Um total de 50 presos custodiados
na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI) trabalham na limpeza e
manutenção dos diversos canais que cortam a cidade de Belém. A ação faz parte
do projeto “Puxirum”, desenvolvido pela Superintendência do Sistema
Penitenciário do Estado (Susipe), em parceria com a Prefeitura de Belém,
através da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan).
Do início do ano de 2018 até
agora, já foram retiradas mais de 40 toneladas de lixo e entulhos dos canais da
cidade. Em 2017, os detentos ajudaram no trabalho de retirada de mais de 800
toneladas de lixo, em uma extensão que ultrapassa 33 Km, indo dos canais Água
Cristal, Galo, Visconde, Antônio Baena, Travessa 3 de Maio, Jacaré, Una e São
Joaquim.
Os detentos trabalham de segunda
a sexta-feira, durante seis horas por dia, fazendo serviços de roçagem,
retirada de entulhos de bueiros e canais, além de limpeza do meio-fio. O
trabalho é acompanhado por um fiscal da prefeitura e por dois agentes
penitenciários. Todos são remunerados e recebem o benefício da remissão de
pena, que consiste na redução de um dia da sentença a cada três trabalhados.
Esta semana, as ações de limpeza
acontecem no canal São Joaquim, da Passagem Mirandinha até a travessa Alferes
Costa, no bairro da Sacramenta. O detento Anderson Silva, de 33 anos, participa
pela primeira vez do projeto.
“Trabalhava há dois anos na casa
de farinha, dentro da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel, e agora ganhei
essa oportunidade da Justiça de poder sair para trabalhar do lado de fora. Como
já tinha uma experiência em trabalho, antes de vir parar no cárcere, fico
satisfeito em poder voltar a produzir e ter a chance de cumprir o restante da
minha pena com dignidade e voltar para a minha família de cabeça erguida”,
conta o detento que após cumprir dez anos de pena já esta com o pedido da sua
condicional para o próximo mês.
Para o técnico ambiental da Sesan,
Aldenor França, a experiência em trabalhar com os detentos é produtiva, porque
eles têm boa produtividade e força para o serviço. “Já estamos trabalhando com
eles há alguns anos e sem dúvida a força de trabalho e a produtividade deles é
sem comparação. Conseguimos encher durante um dia, três caçambas de lixos e
entulhos que fazem o trajeto duas vezes para recolher o que foi retirado”,
relatou.
Há cinco anos, o projeto Puxirum
é um meio de reintegrar o preso à sociedade e de promover uma atividade laboral
a eles. “Os nossos projetos têm por finalidade oferecer aos detentos a
oportunidade de trabalho e capacitação, para que possam retornar a sociedade
com novos hábitos e com outra perspectiva de vida. Além de mostrar à população,
que um dia foi prejudicada por uma ação deles, que é possível se reintegrar, de
forma digna, e produzindo para o bem da comunidade”, afirma o diretor de
Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni.
Para o detento Jorge Sacramenta,
40 anos, que cumpre pena há nove anos, os projetos abriram novos horizontes e a
possibilidade de mudar de vida. “Trabalhei em vários projetos dentro do sistema
ao longo desses nove anos de pena, e isso pra mim foi um grande benefício,
porque além de diminuir a tensão de estar preso, pude através do meu trabalho,
mostrar que já estou regenerado e arrependido da vida que levei um dia. O
trabalho me deu a oportunidade de ser bem visto novamente”, afirmou.