Avanços na medicina e informações corretas ajudam no combate ao câncer




Até os 75 anos de idade, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), 1 em cada 5 brasileiros deve desenvolver algum tipo de câncer. Estar bem informado é o primeiro passo para se prevenir, por isso são tão importantes essas ações que envolvem diversos países na luta contra a doença, como o Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, comemorado nesta segunda-feira, 8 de abril. A data foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Estar bem informado é saber como se prevenir e garantir o diagnóstico precoce, que faz toda a diferença no tratamento. O conhecimento cada vez mais qualificado dá mais esperança aos pacientes. Os avanços recentes da medicina no combate a doenças que ainda não possuem cura ou que são de difícil tratamento apontam para novas perspectivas.

No que se refere ao tratamento do câncer, o Prêmio Nobel de Medicina 2018 foi para pesquisadores que atuam no aprimoramento de uma terapia que utiliza os recursos do próprio sistema imunológico para atacar as células cancerígenas, a chamada imunoterapia. A oncologista Paula Sampaio destaca que a imunoterapia é, de fato, um dos grandes avanços registrados no campo da oncologia, já que melhora de forma considerável a eficácia do tratamento. “A imunoterapia nada mais é do que estimular o seu próprio organismo a agir contra a doença, por isso ela é menos invasiva”, ressalta. “Infelizmente, não é todo mundo que responde à imunoterapia, mas aqueles que respondem, respondem muito bem”.

De uma maneira geral, os avanços no tratamento oncológico são relacionados ao que os médicos classificam como ‘medicina personalizada’.  “Antigamente a gente usava o mesmo tratamento para todo tipo de câncer. Hoje não é mais assim. Fazemos todo um estudo de cada paciente e se conseguimos verificar que ele responde melhor a uma determinada droga e outro, mesmo que tenha o mesmo tipo de câncer, pode responder melhor a outra droga”, explica a médica.

Essa conduta não se restringe exclusivamente ao tratamento quimioterápico. Paula Sampaio destaca que houve muitos avanços na radioterapia e na cirurgia, outros meios de tratamento oncológico tradicionais. “Tivemos grandes avanços na cirurgia. Antigamente, as melhores cirurgias eram as maiores. Hoje, mudou completamente: a gente tira o mínimo que a gente pode, mantendo a mesma eficácia”.

Diante do aumento das chances de cura e da obtenção de técnicas de tratamento que proporcionam uma melhor qualidade de vida ao paciente, a oncologista reforça que as perspectivas são de um avanço cada vez mais significativo na área. “As pesquisas não param. Então, a cada mês a gente tem novos lançamentos, novas drogas e novas indicações”, aponta Paula Sampaio.

“Nos casos de doença inicial, com o diagnóstico precoce, já temos a possibilidade de cura há muitos anos. O problema é quando a doença é diagnosticada em estágios avançados. Com as pesquisas, hoje já falamos em cura de pacientes com doença disseminada. Cada vez mais, temos conseguido a cura de mais pacientes e com tratamentos cada vez menos agressivos”, comemora.

Incidência - Com cerca de 600 mil novos casos por ano estimados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para 2019, o câncer é a segunda causa de morte, por doença, na população brasileira, resultando na morte de 25 mil pessoas por ano.

A medicina reconhece mais de 200 tipos de câncer. De acordo com Atlas do Câncer, editado em 2016, a estimativa é de que em 2030 o mundo terá 22 milhões de pessoas com câncer. Os maiores índices de aumento devem ser registrados nos países da Ásia, África e América Latina, com 70% de crescimento na incidência da doença.

O INCA aponta os cinco tipos de maior incidência no Brasil (excetuando o câncer de pele não melanoma): 1) Próstata 2) Mama 3) Colo de útero 4) Traquéia, Brônquios e Pulmão 5) Colon e Reto. Juntos, esses cânceres são responsáveis por 211.580 novos casos por ano no Brasil. No Pará, os mais incidentes são próstata, mama, colo de útero e traquéia, brônquios e pulmão - responsáveis por 3.170 novos casos por ano (excetuando o câncer de pele não melanoma).

Durante o I Simpósio Amazônico de Câncer de Mama, realizado em Belém, em 2018, o oncologista Sérgio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) apresentou dados preocupantes. Enquanto a mortalidade por câncer de mama caiu 39% entre 1989 e 2015, nos Estados Unidos, a doença continua em crescimento no Brasil.

Ele lembrou que o tratamento do câncer de mama é responsável por 2/3 da redução de mortalidade, enquanto o rastreamento resulta em 1/3 da redução de mortalidade. Para melhorar esses índices, seria necessário ter registros de câncer mais completos, a fim de melhor entender as características, os tratamentos e os desfechos de câncer de mama no Brasil.

Mudanças de hábitos - A oncologista clínica Paula Sampaio ressalta que melhor do que tratar o câncer, obviamente, é não ter a doença. Por isso, antes de contar apenas com os avanços da medicina, as pessoas devem buscar a prevenção.

Mais de 30% dos cânceres são considerados evitáveis, pois possuem relação direta com o estilo de vida. A médica cita estatísticas oficiais, que comprovam os benefícios da chamada prevenção primária, que é aquela capaz de evitar o câncer. “De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 33% dos cânceres mais comuns podem ser evitados cortando o cigarro, diminuindo o consumo de álcool e adotando dietas mais saudáveis. Evitar a exposição ao sol sem proteção e o sedentarismo também são fatores fundamentais. A OMS estima que somente o abandono do hábito de fumar aumenta a proteção contra a doença em cerca de 50%”, destaca Paula.

A melhor maneira de diminuir as chances de ter câncer passa pela adoção de um estilo de vida saudável, o que significa seguir recomendações já bem conhecidas, como praticar atividades físicas e ter uma boa alimentação.

Quem se alimenta bem durante a vida toda dificilmente terá câncer de estômago. Para a prevenção do câncer de colo do útero, a vacinação contra o HPV e a prática de sexo seguro são recomendações extremamente importantes e os tumores de pulmão estão diretamente relacionados ao consumo de tabaco, que está na origem de 90% dos casos.



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