Expedição identifica plantas ameaçadas de extinção no sudeste paraense



Em expedição ao Parque Estadual Serra dos Martírios-Andorinhas (Pesam) e à Área de Proteção Ambiental (APA) Araguaia, no sudeste paraense, técnicos do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio) fizeram o levantamento das espécies de plantas existentes nessas áreas de preservação. A expedição, iniciada no dia 24 de agosto, terminou na sexta-feira (31) identificando espécies ameaçadas de extinção.

“Queremos aprofundar o conhecimento sobre a diversidade vegetal da região. Já existe uma lista de espécies dessas Unidades de Conservação, mas é uma lista incipiente, feita com poucas expedições de coleta, além de mais antigas. Com esse projeto, pretendemos fazer uma lista mais robusta e atualizada para entender o funcionamento do Parque”, conta Aluísio Fernandes Júnior, botânico do Ideflor-bio.

O levantamento será a base de uma lista de espécies da flora ameaçadas de extinção e de um guia fotográfico de campo das famílias de plantas existentes no Pesam e na APA.

A expedição é a primeira de duas que serão realizadas no período de um ano, em parceria com pesquisadores da Universidade de Lisboa, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Amazônia Oriental. As duas visitas de campo foram programadas para estações diferentes do ano: a primeira em período de estiagem, e a segunda, que deve ocorrer no início de 2019, durante o período chuvoso.

“Coletaremos materiais botânicos de todos os grupos vegetais nesses dois períodos: os vegetais com flores, os vegetais sem flores, as briófitas e o grupo das samambaias. Esses materiais serão acondicionados em herbários, e terão a sua taxonomia estudada”, acrescenta Aluísio Júnior. 

Para a gerente de Biodiversidade do Ideflor-bio, Nívia Pereira, o projeto auxiliará a gestão das unidades de conservação estaduais e produção de conhecimentos sobre a biodiversidade paraense. “Normalmente, as pessoas dão mais ênfase à fauna por ela ser mais simpática, interagir mais, e acaba-se deixando um pouco de lado a flora. As plantas são tão importantes quanto os animais, pois elas contribuem na formação e manutenção dos ecossistemas e do ambiente, inclusive dos próprios animais. Então, é preciso preencher as lacunas de conhecimento sobre essas formas de vida”, ressalta. 

Diversidade – O Pesam e a APA Araguaia são Unidades de Conservação estaduais localizadas às proximidades do Rio Araguaia, na divisa dos estados do Pará e Tocantins. O Pesam tem uma área de quase 25 mil hectares, enquanto a APA ultrapassa 29 mil hectares. Essas UCs são reconhecidas pela riqueza de fauna e flora, pela beleza das paisagens e por algumas peculiaridades, como a interseção entre biomas.

“O Pesam encontra-se em um ecótono – uma faixa de transição – entre o bioma Amazônico e o Cerrado. Nessas áreas de interseção há sempre uma grande variedade de espécies. Além disso, no Pará não há grandes elevações. As altitudes são geralmente baixas, à exceção de algumas partes do oeste, mas na região do Araguaia as altitudes variam em torno de uns 600 a 700 metros, e isso traz uma riqueza maior de espécies vegetais às UCs do lugar”, informa Aluísio Júnior.

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