A Secretaria de Estado de
Saúde Pública (Sespa), em conjunto com a Agência de Defesa Agropecuária do
Estado do Pará (Adepara) e Ministério da Saúde, realiza o trabalho de
investigação e prevenção da raiva humana no município de Melgaço, no
Arquipélago do Marajó. As ações se concentram na localidade de Rio Laguna, a
cerca de 70 quilômetros de Melgaço, onde residem aproximadamente mil pessoas.
A Sespa emitiu um Alerta
Epidemiológico, que foi divulgado e enviado aos 13 Centros Regionais de Saúde.
Segundo o alerta, “é preciso identificar precocemente a existência de agressões
por morcegos hematófagos em humanos ou em animais no peridomicílio (área
externa da moradia) com vistas à adoção, em tempo hábil, das medidas de
controle pertinentes, tais como controle de quirópteros (morcegos), profilaxia
da raiva humana e bloqueio animal”.
O coordenador estadual de
Zoonoses da Sespa, Fernando Esteves, explica que a finalidade desse alerta é
informar sobre a situação da raiva no Brasil e no Estado do Pará para que
todos, sejam profissionais da Atenção Básica, da Vigilância Epidemiológica, da
Assistência, da Agricultura, ou pessoas da comunidade, percebam a importância
de notificar, imediatamente, essas agressões aos serviços de saúde, evitando a
ocorrência de raiva humana.
“Dessa forma, para se evitar
casos de raiva humana, como os que estão ocorrendo no município de Melgaço, é
fundamental que a pessoa, vítima de mordedura ou arranhadura de animais, sejam
eles de estimação (cães ou gatos) ou silvestres (macacos, quatis, morcegos,
entre outros), procure, imediatamente, o serviço de saúde mais próximo de sua
casa para receber orientações e iniciar a profilaxia da raiva humana com vacina
e/ou soro antirrábicos conforme o caso”, orientou o coordenador estadual.
A doença - A raiva é uma
antropozoonose transmitida ao homem pela inoculação do vírus presente na saliva
e secreções do animal infectado, principalmente, pela mordedura. O vírus atinge
o sistema nervoso periférico e migra para o Sistema Nervoso Central (SNC),
levando a um quadro clínico característico de encefalomielite aguda, decorrente
da sua replicação viral nos neurônios. A partir do SNC, dissemina-se para os
diversos órgãos e glândulas salivares, onde se replica e é eliminado na saliva
das pessoas ou animais infectados.
No que tange à
suscetibilidade, a infecção é geral para todos os mamíferos. Não há relato de
caso de imunidade natural nos seres humanos. A imunidade é adquirida pelo uso
da vacina. Por isso é importante que a pessoa procure o atendimento médico rapidamente.
Ações – Sobre a situação em
Melgaço, o secretário de Estado de Saúde Pública, Vitor Mateus, disse que o
governo do estado, por meio da Sespa e da Agência de Defesa Agropecuária do
Pará (Adepará), prossegue com as ações de controle da raiva nas comunidades às
margens do rio Laguna. “Até o momento, 700 pessoas e 120 cães e gatos foram
vacinadas com vacina antirrábica. Também já foram capturados 50 morcegos
hematófagos que foram impregnados com veneno e soltos novamente para que
contaminem as colônias”, informou o titular da Sespa.
Todos os casos notificados
pela Secretaria de Saúde como suspeitos para raiva humana apresentam quadro
semelhante, com sinais e sintomas como febre, dispnéia, cefaléia, dor abdominal
e sinais neurológicos como paralisia flácida ascendente, convulsão, disfagia
(dificuldade de deglutir), desorientação, hidrofobia e hiperacusia
(sensibilidade a sons, principalmente agudos).
Casos confirmados de raiva
humana no Pará não ocorrem desde 2005, quando 15 casos foram registrados no município
de Augusto Corrêa e três em Viseu (nordeste paraense).
Mordidas em animais – Equipes
estão em campo com ações de controle e prevenção da doença junto aos produtores
rurais da região atingida em um raio de 12 quilômetros a partir do foco da
doença.
O Programa Estadual de
Controle da Raiva de Herbívoros (PECRH) atua no controle da ocorrência da
doença em animais de interesse produtivo, tendo como objetivo reduzir a
prevalência da doença na população de herbívoros domésticos.
A gerente do Programa,
Arlinéia Rodrigues, explica que a Adepará trabalha no combate a raiva de
herbívoros. No caso das ações no Marajó, a Agência dá apoio na área externa ao
foco da doença, na comunidade de Rio Laguna, realizando a captura de morcegos
em conjunto com a equipe da Sespa.
A gerente comenta que o
trabalho da Adepará se concentra na vigilância, investigação e educação no
combate a doença. “Na região do foco não existem animais de produção, nós temos
conhecimento da existência de dois búfalos utilizados para o trabalho de
tração, então estamos realizando a vacinação de bubalinos nas áreas próximas do
foco e fazendo educação sanitária”, explica a gerente. Quatro equipes composta
por sete técnicos e uma agente veterinária estão em campo realizando o
trabalho.
Arlinéia também explica que a
doença é endêmica no Brasil, mas que precisa ser controlada. Para este
controle, a Adepará pede aos produtores que, no caso de algum animal ser
mordido por morcego, deve fazer o comunicado à Adepará.
“Qualquer doença que venha a
acometer os animais, qualquer sintomatologia nervosa como um andar cambaleante,
cegueira, o produtor deve comparecer à Adepará, pois o nosso pessoal é treinado
e capacitado para ir na propriedade e fazer a investigação, uma análise clínica
para determinar qual é a doença”, recomenda.
* Com a colaboração de Roberta
Vilanova - Ascom Sespa