações, entre momentos de abandono e propostas de restauração e uso para proteção da região de invasores.

A reforma do bem teve início em 2014. Um dos focos da obra era controlar a erosão que ocorria na encosta em que o forte está localizado, abarcando contenção da encosta e reforma da edificação. Foi feita a recuperação da muralha, com remoção da vegetação enraizada e recuperação de trechos desmoronados. Também foram reconstruídas as esquadrias, piso, forro e telhado, substitui-se as instalações elétricas, implantou-se sistema de proteção contra descargas atmosféricas e houve recuperação das peças metálicas. Para a contenção foi construído muro de arrimo.