MPF quer ajuste de conduta para atividades da Hydro no nordeste do Pará




Uma linha de transmissão de energia e um mineroduto de 244 quilômetros de extensão que carrega polpa de bauxita, a partir da mina Miltônia 3. Essas atividades, operadas pela Norsk Hydro e pela Mineração Paragominas S.A no nordeste do Pará estão funcionando com licenças de operação vencidas desde 2014, em razão do não cumprimento da legislação e do desrespeito a direitos dos quilombolas, dentre eles os do Território Quilombola do Jambuaçu, que reúne 15 comunidades e que é atravessado pelo mineroduto e pela linha de transmissão na altura do município de Moju. Para resolver os problemas, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou à empresa, esta semana, a proposta de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC).

Para o MPF, a renovação das licenças de operação do mineroduto e da linha de transmissão não é possível enquanto a Norsk Hydro e a Mineração Paragominas S.A não cumprirem a obrigação de compensar todos os moradores de Jambuaçu pelos impactos das atividades. As negociações entre a mineradora norueguesa e os quilombolas se arrastam desde 2011, quando a Hydro concluiu a aquisição das operações da Vale S.A na região.

Até agora, a Hydro não respeitou o direito de consulta prévia, livre e informada assegurado pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e também não realizou o estudo de impactos sobre as comunidades. A situação provoca conflitos constantes com a empresa e também entre os quilombolas. No final de fevereiro, os moradores chegaram a fazer escavações para interromper o fluxo de polpa de bauxita no mineroduto, em protesto pela demora nas compensações. A situação preocupa as autoridades ambientais pelo risco de um vazamento.

O complexo de extração e transporte de bauxita da Hydro no nordeste paraense explora uma mina em Paragominas e atravessa cinco municípios (Ipixuna do Pará, Tomé-Açú, Acará, Mojú e Abaetetuba), para alimentar com matéria-prima a planta industrial da empresa em Barcarena. A operação está reduzida atualmente para metade de sua capacidade instalada, após embargo determinado pela Justiça Federal, em consequência do vazamentos de água não tratada em fevereiro de 2018. Para a região de Barcarena, a empresa já assinou um ajuste de conduta que apura os danos.

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