Prefeitura apreendeu mais de 730 carroças utilizadas para sujar a cidade



Concluído o primeiro semestre de 2018, a Prefeitura de Belém, com apoio do Batalhão de Polícia Ambiental, apreendeu 150 carroças utilizadas para descartar lixo e entulho na via pública. Desde 2013, mais de 730 deste transporte irregular, chamados de “boi sem rabo”, como são popularmente conhecidos, saíram de circulação. As operações são coordenadas pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) com participação da Guarda Municipal.

As carroças são normalmente utilizadas por trabalhadores informais que realizam serviços de limpeza particular e abastecem mais de 600 pontos de descarte irregular contabilizados pela prefeitura. “São justamente nesses locais comuns de descarte onde atuamos na fiscalização para combater este crime ambiental passível de multa e até prisão em casos mais graves”, explicou José Argentino, chefe de fiscalização da Sesan.

Esta semana, a fiscalização percorreu vias dos bairros da Cremação, São Brás, Guamá e Marco. No entorno do Cemitério Santa Isabel, na manhã desta quarta-feira, 18, um carroceiro teve a carroça apreendida após descartar caroços de açaí na esquina da travessa Barão de Mamoré com rua Paes de Souza, Guamá. “Este carroceiro já vinha sendo monitorado há mais de 15 dias e conseguimos fazer o flagrante. Além de açaí ele costumava descartar restos de construção, poda e móveis inutilizados”, disse o chefe de fiscalização da Sesan.

Um morador da área que pediu para não ter o nome publicado por receio de represálias, contou que a ação dos carroceiros reforça um péssimo hábito dos moradores em utilizar o espaço para descartar lixo domiciliar. “Não adianta reclamar. Na última vez que tentei chamar a atenção de quem veio jogar lixo ai na esquina o cidadão me perguntou se eu era o dono da rua. E ainda me ameaçou com um facão”, relatou o morador que também pediu para não ter sua imagem revelada.

“É um trabalho que requer muito cuidado e, por isso, fazemos a fiscalização com apoio do sistema de segurança. É uma atividade ilícita trabalhar sujando a cidade, e nos deparamos algumas vezes com pessoas violentas e que resistem a entregar a carroça”, pontuou Argentino.

Também durante a operação de ontem, outro carroceiro foi flagrado descartando poda na rua Rômulo Maiorana, entre as travessas Chaco e Humaitá, no bairro do Marco. “Conseguimos fazer o flagrante quando ele fazia o segundo descarte do dia”, disse Argentino.

Quem descarta lixo e entulho na via pública e canais comete crime ambiental que prevê prisão sem direito a fiança. A autuação em flagrante é feita pela Delegacia de Meio Ambiente (Dema), com base no artigo 54 da Lei 9.605, que define pena de reclusão de até cinco anos aos responsáveis pela prática ilegal.

AÇÃO - O trabalho tem o objetivo de reduzir os locais de descarte de lixo na via pública, que representa um custo mensal de R$ 2 milhões ao município, investidos para limpar e recolher o material descartado de forma criminosa nesses 600 pontos. São mais de R$ 24 milhões por ano que não retornam em investimentos, bens ou serviços para a população.

Quem descarta lixo em local inadequado também está sujeito a penalidades previstas no Código de Posturas do Município. Além da apreensão do veículo utilizado para descarte, estão previstas multas de pouco mais de R$ 600 para quem contrata carroceiros para despejar lixo na via pública. Para o gerador dos resíduos a penalidade está prevista na Lei 12.305, que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos e determina que a destinação adequada para entulho e restos de construção é de responsabilidade de quem produz esse tipo de material.