Rodovia BR-316 será requalificada e transformada em Avenida




Com cinco décadas de existência, a Rodovia BR-316 é precária, tanto pela conservação, como pela obstrução em diversos pontos em função da ocupação não planejada de suas margens, principalmente a partir da década de 1970, quando muitas empresas comerciais se instalaram nos primeiros quilômetros. Agora, o governo do Estado propõe um projeto arrojado, que trará uma grande reforma estrutural, desde a defasada rede de drenagem, contemplando quatro áreas de contribuição adjacentes à rodovia, correspondente a 433 hectares, até os chamados retoques finos, como paisagismo e moderna rede de iluminação pública em LED. Os serviços abrangem os municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, em 10,8 km de extensão.

Para resolver a recorrente questão dos alagamentos serão construídos dispositivos de drenagem necessários para coleta e condução dos efluentes, como sarjetas, bocas de lobo, caixas de inspeção e passagem, e tubulação de drenagem profunda, com diâmetros entre 800 mm e 1.500 mm, para lançamentos do sistema de drenagem nas vias secundárias adjacentes à Rodovia BR-316.

As obras de reconstrução e requalificação incluem pistas com três faixas de rolagem nos dois sentidos, com pavimento flexível, duas ciclovias bidirecionais, gramado próximo à ciclovia para arborização, dois passeios para circulação de pedestres com 2,5m de largura, faixa de piso tátil e rampas de acessibilidade, de acordo com a legislação vigente, além de mobiliário urbano (bancos, lixeiras e abrigos em paradas de ônibus convencionais).

O projeto prevê também o remanejamento de diversas interferências para realização do conjunto de obras, incluindo demolições, retiradas, relocações, reinstalações e requalificação de vias e calçadas. Dentre essas interferências estão às redes da Companhia de Saneamento de Belém (Cosanpa), Celpa (concessionária de energia elétrica), as empresas de telefonia e de serviços de internet (OI/TIM/Embratel/ORM Cabo/Vivo), redes de dados da Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado (Prodepa) e da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), incluindo a substituição de cabos de fibra óptica para interligação do Instituto Evandro Chagas.

Licitação

O governo do Estado, por meio do Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM), deu início em 4 de maio a última etapa da licitação para a nova Rodovia BR-316 e infraestrutura do BRT (Bus Rapid Transit) Metropolitano, com a abertura das propostas de preço da Licitação Pública Internacional nº 001/2017- NGTM. Participaram dessa última etapa do certame as empresas Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A., que apresentou proposta de preço no valor de R$ 384.607.698,55, e o Consórcio Mobilidade Grande Belém (Construtora Marquise S.A./Comsa S.A.), com R$ 534.436.913,29. As propostas técnicas estão em conformidade com as diretrizes do agente financeiro, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).

Tão logo sejam encerrados os trâmites licitatórios, o governo do Estado começará os trabalhos na rodovia, pois as obras já contam com recursos da Jica e contrapartida do Estado. O projeto representa um investimento de R$ 525 milhões, e faz parte de um sistema de mobilidade urbana que funcionará integrado a outros projetos executados pelo governo estadual.

O início do processo licitatório para execução das obras só foi possível após o presidente Michel Temer assinar, no dia 09 de novembro de 2016, a autorização delegando o trecho inicial da BR-316 ao Governo do Pará, com 16,3 quilômetros de extensão, perímetro que vai do Entroncamento até o município de Benevides, na interseção com a entrada para o Distrito de Benfica, além da Alça Viária.

Requalificação

Dentro da perspectiva de promover a completa e necessária requalificação da BR-316 ao longo desses 10,8 km, utilizados diariamente por milhares de moradores da Região Metropolitana de Belém, também haverá intervenção para instalação das pistas exclusivas do Bus Rapid Transit – BRT Metropolitano, das estações e passarelas ao longo do atual canteiro central da via. Esse projeto é estimado em 220 milhões de reais (equivalente a 42% do total licitado). Faz parte também desse projeto, dois terminais do BRT e o Centro de Controle Operacional - CCO, sendo destinados a esses 80 milhões de reais.

O Centro e o Sistema de Controle Operacional serão construídos e instalados em prédio novo, exclusivamente destinado a essa função, e abrigarão mão de obra qualificada, equipamentos e sistemas eletrônicos para rede de comunicações (incluindo sistemas de CFTV para monitoramento de Segurança), bloqueios de acessos a estações e terminais, painéis de mensagens, controles de portas automáticas e contagem de passageiros, além de centralizar o controle dos semáforos. O Centro de Controle Operacional (CCO) será instalado na Avenida Augusto Montenegro, KM-09, em área com mais de 4 mil m2, para centralizar o controle da operação do Sistema Troncal de Ônibus da RMB e dentro dos padrões ecologicamente corretos.

As obras do Sistema Troncal de Ônibus da RMB, o chamado Corredor BR-316, é um empreendimento destinado à implantação de um sistema integrado de transporte metropolitano por ônibus, além da infraestrutura física, operacional e de gestão do sistema. Esse empreendimento inclui pistas exclusivas para ônibus do BRT, pavimentadas em concreto, com duas faixas por sentido nas estações de passageiros, a fim de permitir a ultrapassagem, as estações de passageiros em plataforma nivelada com o piso desses ônibus e as passarelas de acesso às estações.

Sistema Complementar

Para complementar essa estrutura operacional, o projeto prevê ainda construção de quatro túneis de acesso subterrâneo aos terminais e o viaduto de Ananindeua, que permitirá a ligação direta entre as áreas ao sul da BR, como conjunto Julia Seffer e Aurá à Cidade Nova. Para a construção desse sistema complementar serão destinados recursos na ordem de 80 milhões de reais (equivalente a 15% do total licitado),também contemplados pelo financiamento da Jica.

 Para garantir fluidez e segurança do trânsito foi necessária a concepção de passagens subterrâneas para acesso aos Terminais de Ananindeua e Marituba, e viaduto sobre a Rodovia BR-316, facilitando o acesso dos ônibus do BRT da pista central aos terminais, e interligando a área do Terminal de Ananindeua e a pista de pavimento flexível da BR-316 às vias da malha atualmente existentes.

O novo sistema de transporte urbano reduzirá em cerca de 50% o tempo de viagem do destino ao centro de Belém, e vice-versa. O ponto inicial do BRT será o Terminal Marituba. Já em Ananindeua, o terminal ficará no KM-6,5 da rodovia, em frente à sede campestre da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil). Nesses terminais serão ofertados serviços à população, como o “NavegaPará”, que garante acesso gratuito à internet sem fio (Wi-Fi), e a “Estação Cidadania”.

“Esse grande projeto de mobilidade urbana trará uma nova realidade para a Região Metropolitana e, claro, trará mais conforto, segurança e qualidade de vida para a população. E futuramente, como vem acontecendo em diversas metrópoles, teremos condições de realizar apenas ampliações, melhoramentos e adequações de sistemas tipo BRT.”, avalia o diretor geral do NGTM, Cesar Meira.