Mais da metade das cidades do Pará registraram doenças relacionadas à falta de saneamento básico




Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base em dados oficiais mostra que 75 dos 144 municípios do Pará, o correspondente a 52% das cidades, registraram doenças relacionadas à falta de saneamento básico, em 2017. Os números revelam que apenas 9% da população têm acesso à rede de coleta de esgoto, patamar bem inferior à média nacional de pouco mais de 50%. Entre as doenças com maior incidência estão diarreia, verminose, dengue, zika e chikungunya. Entre os municípios paraenses, só 42 têm plano de saneamento.

Os indicadores estão abaixo da média nacional, mas o Pará já apresenta experiências bem-sucedidas de municípios em parcerias com a iniciativa privada, que somam 12 no estado. Em Novo Progresso, a concessão já investe quatro vezes mais, por habitante, em serviços de saneamento em comparação com o que é investido no Estado. Até 2021, o setor privado prevê investimentos de R$ 113 milhões no estado.



Principais números do saneamento no Pará

Abastecimento de água
43,5%
Coleta de esgoto
9,0%
Tratamento do esgoto coletado
39,5%
Investimentos per capita - 2014-2016 (por habitante)
R$ 47,81
Municípios com Plano de Saneamento
42 de 144
Municípios com ocorrências de endemias ou epidemias
75 de 144
Existe participação privada no estado?
Sim
Em quantos municípios?
12
Previsão de investimentos privados  - 2017-20221
R$ 112,91 milhões
Fontes: SNIS (2018), CNI (2018), ABCON (2018) e IBGE Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2017




Municípios com ocorrência de endemias ou epidemias

Doença
Municípios com ocorrências
Diarreia
60
Leptospirose
8
Verminoses
52
Cólera
2
Difteria
7
Dengue
59
Zika
36
Chikungunya
36
Tifo
2
Malária
32
Hepatite
29
Febre Amarela
10
Dermatite
27
Doença do aparelho respiratório
32
Outras
13
Sem ocorrência
69 de 144
Fontes: IBGE Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2017



PRIORIDADE – Em 7 de novembro, a CNI realizará o Seminário Saneamento 2019-2022 para discutir propostas e caminhos para o Brasil dar o necessário salto em investimentos para reduzir o atraso no setor e cumprir, o quanto antes, as metas de universalização dos serviços de água e esgoto. O evento será organizado em parceria com a Associação Brasileira das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (ABCON), a Associação Brasileira das Infraestrutura e da Indústria de Base (ABDIB) e a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM).

Para as entidades, o saneamento básico precisa estar entre as prioridades do governo eleito, como agenda tanto da área de infraestrutura como de saúde pública. Nesse sentido, a ampliação de parcerias com o setor privado é fundamental para ampliar o volume de investimentos, especialmente diante das dificuldades fiscais da União e dos estados. “A experiência mostra que, nas cidades onde foram firmadas parcerias com a iniciativa privada, houve incremento relevante na cobertura e na qualidade dos serviços. Quem ganha com isso é a população”, afirma a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.

INVESTIMENTO MAIOR - A CNI considera que a gestão de companhias pelo setor privado levará mais investimentos, melhorará a qualidade da água e expandirá as redes de esgoto nas pequenas e médias cidades. Ao contrário do que vem sendo pregado por correntes contrárias à Medida Provisória 844/2018 de que a atuação do setor privado beneficiará somente grandes municípios, os números mostram o contrário. Atualmente, 72% das cidades brasileiras com companhias privadas têm até 50 mil habitantes.
Dados oficiais mostram que apenas 6% das companhias de água e esgoto do país são privadas. No entanto, elas atendem 9% da população nacional e são responsáveis por 20% dos investimentos no setor. “Essas diferenças no volume de investimentos são refletidas nos níveis de atendimento das localidades atendidas por prestadores de serviços privados, onde tanto o fornecimento de água como a coleta e tratamento de esgoto apresentam indicadores acima da média nacional”, destaca a diretora.

UNIVERSALIZAÇÃO DISTANTE – A área de saneamento básico é a mais atrasada da infraestrutura brasileira. De acordo com os dados mais atuais, apenas 51,9% da população dispõem de serviço de coleta de esgoto e menos da metade do que é produzido recebe tratamento. Segundo o estudo Saneamento Básico: Uma agenda regulatória e institucional, da CNI, para reverter esse quadro e atingir as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), o Brasil precisa ampliar em 62% os investimentos no setor, o que significa aumentar a média anual de recursos para o setor dos atuais R$ 13,6 bilhões para R$ 21,6 bilhões.

O setor produtivo aposta no aumento da participação privada na gestão de companhias de água e esgoto como o instrumento mais viável para universalizar o saneamento básico no Brasil. Nesse sentido, é fundamental que o Poder Legislativo converta em lei a MP 844/2018, que institui o novo marco legal do saneamento no país, e aprimora as normas para o setor privado operar na área de maior déficit de atendimento da infraestrutura brasileira.

CONHEÇA ESTUDOS DA CNI SOBRE SANEAMENTO 

Saneamento Básico: Uma agenda regulatória e institucional
Comparações internacionais: Uma agenda de soluções para os desafios do saneamento
Burocracia e entraves no setor de saneamento
Saneamento: Oportunidades e ações para a universalização