Pesquisadores registram pela primeira vez presença de peixe-boi raro no Pará


A Amazônia acaba de receber visitantes ilustres: uma espécie de peixe-boi marinho tem “nadado” por aqui. Na costa da cidade de Curuçá, há 130 km de Belém, uma fêmea e seu filhote nadam tranquilamente. Biólogos, veterinários e ambientalistas do Grupo de Pesquisa em Biologia e Conservação de Mamíferos Aquáticos da Amazônia (BioMA) registraram  pela primeira vez não apenas a presença da espécie de mamífero aquático na região, como atestaram o bem estar dos animais.

De acordo com Gabriel Melo-Santos, integrante do BioMA, pesquisadores já haviam sido notificados sobre avistamentos de peixes-boi pela comunidade local, ossadas também haviam sido encontradas em algumas praias do Pará e até mesmo há relatos da presença de um filhote híbrido na ilha do Marajó, mas encontrar os animais foi surpreendente.

Mãe e seu filhote - “Eram dois e saíram bem da água. Registramos perfeitamente a mãe e seu filhote, já juvenil. Estão livres, saudáveis e se alimentando bem a partir de algas e de vegetação aquática. Logo constatamos que se tratava realmente de uma espécie de peixe-boi marinho, o que é inédito para a costa paraense”, afirma animado o biólogo. As imagens da “família” aquática foram registradas na última segunda-feira, 21 de maio. Até então, peixes-boi marinhos eram avistados apenas no nordeste do Brasil.

A partir da descoberta, os pesquisadores passarão a acompanhar os animais usando vários métodos afim de entender como se dá a ocorrência desta espécie na costa paraense. “Sabemos que eles podem adentrar corpos d’água doce para beber, quando a água esta muito salinizada, mas não temos como saber o que acontecerá com eles: se irão permanecer pela região ou se são os únicos. Vamos iniciar imediatamente a pesquisa sobre essa ocorrência, agora que está confirmada, e tentar entender, saber mais sobre isso”, assegura o pesquisador.

O caminho até os peixes-boi marinhos – A descoberta da nova espécie no Pará ocorreu por uma rede de apoio e proteção à vida aquática. Moradores da região de Curuçá avisaram a Secretaria do Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sesmas) sobre a presença dos animais, que por sua vez pediu apoio àchefia de coordenação de fauna da Semas. Em Belém, o órgão estadual avisou os pesquisadores do BioMA sobre a presença dos peixe-boi marinhos.
“Os primeiros relatos indicavam que eles poderiam estar em sofrimento, presos em currais ou encalhados. Uma das nossas pesquisadoras que mora em Marapanim e uma equipe com veterinários e biólogos, além de integrantes da Sesmas foram imediatamente ao local. Também compuseram essa equipe dois moradores da região que nos indicavam onde os animais eram mais avistados nos últimos 30 dias. A presença de todos foi determinante”, narra Gabriel Melo-Santos. O grupo foi de carro até Curuçá e de barco observando toda a costa, de Motucalaté a área da comunidade de Tapari, onde os peixes-boi estavam.

O trabalho em equipe continua e devem participar do grupo de pesquisa e monitoramento dos peixes-boi marinhos no Pará os pesquisadores do BioMA, o qual conta com pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA); representantes Resex Mãe Grande de Curuçá e ainda da Semas, além do apoio fundamental dos moradores da Vila de Motucal e Tapari.

Serviço:
Saiba mais sobre o BioMA e o trabalho de proteção aos mamíferos aquáticos na Amazônia
Informações no site (https://bioma-research.weebly.com/) do BioMA, intagram: @institutobioma, e facebook: biomaufpa.
Contato: bioma.ufpa@gmail.com

* Assessoria de Comunicação da UFPA