Com as restrições no
abastecimento de diversos produtos e insumos impostas pelo movimento de
paralisação de caminhoneiros em todo o país, o Governo do Estado anunciou nesta
terça-feira (29), em coletiva para a imprensa, novas medidas por conta do
momento que passa o país, especialmente nas áreas de saúde, fornecimento de
água e segurança.
Para garantir que não haja
problema nos atendimentos de urgência e emergência do Estado, o secretário em
exercício da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), Arthur Lobo anunciou que as
cirurgias eletivas marcadas, serão reagendadas, para quando a situação seja
normalizada. “Precisamos priorizar a urgência e emergência. Hoje nossos
hospitais regionais de média e alta complexidade ficaram prejudicados, mas é
importante que a população saiba que estamos abastecidos com gases medicinais,
material médico-hospitalar, alimentação e geração de energia. Não corremos
risco de paralisar os atendimentos, mas para isso é necessário o reagendamento
dessas cirurgias. Assim conseguiremos manter o atendimento à população,
racionando o uso dos insumos”, detalhou. Além da questão do abastecimento,
outro ponto que foi determinante para esta decisão é o baixo estoque de sangue
do Hemopa. “Com a crise, as pessoas estão evitando se deslocar. Com isso, os
estoques de sangue baixaram muito e para fazer procedimento cirúrgico é
necessário ter um estoque mínimo”, destaca Lobo.
A falta de alimentos é outra
preocupação nos hospitais, já que alguns hortifrutigranjeiros, utilizados no
preparo das refeições dos pacientes podem faltar por conta da greve. “Ainda
temos estoque de alimentos em alguns hospitais por 10 dias e em outros por até
30, mas por prevenção resolvemos adotar algumas medidas para evitar a falta.
Uma delas é pedir a colaboração dos acompanhantes de pacientes e dos nossos
colaboradores para que façam suas refeições fora do hospital, deixando assim a
prioridade para os pacientes, que têm uma tabela nutricional a ser seguida bem
mais rigorosa e onde a alimentação faz parte do tratamento”, explicou Arthur
Lobo.
Além destas medidas preventivas,
a Sespa está atuando em conjunto com outros órgãos do Governo do Estado, Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal e Exército para garantir abastecimento de
ambulâncias no interior do Estado.
Comboios
Nesse sentido, 33 cidades do
interior do estado, que compõem o 3º, 4º e 5º Centros Regionais de Saúde (CRS),
serão beneficiadas com a ação realizada na manhã de hoje, quando dez caminhões
transportando combustível seguiram para abastecer os municípios, priorizando os
veículos de saúde e segurança.
Fazem parte do 3° CRS os
municípios de Curuçá, Igarapé-Açu, Inhangapi, Magalhães Barata, Maracanã, São
Francisco do Pará, Marapanim, São Domingos do Capim, São João da Ponta e Terra
Alta, tendo como base Castanhal.
O 4º CRS tem como polo o
município de Capanema e é formado também pelas cidades de Augusto Corrêa,
Bragança, Cachoeira do Piriá, Nova Timboteua, Ourém, Santa Luzia do Pará,
Santarém Novo, São João de Pirabas, Tracuateua e Viseu. Já os municípios de São
Miguel do Guamá, Aurora do Pará, Capitão Poço, Dom Eliseu, Garrafão do Norte,
Ipixuna do Pará, Irituia, Mãe do Rio, Nova Esperança do Piriá, Paragominas e
Santa Maria integram o 5º CRS.
De acordo com o secretário em
exercício, Arthur Lobo, a ação é necessária para a manutenção dos serviços de
urgência e emergência nas unidades de saúde. “É fundamental esse apoio, uma vez
que os municípios fazem a atenção básica, mas a média e alta complexidade é de
competência do Estado e nós precisamos manter esse transporte para os
municípios polos, como Salinas, por exemplo”.
O comboio é escoltado por mais de
200 agentes, entre homens do Comando Militar do Norte, Polícia Rodoviária
Federal (PRF), Polícia Militar e Grupamento Aéreo de Segurança Pública
(Graesp). Os caminhões com combustíveis saíram do Porto de Miramar, na capital
paraense, por volta de 7h.
Novas operações para atender
outras regiões
O secretário adjunto de Gestão
Operacional da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social
(Segup), André Cunha garantiu que novas operações serão realizadas, ainda esta
semana, para levar combustíveis e insumos para outras regiões do Estado. “A
próxima operação será para o eixo sul e sudeste do Pará, partindo de Marabá e
atenderá aos municípios que estão totalmente desabastecidos, onde a população
está mais prejudicada. Sem combustível prejudicamos o atendimento de saúde, o
transporte escolar, o Corpo de Bombeiros e outras áreas prioritárias”,
comentou.
Ainda de acordo com André Cunha,
essas operações serão realizadas para atender à população de todo o Estado com
diversos itens essenciais. “Daqui para frente vamos continuar realizando
operações dessa natureza para levar não só combustível, mas todos os itens
prioritários para atender à população dessas cidades. Tudo está sendo tratado
com a liderança do movimento dos caminhoneiros, que foi compreensiva conosco.
Eles têm a leitura de que os serviços básicos precisam ser mantidos e não
fizeram qualquer objeção as nossas operações”, explicou.
A ação atende ao Decreto
Presidencial 9.382, de 25 de maio de 2018. “Estamos hoje acatando o decreto
presidencial dentro do nosso princípio da legalidade para atender os locais que
se encontram desabastecidos de combustível, priorizando as ações da saúde”,
finalizou o chefe do Estado Maior do Comando Militar do Norte, general Cláudio
Penkal.
Abastecimento de água
O presidente da Companhia de
Saneamento do Pará (Cosanpa), Claudio Conde, também participou da coletiva e
anunciou algumas medidas preventivas que estão sendo tomadas devido à crise
nacional de abastecimento. Dos 53 municípios do Estado que têm o abastecimento
de água realizado pela Cosanpa, mais de 90% segue com operação ocorrendo
normalmente. Mas em quatro deles – Bragança, Dom Eliseu, Itaituba e Conceição
do Araguaia – os produtos químicos não chegaram, pois as cargas ficaram retidas
nas estradas federais, vindo de outros Estados. “Com isso, a Cosanpa não vai
interromper o fornecimento de água, mas alerta a população que filtre e ferva a
água por cinco minutos antes de qualquer consumo”, informou Claudio Conde,
presidente da Cosanpa.
Segundo ele, a Companhia não
recebeu a carga de policloreto de alumínio (usado na limpeza da água) e do
cloro-gás (produto que elimina bactérias). “Nosso carregamento ficou preso em
caminhões que participam da greve. São produtos que vêm de Recife e Anápolis.
Estamos em contato com os fornecedores e com o apoio da Polícia Federal e do
Exército faremos a escolta das carretas que trazem esse material. Uma está em
Santa Luzia do Pará e a outra em Teresina, no Piauí. Assim, evitaremos que o
problema persista”, detalhou.
A Cosanpa esclareceu ainda que na
capital paraense e nos demais 48 municípios atendidos pela companhia, a
situação está sob controle, pois há um estoque maior dos produtos químicos. E
permanecerá atuando para que suas atividades continuem sem interrupção.
Educação
A Secretaria de Estado de
Educação (Seduc) informa que não procedem informações que circularam nas redes
sociais sobre suspensão das aulas em função da greve de caminhoneiros. A Seduc
gerencia o Transporte Escolar de cinco municípios: Vigia, Igarapé-Açu,
Bragança, Novo Repartimento e Belém (região as ilhas) e, segundo levantamento
realizado pela secretaria, nesses municípios não houve suspensão de aulas nesta
segunda-feira (28).